NOVA FASE DA LAVA JATO FOCA ODEBRECHT, PRENDE EXECUTIVOS E EXPANDE PARA OUTRAS ÁREAS DA ESFERA PÚBLICA

Policia FederalA Operação Lava Jato ganhou novo ritmo intenso nesta terça-feira (22), com o cumprimento de 110 novos mandados judiciais pelo País, espalhados por oito estados e pela capital nacional. As diligências, que são realizadas por cerca de 380 policiais federais, acontecem em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Piauí, Distrito Federal, Minas Gerais e Pernambuco, como parte da 26ª fase da Lava Jato, que foi batizada de “Xepa”. O foco da nova etapa das investigações são executivos da Odebrecht e doleiros envolvidos em esquemas de propinas movimentados em contas brasileiras, o que ainda não havia sido apurado no caso da empresa, até então acusada de efetuar repasses ilícitos apenas no exterior. Entre os detidos está Roberto Prisco Ramos, executivo da empreiteira que já ocupou a presidência da Odebrecht Óleo e Gás e atualmente presidia os conselhos do Estaleiro Enseada e da Odebrecht Defesa e Tecnologia.

Segundo os investigadores, a empreiteira contava com uma estrutura profissional voltada exclusivamente ao pagamento estruturado de propinas em diversas frentes, feitos de forma sistemática e envolvendo quantias que superavam R$ 60 milhões em apenas uma planilha.

De acordo com a força-tarefa da Lava-Jato, o ex-presidente da empresa Marcelo Odebrecht não apenas tinha conhecimento como atuava diretamente na coordenação do sistema, caracterizado como uma “contabilidade paralela” dentro da companhia. Os valores seriam “absolutamente expressivos”, segundo os investigadores, que apontam o executivo como responsável por solicitações de pagamentos e pela manutenção do esquema. “Chegamos a observar mais de R$ 9 milhões de um dia pro outro, em espécie”, afirmou uma das delegadas à frente da operação. Além de assinaturas com iniciais, a participação do empreiteiro foi evidenciada pela compatibilidade das planilhas descobertas com as anotações encontradas em seu celular.

O sistema de propinas teria influência em diversos setores do poder público e seria utilizado em favor da construtora, em uma operação que se estendia às diretorias de países como Argentina e Angola. A investigação não inclui agentes políticos com foro privilegiado, mas envolve a atuação de partidos, que podem ter se beneficiado dos repasses feitos pela empresa. Diante do avanço da Lava-Jato, o esquema teria sido parcialmente destruído por agentes internos da companhia, mas ainda evidencia movimentações ilícitas em trocas recentes de emails.

Além dos 67 mandados de busca e apreensão e 28 mandados de condução coercitiva, foram emitidos 14 pedidos de prisão. Até o momento, foram confirmadas apenas dez detenções, incluindo os irmãos executivos Marcelo Rodrigues e Olívio Rodrigues Júnior, ambos detidos preventivamente, que deverão ser levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Também foram alvos da operação os executivos Hilberto Mascarenhas e Luiz Eduardo da Rocha Soares, que seriam chefes do sistema; Sérgio Luiz Neves, Álvaro José Carneiro, Antônio Pessoa de Souza, Paul Alttit, Rodrigo Costa Mello, Antônio Cláudio, João Alberto Lodeiro e Isaías Chagas Santos. A etapa é um desdobramento da 23ª operação, chamada de Acarajé, ocorrida em 22 de fevereiro, quando foram presos o marqueteiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Santana e a mulher dele, Monica Moura.

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