PARA REVERTER PENÚRIA NOS ESTALEIROS, SINAVAL APRESENTA PROPOSTAS DO SETOR NAVAL AOS CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

Indústria naval brasileira sofre com a falta de grandes projetos

Indústria naval brasileira sofre com a falta de grandes projetos

Um raio X do atual momento da indústria naval brasileira mostra um cenário bastante desalentador. Dados reunidos pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) revelam o tamanho do tombo que o segmento viveu nos últimos tempos. Há 10 anos, os valores contratados de projetos nos estaleiros brasileiros somaram cerca de R$ 9,5 bilhões. Quase uma década depois, em 2021, essa cifra foi drasticamente reduzida para R$ 570 milhões – uma impressionante queda de cerca de 96%. Para tentar reverter esse quadro, o Sinaval preparou um conjunto de propostas aos candidatos à Presidência da República nas Eleições 2022. Até agora, as campanhas de Lula (PT), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) já receberam o documento. O caderno também será encaminhado aos candidatos aos governos de estados que abrigam estaleiros, como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, entre outros.

O Sinaval está aberto ao diálogo com todos os candidatos, para podermos esclarecer nossa proposta e ver a indústria naval sendo retomada novamente, gerando emprego e renda no país”, disse o vice-presidente executivo do Sinaval, Sergio Bacci. Entre as propostas apresentadas pela entidade, estão o aperfeiçoamento do sistema regulatório, legislativo e fiscal da indústria da construção naval. Outra sugestão é melhorar a política pública de preferência local nos fornecimentos de navios e plataformas de produção de petróleo.

sergio-bacciRessalte-se que os percentuais de conteúdo local acordados pela indústria brasileira com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), de 40%, não foram instituídos pelo Conselho Nacional de Política Energética, com prejuízos para a indústria naval e sua cadeia produtiva nacional”, disse o Sinaval. “É importante que sejam estabelecidas as mesmas regras para contratos futuros, garantindo, dessa forma, o crescimento do emprego nas empresas do setor no Brasil (e não nos países da Ásia), a geração de renda e mais segurança para novos investimentos”, acrescentou a entidade.

Para o Sinaval, a política de conteúdo local foi determinante para a modernização do parque industrial e toda a cadeia produtiva de bens e serviços para a indústria de óleo e gás. A entidade alega que essa política criou condições para que o Brasil investisse em uma década mais de R$ 20 bilhões via Fundo da Marinha Mercante (FMM) na construção de novos estaleiros e na modernização dos existentes. Na vigência dessa política, a indústria brasileira construiu e entregou nove plataformas com índices de nacionalização e prazos plenamente satisfatórios.

Dos 13 estaleiros de grande porte do país, a maior parte está operando abaixo da capacidade ou apenas atuando em serviços de reparos navais, de acordo com o Sinaval. Esse é o caso dos estaleiros BrasFELS (RJ) e Atlântico Sul (PE). Há outros em situação mais dramática. O estaleiro Brasa (RJ) está desativado e a sua área está sendo usada como Terminal de Uso Privativo. O único estaleiro de grande porte que tem em vista um grande projeto pela frente é o Jurong (ES), que está preparando-se para a construção do Navio de Apoio Antártico da Marinha do Brasil.

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Indústria naval já empregou mais de 80 mil pessoas no Brasil. Hoje, esse número foi reduzido para 21 mil

No caso dos estaleiros de pequeno e médio porte, o Itaguaí Construções Navais (RJ) está construindo cinco submarinos (4 convencionais e 1 com propulsão nuclear) para a Marinha do Brasil. Já o Brasil Sul (SC) está construindo 4 fragatas da Classe Tamandaré para a Marinha do Brasil. O Rio Maguari (PA) também está em plena atividade, construindo barcaças e empurradores para o agronegócio da Região Norte. Enquanto isso, estaleiros como o Rio Nave (RJ), UTC (RJ) e QGI Brasil (RS) estão sem atividades ou operando como Terminal de Uso Privativo. Dos 31 estaleiros pequenos e médios listados pelo Sinaval, a maioria (17) também está operando abaixo da capacidade ou sem atividades.

Esse recuo na atividade naval se reflete, claro, no número de empregos do setor naval. De acordo com o Sinaval, a indústria naval chegou a empregar mais de 82 mil pessoas em dezembro de 2014. Já em maio de 2022, esse número recuou para cerca de 21 mil empregados.

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