PARENTE MANTÉM MONTEIRO NA DIRETORIA FINANCEIRA DA PETROBRÁS E GERA DÚVIDAS NA INDÚSTRIA

A decisão do novo presidente da Petrobrás, Pedro Parente, de manter o diretor financeiro de Bendine, Ivan Monteiro (foto), é um sinal de que nem tudo que estava sendo feito na gestão anterior estava errado. Ainda assim, estará dormindo com o inimigo, colocado no cargo de destaque da estatal pelo Governo Dilma. A medida traz em si algumas incongruências, já que indica uma espécie de continuação da política que vinha sendo adotada e também cria uma questão de relacionamento complicada internamente.

A indicação de Parente para a presidência da empresa será apreciada pelo Conselho de Administração nesta segunda (23), e Monteiro também deve aceitar o convite do executivo para continuar no cargo. O fato leva a crer que Parente decidiu por apostar no trabalho que vinha sendo feito, com a contínua captação de recursos no exterior, principalmente da China, mesmo que isso se reflita no envio de empregos brasileiros para o território asiático.

Se para o mercado financeiro, que aprovava de alguma maneira a gestão de Monteiro, a decisão está sendo bem recebida, para a indústria a notícia segue um caminho diferente. Quando a expectativa era de que a empresa pudesse dar uma nova guinada rumo à retomada das atividades, o sinal chega junto com uma série de indagações quanto aos primeiros passos de Parente. Seria um começo com o pé esquerdo? É uma dúvida que paira nestes dias iniciais da nova gestão.

Com quase todas as obras paralisadas, a Petrobrás vem mantendo apenas as operações mais rentáveis e necessárias, como plataformas de produção e refinarias, deixando de lado grandes projetos que encontravam-se em fase de finalização, como a Rnest e o Comperj, e uma série de plataformas previstas para atuar em blocos da companhia. Além disso, houve a paralisação de muitas sondas de perfuração e o índice exploratório foi reduzido ao menor dos últimos tempos, o que deverá se refletir como um legado extremamente negativo para a estatal no futuro, já que essas atividades seriam fundamentais para garantir o aumento e a manutenção dos níveis de produção de óleo e gás nos próximos anos.

Com isso, a dívida de R$ 450 bilhões, uma das maiores do mundo, ainda assusta quem espera o reerguimento da Petrobrás, mas a escolha de Parente em relação a Monteiro aponta para a busca por novas captações e postergações dos financiamentos e dívidas.