APÓS SUCESSO NOS EUA, RADIX DÁ PRIMEIROS PASSOS RUMO AO MERCADO EUROPEU

Por Bruno Viggiano (bruno@petronoticias.com.br) –

luiz rubiaoA decisão de abrir uma empresa nos Estados Unidos tem se mostrado acertada para a Radix, que já está colhendo os frutos da experiência. O processo foi bastante estudado e hoje o ritmo de negócios começa a crescer, com possibilidades além do mercado de óleo e gás. O bom momento fez o presidente da empresa, Luiz Rubião, vislumbrar novas possibilidades, como o mercado europeu. Os primeiros movimentos já estão sendo realizados, como a participação em um edital desenvolvido pelo Conselho Norueguês, em parceria com a Finep, para o desenvolvimento de tecnologias para o setor de petróleo entre empresas brasileiras e norueguesas. Apesar desse projeto, quando traça suas metas para o velho continente, Rubião vê boas possibilidades para outros setores, como as áreas de Alimentos e Química. Enquanto os negócios no exterior vão se desenrolando, no Brasil alguns projetos estão sendo conquistados, como o acompanhamento da operação da Unidade de Operações Rio de Janeiro (UO-Rio) da Petrobrás. Esse tipo de serviço é um exemplo do momento que vive a indústria, que busca maneiras de tornar mais eficientes plantas antigas. “Nós estamos com cada vez mais projetos de brownfield, os empreendimentos mais antigos que passam por um processo de otimização para aumento da operação dessas unidades existentes”, conta o executivo.

Como está sendo a experiência da Radix com o mercado internacional?

Nós iniciamos esse processo de expansão ainda em 2013, com a Radix US (Estados Unidos) e hoje posso dizer que passamos nossa fase inicial e já estamos em ritmo de crescimento. Os resultados têm sido bons e estamos investindo bastante na empresa. Recentemente mandamos um dos nossos sócios, o Flávio Guimarães, para morar em Houston (Texas), na função de CEO da Radix US. Além dele, contratamos um especialista do mercado americano, Richard Frogge, com mais de 30 anos na indústria, trabalhando na parte de vendas. A equipe que trabalha na empresa foi aumentada recentemente, com metade trabalhando na execução de projetos, muitas vezes em cooperação com o Brasil, e a outra metade na área de vendas. De brasileiro, apenas o Flávio. Lá também estamos lidando com uma crise por conta do baixo barril do petróleo, mas isso acabou trazendo muitos problemas para o upstream, com um resultado não tão ruim para downstream. Temos tido uma penetração muito boa em mercados diversos, além da área de óleo e gás. São clientes preocupados com inteligência operacional, com o desenvolvimento de softwares capazes de ajudar a gerenciar frota de máquinas, muitas delas caras, que lidam com insumos caros. Nós temos uma solução para gerenciar e fazer avaliações sobre o desempenho individual de cada um dos equipamentos, o todo como um coletivo e outras possibilidades, com toda essa compilação de dados enviada para centros de controle. Algumas boas possibilidades vêm surgindo na área de mineração, que não é nosso foco principal, mas também não é um serviço que vamos negar.

Quais os mercados mais interessantes para a empresa?

A abertura de uma empresa nos Estados Unidos foi algo bem estudado, que já vinha sendo testada com alguns projetos desenvolvidos no México, Nicaraguá, para uma empresa angolana no Brasil, e Venezuela. Alguns deles foram em parceria com empresas brasileiras e outros realizados por conta própria. A ideia de ir para o mercado norte americano começou por volta de 2011, por conta de uma análise da força daquele mercado, e se mostrou um “bom chute”, porque podemos ver que ele se recupera mesmo com um preço baixo do óleo. O momento nos faz pensar em investir também na Europa, com um plano já traçado, mas isso é para quando a operação americana estiver em um estágio de progredir sozinho, não é algo para esse ano. Entretanto, é uma possibilidade para 2017, com a boa curva de business que está sendo observada, em uma operação mais estável na Radix US.

Há algum foco na específico na Europa?

Ainda estamos desenhando esse projeto, mas dificilmente será algo focado no mercado de óleo e gás. Será uma atuação mais ampla, que ainda vai ser decidida em cima do que for observado nos ensaios que planejamos realizar. É um processo semelhante ao que foi realizado antes de irmos para os Estaodos Unidos, com uma rodada de visitas, muitas conversas, uma checagem de mercado e coisas do tipo. Na Europa, o dever de casa tem que ser ainda mais bem feito. Hoje, posso dizer pelo que já ouvi e pude observar que os setores de Alimentos e Química são interessantes.

Como é feita a ponte entre a empresa nacional e a estrangeira?

Existem diversas iniciativas promovidas por governos, instituições que representam países, como workshops, rodadas de negócios, eventos dos mais diversos. A Radix procura sempre participar quando há oportunidade. Em junho do ano passado, por exemplo, participamos de um congresso do NFTC (National Foreign Trade Council), conselho que trata de comércio exterior nos Estados Unidos, em uma palestra em Nova York, voltado para a questão de Recursos Humanos. Na última semana, em Houston, estivemos em outro evento da NFTC, com empresas do mercado de óleo e gás, e estamos com o objetivo de nos filiarmos a essa inciativa, que pode propiciar contatos com empresas variadas, como Pepsico, Walmart, além de todas as petroleiras de Houston. Estar presente neste tipo de evento faz toda diferença, quando começamos a fazer parte de uma comunidade, mostrando disposição para negócios. Agora nós estamos passando por um processo de aproximação com a Noruega, com um evento recente em que participamos, falando sobre compliance. Essa é uma questão que se torna cada vez mais importante no país e temos que mostrar que tivemos um problema e estamos tentando resolver. O Conselho Norueguês está com um edital aberto para empresas brasileiras, realizado em parceria com a Finep, voltado para o setor de óleo e gás, com o objetivo de aproximar empresas brasileiras e norueguesas para desenvolverem tecnologias em conjunto.

A Radix está participando deste edital?

Estamos com uma iniciativa inscrita no edital, mas esse projeto ainda está como sigilo de negócio. Posso dizer que é algo voltado para o setor de óleo e gás, com uma empresa norueguesa, cumprindo com as exigências do processo, mas ainda estamos em um processo seletivo, ainda iremos apresentar para a banca julgadora.

A Radix planeja participar de eventos internacionais neste ano?

Já temos toda uma programação para todo o ano, com eventos fora do país incluídos. Na primeira semana de abril estaremos em uma feira da OFI, organizada para empresas parcerias como a Radix e clientes. Na OTC de Houston, também estamos confirmados, com um estande da Radix no pavilhão Brasil e outro da Radix US na feira.

A empresa irá participar da Rio Oil & Gas deste ano? Quais as expectativas?

Nossa participação já está confirmada. Muitas empresas estão na dúvida sobre sua participação no evento, mas nossa mensagem tem que ser passada e estaremos na feira. Sabemos que é uma época difícil, que passamos por uma crise, mas estamos determinados a encarar o adverso, mostrando que é um momento passageiro, e para isso temos que mostrar nossa força e participar da Rio Oil & Gas.

Quais atitudes os empresários do setor devem tomar para a retomada dos negócios no setor de petróleo?

Várias coisas podem ser feitas. A indústria vinha em um certo ritmo, talvez um pouco exagerado, incompatível com as possibilidades como sociedade, como grupo humano, empresarial, o Brasil como um todo. Talvez tivesse sido melhor se fosse feito em outro ritmo, com um pouco mais de consistência, calma, pensando em algo perene para o depois. Hoje, os problemas que ficam são de atrasos, um sucesso não consolidado do ponto de vista técnico. Nesse cenário, a fuga do país não é uma solução, é preciso dessa atitude, que empresários reconheçam que erros foram cometidos, mas que temos condições de nos levantar. É um processo de aprendizado, com a indústria nacional passando por uma experiência que ainda não tinha experimentado.

O momento político conturbado atrapalha o ritmo de negócios?

Atrapalha muito o ambiente de negócios, porque o momento ruim faz com que as pessoas fiquem muito focadas nisso, preocupadas com a situação, mas o ritmo de negócios não está sendo afetado. O mais importante é que o foco seja outro, sem a necessidade de que toda essa situação tenha um desfecho. É importante que se procurem maneiras de exportar, expandir negócios, explorar mercados estrangeiros. Muitas empresas nacionais, de grande qualidade, competentes, sofreram com o momento vivido, mas todas têm condições de se reerguer, com vendas fora do país, gerando empregos novamente.

Qual o principal foco para a Radix neste ano?

Desde 2014, nós passamos por uma expansão de áreas de negócios. Uma das coisas que mais mudaram dentro da empresa foi a forma de se organizar, pensando em diferentes mercados. Hoje temos grupos de óleo e gás, outro de metais e mineração, além de outros serviços voltados para entretenimento e setor financeiro. Cada um desses grupos desenvolve seus mercados, mas a área de análise de dados é algo visto cada vez mais com atenção por nós. Essa é uma área com atuação muito diferente do setor de óleo e gás, com um exemplo no Museu do Amanhã, onde desenvolvemos uma solução para compilar dados sobre a experiência do visitante.

Qual foco no setor de óleo e gás?

Nós estamos com cada vez mais projetos de brownfield, os empreendimentos mais antigos que passam por um processo de otimização para aumento da operação dessas unidades existentes. Antes, vínhamos desenvolvendo muitos projetos de greenfield, novas estruturas que o momento permitia serem criadas. A diferença é que os trabalhos eram feitos desde a estaca zero, enquanto hoje assumimos plantas que têm necessidades específicas a serem resolvidas.

Algum contrato foi fechado recentemente pela empresa no setor de óleo e gás nacional?

Sim, nós vencemos um edital para a Unidade de Operações Rio de Janeiro (UO-Rio), para acompanhar a operação. Esse é mais um caso de trabalho de brownfield que estamos desenvolvendo no momento. Alguns projetos menores continuam sendo tocados dentro do mercado e estamos participando dessas disputas.

 

 

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