PETROBRÁS AMPLIA RECURSOS PARA NOVOS DESENVOLVIMENTOS E BUSCA SOLUÇÃO DEFINITIVA CONTRA CORROSÃO POR CO2
A fatia destinada pela Petrobrás para o desenvolvimento de novos projetos de produção na costa brasileira teve um crescimento de 24,5% em seu recém anunciado Plano Estratégico 2022-2025. Essa revisão para cima do valor aconteceu, principalmente, por conta da desistência da Petrobrás de vender o Polo Marlim e pela estratégia de voltar a contratar plataformas próprias. Esses e outros detalhes foram explicados pelo diretor de desenvolvimento da produção da companhia, João Henrique Rittershaussen. Durante evento com investidores, o executivo falou sobre os novos projetos de FPSOs e os planos para as áreas de Búzios, Mero e Sergipe-Alagoas. Rittershaussen também falou que a Petrobrás já conseguiu reduzir em 35% as perdas de produção por conta da corrosão por CO2 em seus dutos flexíveis. A companhia ainda está em contato com fornecedores para desenvolver novas linhas que sejam imunes a esse fenômeno. Veja abaixo os principais pontos da fala do diretor durante o evento:
Qual será o volume de recursos aplicados no desenvolvimento de produção da companhia?
Estamos aumentando os investimentos, que eram da ordem de US$ 46,5 bilhões, para US$ 57,3 bilhões. Esse aumento de CAPEX foi parcialmente impactado negativamente pela desvalorização do real e a manifestação da nossa parceira CNOOC em adquirir uma parcela adicional de 5% do campo de Búzios.
Por outro lado, como motivos de incremento do valor, pode destacar-se a revisão da estratégia de contratação de três unidades de Búzios, que antes eram afretadas e passaram a ser unidades próprias. Além disso, repriorizamos alguns projetos e retiramos Marlim da carteira de desinvestimentos. Vale também frisar que estamos reservando um investimento para recuperação de backlog, em função de termos trabalhado um longo tempo nas unidades com o POB (people on board) reduzido. Agora, pretendemos retomar os investimentos que serão necessários nas plataformas.
Todas essas revisões e alterações nos investimentos estão alinhadas com a estratégia do segmento de exploração e produção e são pautadas sempre no critério rígido de geração de valor.
Como está a situação em relação à contratação de novas plataformas?
Nós continuamos sendo líderes em investimentos nesse tipo de unidade. Quando consideramos o mercado mundial de FPSOs, cerca de 50% dos novos navios-plataformas que entrarão em operação nos próximos cinco anos serão da Petrobrás. Dos 15 FPSOs previstos pela Petrobrás nos próximos cinco anos, 12 estão no pré-sal e três no pós-sal.
Todos os FPSOs que entrarão em operação até 2025 já estão contratados. Temos apenas três unidades em contratação nesse horizonte – SEAP1, Búzios 9 e 10. A unidade SEAP1 está em contratação e o processo deve ser um BOP. Em relação aos FPSOs Búzios 9 e 10, temos os processos na rua, no modelo EPC.
Um dos grandes desafios da produção no pré-sal é a corrosão causada por CO2. Como a empresa está lidando com isso?
Outro assunto ao qual estamos dando muita atenção é o programa de gerenciamento de integridade dos dutos suscetíveis à corrosão por CO2. Estamos tendo resultados muito positivos, conseguindo minimizar o impacto dessa ocorrência. Dentro dos controles sobre esse fenômeno, nós podemos destacar o refinamento dos nossos modelos de engenharia. Estamos com um conhecimento muito mais aprofundado sobre como o fenômeno ocorre e das medidas de mitigação necessárias.
Também desenvolvemos novas tecnologias de inspeção, que viabilizam uma grande redução dos custos navais para a manutenção da produção. Como resultado, alcançamos uma redução de 35% nas perdas de produção em relação ao volume inicialmente previsto para 2021.
A Petrobrás continua buscando uma solução definitiva para esse problema e temos processos em andamento para aumentar a base de fornecedores de ferramentas de inspeção. A companhia investe ainda pesadamente no desenvolvimento de novos dutos que sejam imunes à atuação do CO2.
Quais são os planos para o campo de Búzios?
Para Búzios, está previsto um CAPEX de US$ 23 bilhões até 2026. Hoje, o campo já tem quatro unidades em operação. Até 2026, vamos colocar mais seis unidades em atividade. Conseguimos atingir o patamar de 600 mil barris por dia em Búzios em menos de seis anos. A nossa expectativa é que até 2026 alcancemos uma capacidade instalada de 1,7 milhão de barris por dia.
E quanto ao campo de Mero? O que virá pela frente?
O campo de Mero é outro grande desenvolvimento da Petrobrás. Serão quatro unidades de produção na área. Todos esses FPSOs já estão em construção. Inclusive, o FPSO Guanabara (Mero 1) sairá de Dubai até o final de novembro rumo ao Brasil.
Em Mero, testaremos uma tecnologia inovadora, o HISEP, que permitirá separar o CO2 no leito submarino e injetá-lo de volta ao reservatório, tendo um potencial para ampliar a produção e a eficiência da unidade. Mantendo o gás no fundo do mar, será possível aumentar a quantidade de óleo extraído, sem fazer um investimento extra no topside da unidade.
Outro projeto que desperta muita atenção é o de Sergipe-Alagoas. Quais são os planos para a área?
O projeto de Sergipe-Alagoas Águas Profundas (SEAP 1) está previsto para entrar em operação no ano de 2026. Assim, viabilizaremos uma nova fronteira de desenvolvimento da produção. Sergipe-Alagoas tem um óleo de excelente qualidade, sem contaminantes. Mas nem tudo é fácil. Nesses reservatórios, temos lâmina d’água acima de 2.400 metros. Será preciso um novo desenvolvimento tecnológico para implantar esse projeto.
O FPSO de SEAP 1 já está em fase de contratação. Para esse projeto, estamos usando um novo modelo de contratação – o BOP (Built Operate and Transfer). A Petrobrás também já está em fase de planejamento para o FPSO SEAP 2, cujo primeiro óleo está fora do horizonte do Plano Estratégico 2022-2026.
Por fim, poderia falar também dos projetos de ampliação de capacidade de escoamento de gás?
A Petrobrás está aumentando sua capacidade de escoamento de gás natural e da produção de diesel S10. No pré-sal, com a entrada da Rota 3, esperamos um incremento da capacidade de tratamento de gás da ordem de 21 milhões de metros cúbicos por dia. O início de operação desse projeto acontecerá no próximo ano.
Para Sergipe-Alagoas, além do sistema de produção, teremos também uma rede de escoamento de gás com capacidade de 18 milhões de metros cúbicos por dia, atendendo à capacidade de escoamento das unidades SEAP 1 e SEAP 2.
Deixe seu comentário