PETROBRÁS INDICA QUE CONTEÚDO LOCAL VAI PASSAR POR MUDANÇAS

5ca4e568490d14f1e39db696c34993c3-tarjaHOUSTON – O mercado do petróleo no Brasil terá um novo cenário nos próximos dias. O anuncio foi feito hoje em Houston na palestra do Coordenador do Prominp, Paulo Alonso, principal assessor do presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine. A maior preocupação da companhia com as obras será com prazo e qualidade. Alonso fez um anúncio velado de que haverá mudança na política de conteúdo nacional que está sendo praticada até agora. Por pressão das grandes operadoras internacionais e da própria Petrobrás, a Agência Nacional do Petróleo deve anunciar nos próximos dias a mudança oficial dos índices estabelecidos. Provavelmente o anuncio será feito ainda nesta semana. A diretora-geral da Agência, Magda Chambriard, já chegou a Houston e vai participar de um café da manha da Bratecc na quarta-feira (6). O que se sabe é que os índices da construção dos FPSOs serão reduzidos consideravelmente.

Tudo está sendo articulado para que o novo Plano de Negócios da estatal, anunciado pelo presidente Aldemir Bendine, já contemple todas as mudanças. Seguramente esta informação vai bater como uma bomba em toda cadeia de negócios das empresas brasileiras. Depois de estarem sofrendo há mais de um ano com os atrasos dos pagamentos da Petrobrás, e também em consequência da quase total paralisação do mercado pelas investigações da Lava Jato, ainda sofrem com mais este desestímulo. É como se fosse uma faca nas costas.

Paulo Alonso não vê desta forma:

“Não. Não é uma facada nas costas. Mas uma adequação de um novo cenário. A ANP ainda não anunciou, mas está vendo com bons olhos esta ponderação que não é só da Petrobrás, mas de todas as operadoras.

O convite às empresas americanas foi feito para irem para o Brasil ou se associarem às empresas brasileiras. Nós listamos uma série de equipamentos e convidamos as empresas fornecedoras para que venham para o Brasil. Mas nenhum dos componentes que apresentei têm alguma empresa produzindo. São equipamentos e peças que não são produzidos no Brasil”.

O cenário apresentado por Alonso do mercado brasileiro é bastante promissor. E acredita que as exigências de QSMS que a Petrobrás faz aos seus fornecedores não sejam um impedimento para a instalação de empresas estrangeiras. Essas exigências encarecem demais o preço do produto que reflete na produtividade das obras. Há exemplos curiosos, como a ordem de parar a instalação de uma sonda porque não tinha tapioca no café da manhã, em uma obra no Rio Grande do Norte, e até mesmo a quase multa a um fornecedor porque a temperatura do arroz que era servido no almoço estava dois graus celsius abaixo do que era recomendado.

“Todas as empresas terão que se adequar às exigências que a Petrobrás faz. Seja ela brasileira ou estrangeira.”

A preocupação da Petrobrás passará a ser com prazo e qualidade, disse Paulo Alonso em sua palestra.

Além disso, o assessor da estatal fez quase um apelo para que as empresas americanas participem do esforço da Petrobrás em aumentar a produção. Foi bem recebido por algumas empresas americanas que estavam presentes, mas bastante criticado por quase todos representantes de empresas brasileiras que vieram em busca de novos ares.

“A Petrobras chutou o balde”, disse um deles, que não quis se identificar.

Um outro, também pedindo reservas, disse que se estas mudanças já não tivessem sido acordadas pelo governo e a ANP, Alonso já voltaria demitido para o Brasil. “Se ele fez esse discurso, é porque tudo já está acertado”, disse o executivo.

Pelo menos tanto Alonso quanto Ronaldo Martins, gerente de Desenvolvimento de Mercado da Petrobrás, não mentiram. Preveniram todas das dificuldades de se fazer o cadastro na Petrobras e também as dificuldades que as empresas estrangeiras teriam que enfrentar para superar o complexo sistema tributário brasileiro.

Após a publicação da reportagem, a Petrobrás procurou o Petronotícias pedindo que incluíssemos um posicionamento da empresa no texto. Segue o comunicado da estatal abaixo:

“- Em momento algum o coordenador do Prominp, Paulo Alonso, fez qualquer tipo de “anúncio velado de que haverá mudança na política de conteúdo nacional que está sendo praticada até agora”, como afirma o texto.

– É importante também esclarecer que sobre o trecho em que uma fonte da revista diz que “se ele fez esse discurso é porque tudo já esta acertado disse o executivo”, o coordenador do Prominp, Paulo Alonso, afirma desconhecer qualquer tipo de “acerto” do gênero. 

– A companhia repudia o uso do termo “faca nas costas” utilizado de forma pejorativa e incorreta pelo jornalista. Conforme esclarecido pelo próprio Paulo Alonso na matéria, “os possíveis ajustes seriam uma adequação a um novo cenário”. A Petrobras desconhece fatos que o repórter cita como “parar a instalação de uma sonda porque não tinha café da manhã e exigências de multa a um fornecedor porque a temperatura do arroz que era servido no almoço estaria dois graus celsius abaixo do que era recomendado“. Não é verdadeira e o coordenador do Prominp nunca afirmou que “as exigências de QSMS que a Petrobras faz aos seus fornecedores sejam um impedimento para a instalação de empresas estrangeiras.”

– Por último, sobre a afirmação de que”pelo menos tanto Alonso quanto Ronaldo Martins, gerente de Desenvolvimento de Mercado da Petrobrás, não mentiram. Preveniram todas das dificuldades de se fazer o cadastro na Petrobras e também as dificuldades que as empresas estrangeiras teriam que enfrentar para superar o complexo sistema tributário brasileiro”, a companhia esclarece que os executivos reconheceram que há dificuldades a serem vencidas por empresas estrangeiras que pretendem se estabelecer no Brasil, como, por exemplo, a familiarização com a cadeia de suprimento e o conhecimento da legislação tributaria brasileira. Porém, eles ressaltaram que esse problemas podem ser atenuados, buscando-se o suporte do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Um exemplo é a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), do próprio Ministério, que possui publicações voltadas especificamente para empresas estrangeiras que queiram se instalar no país.

– Em relação à política de conteúdo nacional, o texto afirma que é certa a redução dos índices na construção de FPSOs. Mais uma vez, o coordenador do Prominp, Paulo Alonso, ressalta que em momento algum de sua apresentação ou em entrevistas fez menção a redução de índices de conteúdo nacional na construção de FPSOs”.

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Assis PereiraPWD Projetosarmando cavanha Recent comment authors
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“Alonso não chuta o balde”
Fiquei desapontado com a forma com que o repórter analisou o assunto tema da palestra do Alonso. Tentou denegrir a figura de um dos mais ilustres representantes dos profissionais honestos da Petrobras. Mas não conseguiria.
Não é o Alonso o causador da crise do conteúdo local, mas sim um país de centralização exacerbada e complexo.
Ninguém fez tanto conteúdo local como a Petrobras.
Um pouco mais de cuidado com as pessoas, o debate deve ser no campo das idéias.

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[…] informação sobre a iminente mudança nos índices de conteúdo nacional que está por vir. O assessor do presidente da Petrobrás, Paulo Alonso, realmente indicou, em seu convite – quase ap…e que haveria mudanças na política de conteúdo nacional. Uma informação confirmada pelo […]

Assis Pereira
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Assis Pereira

SUSTENTABILIDADE DO CONTEÚDO NACIONAL Por Assis Pereira / Engenheiro e consultor da Petrobrás O conteúdo nacional nas plataformas da Petrobras em suas instalações offshore, assim como nos grandes empreendimentos onshore, nas cinco refinarias em construção, não vem funcionado de maneira eficiente. Na prática, possui mais conteúdo político e não vem alcançando o verdadeiro propósito que seria de se esperar deste importante programa nascido com a então ministra Dilma Rousseff, quando da sua passagem pela Casa Civil da Presidência da República, em ação conjunta com Graça Foster, que lhes concedeu projeção política no governo Lula a ponto de tornarem-se hoje, respectivamente,… Read more »