PETROBRÁS MULTA E RESCINDE CONTRATO DA MÉTODO ENGENHARIA NAS OBRAS DA REFINARIA PRESIDENTE BERNARDES

refinariaNo dia 27 de janeiro de 2021, ainda sob a administração do ex-presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, demitido pelo Presidente Bolsonaro,  a companhia mudou a forma de remunerar seus fornecedores. Os pagamentos às empresas eram feitos a cada 30 dias e passou a ser a ser para impressionantes 90 dias, sem correção. Já na época o Petronotícias disse que a decisão de Castello Branco seria um  “Tiro na Nuca das empresas que prestassem serviço para a Petrobrás.” Seja para prestação de serviços ou venda de produtos e equipamentos. Para as empresas que prestam serviço, a coisa é ainda pior, porque para emitir uma nota fiscal ela precisa ter trabalhado pelo menos por 30 dias. Só assim, podem fazer a medição. E aí terão que esperar mais 90 dias para receber. Ou seja: na verdade, terão que aguardar 120 dias. Foi uma espécie de pré-seleção das empresas que seriam beneficiadas em detrimento de outras. As que estivessem capitalizadas (a maior parte estrangeira), poderiam, talvez, suportar.  Não houve qualquer comunicação oficial, apenas uma inclusão dessa cláusula nas licitações lançadas desde o final dezembro do ano passado.

gaslubO resultado não podia ser outro. E não foi apenas um tiro na nuca. Foi um na nuca e outro coração. A empresa que arriscou, mesmo diante desse grave risco, por absoluta necessidade para manter seu quadro de profissionais operando, deu com os burros n’água. Quem apostou, perdeu. Ou entregaram as obras, ou levaram prejuízos para casa,  deixando um passivo trabalhista imenso, além de dívidas com os fornecedores dela.  Daí para a bancarrota, era apenas um passo curto.  É o caso por exemplo da tradicional empresa Método Engenharia. No dia 5 de novembro, de acordo com um documento que o Petronotícias teve  acesso, a Petrobrás simplesmente  rescindiu o contrato de construção e montagem mecânica, civil e elétrica e instrumentação para implantação de projetos de melhorias e manutenção nas instalações da Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão (RPBC e CBT).

refinaria 1A carta  de comunicação da rescisão do contrato, foi assinada pelo Gerente Geral da UN RPBC, Wagner Felício de Oliveira. Ele aponta  a aplicação de uma multa contratual contra a Método Engenharia, depois que a fiscalização identificou atraso nas obras, falta de material, atraso no sistema de drenagem do laboratório e deflagração de greve por falta de pagamento de salários. Alguém teria alguma dúvida que isso aconteceria? A empresa ainda tentou um aditivo ao seu contrato. O resultado de obras paralisadas pelo caminho é uma rotina. Parece a Petrobrás trabalhando contra a própria Petrobrás. Repete-se sistematicamente. E a coisa ainda torna-se ainda mais perigosa para o funcionamento da estatal, porque é a mesma Método Engenharia, a empresa sócia da chinesa Kerui, na obra de conclusão da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) do antigo Comperj (Polo Gaslub Itaboraí), que irá tratar do gás que vem do pré-sal. Lá, como em São Paulo, a Método passa pelas mesmas dificuldades. Há quem diga no mercado que esta pode ter sido a pá de cal na empresa, que estava passando por muitas dificuldades. Mais um resultado da política imposta pelo ex-presidente Roberto Castello Branco. Um detalhe de seu legado para a Petrobrás.

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Presidente da Petrobrás, Joaquim Silva e Luna

O mais estranho é que, mesmo com a chegada do General Silva e Luna, que criou uma expectativa de melhoria na relação entre a estatal e seus fornecedores, todos os problemas persistiram. Mudanças na administração, só mesmo a volta dos principais funcionários aos escritórios. Nada aparente, principalmente nessa relação com os seus fornecedores. A arrogância e a prepotência da gigante Petrobrás com seus fornecedores é a mesma. Quer, quer, não quer, deixa. Nem a política de preços que poderia ser amenizada, teve qualquer alteração. Pelo menos a aparição de uma alternativa por parte da empresa.  Segue tudo como antes no quartel de Abrantes.  A grande expectativa da repetição de uma administração vitoriosa, como a que foi feita em Itaipu Binacional, transformou-se em grande decepção para as empresas fornecedoras brasileiras. Mudou zero. Com certeza, uma decepção. Menos uma grande empresa de engenharia no mercado.

Quando lançou essa política no início do ano, ouvida pelo Petronotícias, a Petrobrás justificou sua decisão afirmando que se “tratava de uma medida de resiliência em resposta à crise atual que impôs uma grande necessidade de adaptação da companhia”. A companhia seguiu dizendo que: “A medida abrangerá menos de 2% do total de novos contratos e não inclui pequenas e médias empresas. No fornecimento de bens de capital que possuem prazos de construção multianuais e desembolsos intensivos, a Petrobrás vem dialogando com instituições financeiras e associações de empresas em busca de soluções. O objetivo é manter a competitividade e a sustentabilidade da cadeia de fornecimento no longo prazo”. Será que menos de 2% desses contratos seriam mesmo capazes de sacudir a empresa pelo pescoço e deixá-la em risco?

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O ex-presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco

O Petronotícias teve informações que a Petrobrás está procurando uma outra empresa para assumir a obra. Curioso, porque a Método foi a quinta colocada na licitação. Neste momento, o que se sabe é que a estatal negocia com Oengenharia,  que ficou com 8º preço. As quatro primeiras colocadas não aceitaram fazer a obra pelo fluxo de caixa negativo e pelo prazo de recebimento, por isso a Método foi escolhida. Vejam como foi o resultado:

1º Pratica – R$ 140.279.688,06

2º LDM – R$ 174.775,729,05

3º BENGE – R$ 175.533.883,80

4º Hábil – R$ 177.787.288,19

5º Método – R$ 179.198.298,41

6º Kamov – R$ 184..379.022,51

7º Quality – R$ 187.411.641,50

8º – Oengenharia – R$ 187.686.419,61

9º- Heftos –  R$ 192.929,323,27

10º Perdigas – R$ 195.688.164,16

11º- LCD – R$ 196.046.181.68

12º – MIPE- R$ 208.471.495,59

13º Estrutural – R$ 210.177.342,17

O Petronotícias procurou a Método, mas seus telefones não atendem. Apenas uma gravação informando sobre o trabalho em home office. Os nossos e-mails ainda não foram respondidos. A Petrobrás prometeu para hoje (19) um posicionamento.

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