PETROBRÁS SE REÚNE COM GREVISTAS NESTA SEGUNDA PARA TENTAR ACORDO
A direção da Petrobrás e os representantes dos grevistas se reúnem nesta segunda-feira (9) em busca de um acordo para o fim das paralisações, que vêm afetando a produção da estatal nos últimos dias. É uma queda de braço difícil de resolver, porque os sindicatos e as federações dos petroleiros, mesmo com divergências internas, têm se unido por todo o país para pressionar a companhia a desistir do plano de venda de ativos, orçado em US$ 57,7 bilhões até 2019. Já a cúpula da Petrobrás acredita que o movimento deve perder força nos próximos dias e não tem demonstrado sinais de que vá voltar atrás, ainda mais levando-se em conta que a dívida da empresa estava em US$ 134 bilhões no último balanço divulgado.
A Federação Única dos Petroleiros, que também está na reunião, reclamou da postura de gerentes da Petrobrás, alegando que eles vêm mandando mensagens diretas para os subordinados, inclusive com telegramas para suas casas, convocando todos para a retomada dos trabalhos, o que a entidade classificou como “assédio moral e violação ao direito constitucional de greve”. Além disso, afirmou em nota aos trabalhadores que a reunião desta segunda-feira com a Petrobrás não altera os rumos do movimento:
“Pelo contrário: a negociação com a empresa só avançará se os trabalhadores tiverem uma correlação de forças a seu favor. A categoria, portanto, deve permanecer em alerta, acompanhando as convocações e indicativos da FUP e dos nossos sindicatos. Sigamos fortes em nossa greve”, escreveu a entidade.
A Federação Nacional dos Petroleiros, que exerce papel paralelo ao da FUP, porém com algumas divergências, também seguiu na mesma linha, dizendo-se disposta a sentar com a Petrobrás para negociar, mas sem reduzir o ritmo das paralisações.
“Muito importante que a categoria não só mantenha a mobilização, mas que a intensifique. Só a luta será capaz de fazer a empresa recuar nos ataques aos direitos da categoria e ao nosso patrimônio”, afirmou a FNP.
PRÉ-SAL NÃO FOI AFETADO
No último balanço da queda da produção gerada com a greve, divulgado na sexta-feira (6) passada, a Petrobrás afirmou que tinha conseguido reduzir o impacto das paralisações mais uma vez, registrando uma perda de 115 mil barris de petróleo naquele dia, ante 127 mil na quinta (5), 134 mil na quarta (5), 178 mil na terça (3) e 273 mil na segunda (2). Os números referentes ao final de semana ainda não foram comunicados.
Segundo a FUP, no último balanço da greve, as paralisações tinham atingido 48 plataformas na Bacia de Campos, representando 25% do total da produção da Petrobrás no Brasil, além de outras plataformas no Espírito Santo, no Rio Grande do Norte, no Ceará e na Bahia. As refinarias afetadas, segundo a federação, eram 11: Reman, Clara Camarão, Lubnor, Abreu e Lima, Rlam, Reduc, Regap, Replan, Recap, Repar e Refap.
No entanto, até agora a produção do pré-sal permanece inalterada. Dos cerca de 828 mil barris de petróleo que vinham sendo produzidos diariamente no último relatório divulgado, nenhum deixou de ser produzido por conta da greve até o momento. A razão é que as plataformas em operação na região são de empresas estrangeiras e os contratos de afretamento são atrelados aos dias de operação. Ou seja, caso parem, as companhias deixam de receber os valores acordados, que giram na casa das centenas de milhares de dólares por dia. Além disso, os trabalhadores dessas plataformas não seriam sindicalizados ou vinculados às federações de petroleiros, o que dificulta ainda mais ao alcance das entidades sobre eles.
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