PRESIDENTE DA ELETRONUCLEAR DEFENDE A POSSIBILIDADE DO USO DA FONTE NUCLEAR EM PROJETOS DE ÓLEO E GÁS EM ÁGUAS PROFUNDAS

18-01-Leonam-editado-2A fonte nuclear tem um potencial que vai muito além da geração de eletricidade, podendo ser aplicada até mesmo em projetos de exploração e produção de óleo e gás em águas profundas. A afirmação é do presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães, que participou na manhã de hoje (27) de um dos painéis de debates da conferência virtual Nuclear Trade & Technology Exchange (NT2E). Para o executivo, existe uma possibilidade de crescimento da aplicação nuclear no setor de óleo e gás, especialmente na parte subsea, trazendo novos horizontes e possibilidades para empreendimentos da camada do pré-sal.

“No caso específico do pré-sal, o óleo dessa camada tem um teor grande de CO2. Esse dióxido de carbono tem que ser retirado e reinjetado no poço. Atualmente, o CO2 vai até à plataforma, é retirado do óleo e depois reinjetado no poço”, explicou Guimarães. “Ora, se pudéssemos fazer essa retirada de CO2 e sua reinjeção na boca do poço, seria um ganho enorme para a indústria. Mas como fazer isso? Somente com a energia nuclear, que é adaptada para gerar eletricidade ou calor industrial em grandes profundidades, na ausência do ar atmosférico”, acrescentou o presidente da Eletronuclear.

Durante sua apresentação na NT2E, Leonam focou sua fala sobre as possíveis aplicações da tecnologia para além da geração de eletricidade. O executivo não chegou a mencionar sobre o resultado recém-anunciado da licitação para as obras do caminho crítico de Angra 3. Atualmente, o processo está em fase de recebimento de recursos por partes das licitantes. Conforme o Petronotícias informou, o consórcio que apresentou a melhor proposta não possui experiência em obras do setor nuclear. Além disso, umas das empresas, a Ferreira Guedes, tem um caso inquietante em seu histórico, que é a queda de um viaduto em Fortaleza (CE).

fpsoEspecificamente sobre o tema de novas aplicações da tecnologia nuclear, Leonam destacou que o processo de dessalinização por meio de fonte nuclear já se demonstrou uma opção viável em locais onde existe carência de água. “Esta é a aplicação não elétrica mais antiga e mais testada na indústria nuclear”, pontuou. O presidente da Eletronuclear frisou que outra aplicação que vem sendo discutida é o uso do hidrogênio como vetor energético. O energético pode ser produzido a partir da fonte nuclear e já existem alguns projetos experimentais em operação em vários locais no mundo, inclusive na central nuclear de Angra dos Reis, em parceria com FURNAS, conforme o Petronotícias já detalhou nessa entrevista especial.

Além desses usos, Guimarães também citou que a tecnologia nuclear está envolvida em uma série de outras atividades, como a produção e preservação de alimentos, arte, medicina, meio ambiente e até mesmo na exploração especial. O rover Perseverance, que atualmente explora Marte, usa tecnologia nuclear para produção de energia.

Por fim, ele comentou que apesar dessas grandes perspectivas, existem alguns desafios para ampliar o uso da fonte nuclear para outros segmentos, como a aceitação pública dessas novas aplicações, a disponibilidade de recursos, além de questões políticas e de regulamentação.

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