PREVISÃO DO IPEA SEGUE A EXPECTATIVA DO PIB BRASILEIRO E APRESENTA CRESCIMENTO DE 4,8% EM 2021
Por esta a oposição e muitos analistas econômicos da grande mídia não esperavam. Depois das previsões otimistas do FMI, agora é o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. O IPEA divulgou nesta quinta-feira (30), a Visão Geral da Conjuntura, uma análise trimestral da economia brasileira, mantendo a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 4,8% em 2021. Os pesquisadores projetaram um crescimento interanual de 4,6% no terceiro trimestre deste ano. Segundo eles, a recuperação da economia está atrelada ao avanço da vacinação contra a Covid-19 e à melhora da dinâmica epidemiológica. Para 2022, a projeção para o crescimento acumulado do PIB foi revista de 2% para 1,8%. Essa revisão se deu por conta do cenário macroeconômico, com persistência da inflação em patamar elevado, impactando o poder de compra da população, e com a consequente necessidade de um aperto monetário maior do que o esperado. Em agosto, o endividamento das famílias brasileiras atingiu o pico histórico. Por outro lado, o crescimento robusto do setor agropecuário e o aumento da disponibilidade de caixa dos governos estaduais – que poderá ser utilizado para ampliar os investimentos – contribuíram para que a revisão para o próximo ano tenha sido pouco significativa.
A inflação brasileira segue pressionada pela desvalorização cambial, alta dos preços internacionais das commodities e crise hídrica. Para 2021, a projeção é de alta de 8,3% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e de 8,6% para o Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC). A variação em 12 meses do IPCA atingiu 9,68% em agosto deste ano. No acumulado do ano, até agosto, o IPCA teve alta de 5,67%, ultrapassando o limite da banda inflacionária estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2021 (5,25%). Para 2022 há expectativa de desaceleração da taxa de crescimento dos preços, tanto para o IPCA quanto para o INPC, em relação à alta projetada em 2021. Sendo assim, a inflação medida pelo IPCA deve encerrar o ano de 2022 em 4,1%, levemente acima dos 3,9% estimados para o INPC.
O Brasil passa pela pior crise hídrica nos últimos 91 anos, segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS). A situação é ainda mais grave porque não há perspectiva de nível de precipitação acima da média para o último trimestre nos subsistemas mais afetados, principalmente no Sudeste/Centro-Oeste. De acordo com o levantamento feito pelo Ipea, com base nas previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a precipitação prevista é igual ou abaixo da média do período de 1981 a 2010. O Grupo de Conjuntura do Ipea analisou o cenário fiscal brasileiro, com perspectiva de melhora nas contas públicas em 2021. De acordo com o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias, o resultado primário do Governo Central esperado para o ano, divulgado em setembro, passou para um déficit de R? 139,4 bilhões, o que representa uma melhora de R? 16 bilhões em relação ao projetado em julho e de quase R? 50 bilhões em comparação com o previsto em maio. Para 2022, persistem incertezas, a principal das quais está associada à magnitude do esforço de contenção de despesas requerido para a obediência do teto de gastos da União.
O Grupo de Conjuntura do Ipea também divulgou nota com os indicadores mensais de atividade econômica, cujo desempenho indica a continuidade da recuperação da economia no início do terceiro trimestre de 2021. Com o avanço da vacinação contra a Covid-19, os níveis de mobilidade urbana devem se aproximar da normalidade. Sendo assim, os pesquisadores estimam, para agosto deste ano – na comparação com o mês de julho, avanço de 0,1% no setor de serviços, alta de 0,6% na produção industrial e queda de 1,1% no comércio varejista. Na comparação com o mês de agosto do ano passado, a previsão é de alta em todos os segmentos: setor de serviços (+ 15,7%), produção industrial (+ 1,2%) e comércio varejista (+ 2%).
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