PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO NO BRASIL CAIU 26% NO MÊS DE ABRIL
Novos números de abril ajudam a entender e sentir os impactos da pandemia do coronavírus no setor de óleo e gás no Brasil. Um dos elos mais afetados é o de derivados de petróleo. De acordo com recentes dados disponibilizados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), o tombo no processamento nas refinarias brasileiras naquele mês chegou a cerca de 26% na comparação com março. Ao todo, foram 40,1 milhões de barris produzidos durante abril contra 54,3 milhões verificados no mês anterior.
A produção de gasolina A, por exemplo, despencou 32% no período, saindo de 10,8 milhões em março para 7,4 milhões para abril. É uma queda severa causada pela diminuição de veículos nas estradas brasileiras. Apesar de ser um número preocupante, a queda na procura pela gasolina não se compara aos estragos feitos pelo coronavírus no consumo do setor de aviação civil.
A produção de querosene de aviação desabou sonoros 82% em abril, totalizando apenas 537 mil barris ante os 2,9 milhões registrados no mês anterior. Nos cálculos da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), a demanda por voos domésticos em abril caiu 93,1%, enquanto a procura por viagens internacionais recuou 96,1%.
As previsões mundiais para o mercado de derivados em 2020 não são animadoras, como era de se esperar diante do cenário atual no país e no exterior. A última e mais recente análise da consultoria norueguesa Rystad Energy estima que a demanda por petróleo neste ano será de 88,8 milhões de barris por dia em todo o globo, uma diminuição de 10,8% frente o ano passado.
A demanda por combustíveis de veículos terrestres, por sua vez, sentirá uma queda de 10,8% no ano, totalizando 5,1 milhões de barris por dia, ainda segundo a Rystad. Já a procura por combustíveis de aviação será ainda mais afetada, com diminuição de quase 34%. “Esperamos que o tráfego aéreo comercial global caia pelo menos 34,4% este ano em relação aos níveis vistos em 2019, que estimamos em cerca de 99.700 voos por dia”, escreveu a consultoria.
FLEXIBILIZAÇÃO DE REGULAÇÃO PARA ENFRENTAR A CRISE
Diante da crise na indústria, a ANP está adotando novas medidas para tentar, ao menos, amenizar as dificuldades que as empresas do setor estão enfrentando. As normas estabelecidas pela agência não abrangem apenas o segmento de derivados, mas todo o mercado. Mais recentemente, a diretoria do órgão aprovou os procedimentos que deverão ser adotados pelas petroleiras que desejarem prorrogar a fase de exploração de seus contratos de campos de petróleo e gás. Segundo a determinação da ANP, as operadoras deverão manifestar o interesse na prorrogação da etapa de exploração e apresentar as garantias financeiras previstas nos contratos.
Em outra decisão, a agência enviou uma nota técnica ao Ministério de Minas e Energia onde aborda os possíveis impactos na arrecadação da União, estados e municípios, decorrentes de eventual redução da alíquota de royalties para 5% dos campos concedidos exclusivamente às empresas de pequeno e médio porte. Conforme noticiamos, este tem sido um dos principais pleitos das petroleiras independentes, que já enfrentam dificuldades diante do cenário adverso causado pelo coronavírus.
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