UM DIA DEPOIS DA REUNIÃO DE EMERGÊNCIA EM PLENO FERIADO, PETROBRÁS VIRA DE COSTAS PARA O GOVERNO E ANUNCIA NOVOS AUMENTOS

JOSE MAUROAlguns dirigentes da Petrobrás fizeram ouvidos de mercador para os apelos do governo sobre os reajustes dos combustíveis e viraram de costas para o seu próprio patrão, firmando uma posição de independência e desafio. Anunciaram um aumento do diesel e da gasolina, depois de uma reunião que o Conselho de Administração considerou de emergência, em pleno feriado. A partir de amanhã, a gasolina vai subir nas refinarias de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro, um aumento de 5,18%. Com o diesel, o preço por litro terá alta de R$ 4,91 para R$ 5,61, o que equivale a a um reajuste 14,25%. A última vez que a gasolina foi reajustada nas refinarias foi no dia 11 de março, quando subiu 18,7%, passando de R$ 3,25 para R$ 3,86. Ou seja, é a primeira alta em 98 dias. É ainda o terceiro reajuste do ano. No diesel, a estatal havia anunciado alta de 8,8% no último dia 10 de maio. Na ocasião, os preços nas refinarias subiram de R$ 4,51 para R$ 4,91. É o primeiro avanço em 38 dias e o quinto aumento desde janeiro.

O desafio pode custar ainda mais caro para quem decidiu o aumento do que para o consumidor. Aquela frase da ex-presidente Graça Foster  “que não ficaria pedra sobre pedra” pode repetir-se agora. Com certeza absoluta, assim que o novo presidente da Petrobrás, Caio Mario de Andrade, assumir no lugar de José Mauro Coelho (foto), esse fenômeno muito provavelmente vai se repetir. O Presidente Bolsonaro parece meio farto dessa posição de independência de uma empresa que teve lucros astronômicos em apenas três meses de 2022 e, na visão do governo, poderia colaborar mais neste momento especial na economia do Brasil e mundial.

Por sua vez, a  Abicom, que reúne as importadoras, afirma que há defasagem tanto na gasolina e no diesel vem pressionando tanto a estatal quanto as empresas privadas, já que o patamar considerado elevado há pelo menos um mês. Segundo diz, a defasagem na gasolina atingiu 17%. No diesel, a diferença entre os preços vendidos no exterior e os cobrados no Brasil está em 16%. A reunião de “emergência” em pleno feriado de Corpus Christi ocorreu um dia após a Câmara dos Deputados ter concluído a votação do projeto de lei que cria um teto para o ICMS que incide sobre combustíveis, energia, telecomunicações e transporte coletivo. O argumento de agora é a preocupação central do setor no sentido de  que possa ocorrer falta de diesel no Brasil. Por isso, esse novo aumento é justificado de forma que as importadoras possam elevar as importações e reforçar seus estoques.

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