CORTE NO FORNECIMENTO DE GÁS DA RÚSSIA PARA EUROPA TAMBÉM SE REFLETE EM PROBLEMAS AOS MAIS PAÍSES POBRES DA ÁSIA
O último corte nos fluxos de gás natural russo para a Europa ameaça desestabilizar a segurança energética na Ásia e pode acelerar o afastamento do gás natural liquefeito (GNL) na região. Na última quarta-feira(27), a gigante estatal russa de energia Gazprom cortou o fornecimento de gás para a Europa via Nord Stream 1 para apenas 20% da capacidade do gasoduto. A alegação da interrupção foi a manutenção das turbinas para a interrupção, mas autoridades da União Europeia classificaram a suspensão no fornecimento como um movimento político ligado às tensões entre Bruxelas e o Kremlin sobre a guerra na Ucrânia. Com isso, os preços spot no norte da Ásia atingiram seu ponto mais alto desde março. O impacto direto dos cortes do Nord Stream será a intensificação da competição por cargas de GNL muito limitadas. As concessionárias da Coreia do Sul e do Japão estão ansiosas para que a Europa acumule mais gás à medida que o inverno do norte se aproxima e estão se movendo rapidamente para garantir o maior número possível de cargas de GNL.
A variação regional nos preços do GNL no passado era significativa. O mercado se globalizou cada vez mais nos últimos anos. Os preços da Ásia agora acompanham os da Europa, enquanto os Estados Unidos têm um desconto significativo como grande produtor mundial da commodity e prevê aumentar sua liderança daqui para frente. A Europa está deficitária com uma mudança radical na demanda de GNL e estão competindo com a Ásia. Enquanto a Europa estiver em déficit, os eventos continuarão a governar os preços asiáticos de GNL. Japão e Coreia do Sul no sul da Ásia, os mais ricos, podem absorver essa variação, mas os países menores estão lutando para manter suas luzes acesas. O Paquistão passou por apagões contínuos de mais de 12 horas nas últimas semanas, enquanto o novo governo do país luta para conseguir mais gás. As interrupções prolongadas em meio ao calor extremo levaram multidões de moradores irritados de Karachi. No início de julho, a empresa estatal de gás do Paquistão não conseguiu atrair um único fornecedor para uma proposta de compra de GNL de US$ 1 bilhão. No Sri Lanka, onde a escassez de energia precedeu o colapso total da economia do país e do governo nacional em maio, os estoques de gasolina do país estão à beira do esgotamento.
O rápido aperto da oferta também pode prejudicar a demanda à medida que os preços se tornam insustentáveis, o que, combinado com outros fatores macroeconômicos desestabilizadores, escureceria as perspectivas econômicas já instáveis. A pandemia de covid-19 fez com que a demanda global de energia aumentasse, com dados da Agência Internacional de Energia (AIE) mostrando um declínio de mais de 3% no primeiro trimestre de 2020, enquanto a recuperação desencadeou um ressurgimento com a demanda disparando 6 por cento em 2021. A AIE prevê que a demanda aumentará 2,4% este ano, o que equivale às taxas de crescimento pré-pandemia. No entanto, o aumento dos preços pode ameaçar a posição do gás no mix de energia no futuro.
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