A MELHORA DO AMBIENTE POLÍTICO SERÁ FUNDAMENTAL PARA A RECUPERAÇÃO DA ECONOMIA EM 2016

shel-Há muitas ideias para que o país possa sair da grave crise que atravessa. E em todas as alternativas, as soluções passam pelas palavras liberdade, confiança, honestidade e nova cultura nos negócios. É uma nova perspectiva para a reconstrução da relação das empresas  no Brasil. O paciente está em estado grave, no CTI, e precisará de um tratamento cuidadoso que não terá cura apenas com remédios de ultima geração. Atenção, carinho e paciência serão ingredientes fundamentais neste período. O difícil será encontrar a tal paciência, mas isto estará além do nosso querer. Estará ligado diretamente a uma nova necessidade de sobrevivência econômica.

Neste projeto Perspectivas 2016 estamos ouvindo diferentes empresários, de diferentes setores. Os executivos têm espaço aberto para analisarem, para opinarem. Nesta quarta-feira (16), convidamos o diretor  de Coordenação de Upstream da Shell, o respeitadíssimo Carlos Montagna, o  experiente presidente da  empresa Projectus, Márcio Cancelara, e um jovem e promissor empresário do setor de varejo, Jacob Martins, da Viva Cor Tintas, maior fornecedor de tintas automotivas e industriais do Rio de Janeiro. Cada um deles respondeu às mesmas perguntas.

 Primeiramente vamos saber as  opiniões de Carlos Montagna, da Shell:

– Como analisa os acontecimentos em seu setor neste ano?

“Foi um ano difícil para o setor, com o barril operando entre US$ 40 e US$ 60, o que fez com que todos nós trabalhássemos com afinco para racionalizar esforços e otimizar custos. Para o setor como um todo, uma boa notícia foi o fato de a ANP ter realizado a 13ª rodada. Apesar de a Shell não ter apresentado propostas, reafirmamos que a realização da rodada é essencial para sustentação da indústria de óleo e gás no país, que precisa ter um fluxo constante de projetos para manter seus investimentos e gerar/manter emprego e renda. Para a Shell, um passo importante para a estratégia da empresa ocorreu em julho, quando o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, a combinação recomendada entre Shell e BG, que ainda está pendente em outros países. Também em 2015, decidimos vender à PetroRio (ex-HRT) nossa participação em Bijupirá & Salema, negócio ainda em transição para conclusão.”

– Quais seriam as soluções para os problemas que o país atravessa?

“O Brasil tem instituições sólidas e uma democracia vibrante. O ano que vem será de grandes desafios políticos, econômicos e sociais. O presidente da Shell Brasil, André Araújo, declarou recentemente que o país tem que corrigir gargalos para ser mais atrativo aos investidores dos diversos setores da economia. Discutir gargalos e propor soluções é uma tarefa que não cabe só a governos. O setor de óleo e gás e outros devem colaborar para esse diálogo, apresentando propostas concretas para o melhor do país.”

– Quais as perspectivas para 2016? Pessimistas ou otimistas?

“O ano que se aproxima será de muito trabalho e desafios para nossa empresa. A Fase 3 de BC-10, por exemplo, vai ser concluída com o primeiro óleo previsto para o início de 2016. Aguardamos a aprovação final da combinação recomendada entre Shell e BG em outros países. Trabalharemos muito para que Libra possa cumprir o cronograma definido. Importantíssimo a continuidade dos leilões de blocos da ANP, contemplando as condições necessárias para o pleno sucesso destes, que remeterá ao aumento da atividade necessária para manutenção dos negócios de toda a cadeia produtiva de Petróleo e Gás.”

marcioAgora, as opiniões do Presidente da Projectus, Márcio Cancelara:

– Como analisa os acontecimentos em seu setor neste ano?

“A redução dos investimentos da Petrobrás, como se sabe, se iniciou em 2013 e foi agravada pelo Lava Jato. Os impactos no setor de engenharia já se sentiam desde o final de 2012, depois da decisão da estatal de concentrar investimentos em exploração e produção. Cerca de 90% das empresas tinham expertise no Refino e sentiram demais essa mudança de rumo. O Lava Jato, aliada à instabilidade política, agravou a situação, uma vez que as empresas envolvidas eram as grandes contratantes de serviços e equipamentos nos contratos EPC. Com isso, elas tiveram e têm dificuldades para honrar seus compromissos com seus subcontratados. Algumas estão em processo de recuperação judicial. Neste ano a crise se estendeu para quase todos os outros setores da indústria, ocasionando a situação crítica que atualmente vivenciamos.”

– Quais seriam as soluções para os problemas que o país atravessa?

“Acredito que o cenário atual não será revertido a menos que se consiga um grande pacto nacional. Entretanto, o acirramento das questões políticas, o aprofundamento da recessão em índices jamais vistos, a falta de perspectiva de solução de curto ou médio prazo, podem desencadear algum tipo de ruptura, ainda que mantida a constitucionalidade. Não acredito nem apoio intervenções de qualquer espécie.”

– Quais as perspectivas para 2016? Pessimistas ou otimistas?

“Evidentemente que as perspectivas para 2016 são negativas pelos fatos mencionados. Acredito que é possível alguma esperança para 2017, porém, o desdobramento das inúmeras questões em aberto poderão agilizar ou retardar a reversão das expectativas.”

jacobJacob Martins, da Viva Cor Tintas, fala sobre as dificuldades vividas e aponta quais são as perspectivas:

– Como analisa os acontecimentos em seu setor neste ano?

Foi um ano sofrido. Como a construção civil precisa entregar as obras que iniciaram em anos anteriores, demoramos um pouco mais para sentir o baque que a economia do país está atravessando. Mas buscamos aumentar a nossa eficiência, reduzindo custos e indo atrás de novos negócios.”

 – Quais seriam as soluções para os problemas que o país atravessa?

“Não acredito em uma ou algumas soluções que resolverão os problemas da economia brasileira em curto prazo. Mas acho que com a conclusão da Lava-Jato, nossa política estará um pouco mais limpa e isso pode fazê-la caminhar mais rápido em direção a um país mais próspero. E a direção é que precisamos implantar o ajuste fiscal para voltar a ter a nota de crédito e ao mesmo tempo buscar fazer as reformas políticas, tributárias e da previdência.”

– Quais as perspectivas para 2016? Pessimistas ou otimistas?

“Para o Brasil, os números indicam que teremos mais desemprego e queda do PIB. E acho muitíssimo difícil que isso se inverta até o final do ano. Mas, para o nosso negócio, acho que podemos nos encontrar com boas oportunidades de negócio.”

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