ALTOS PREÇOS AJUDAM A REDUZIR DEMANDA DE GÁS NATURAL NA EUROPA, AUMENTANDO OS ESTOQUES DO CONTINENTE

A Europa vive momentos de preocupação por conta da recente interrupção das importações de gás natural pelo gasoduto Nord Stream 1. Isso traz um alerta quanto ao abastecimento no Velho Continente. Contudo, os altos preços do gás natural devem ajudar a reduzir a demanda europeia para 7% abaixo da média de cinco anos até março, deixando o melhor cenário de níveis de armazenamento em 31% no final do inverno, em linha com a média de cinco anos. A previsão é da Wood Mackenzie. “Fortes importações de GNL e de gasodutos não russos ajudaram a elevar os níveis de armazenamento de gás na Europa para 80% no final de agosto, superando as expectativas. Esperamos que isso aumente para 86% até o início de outubro. Se os fluxos russos do Nord Stream forem retomados nos níveis atuais após a manutenção de três dias em setembro, a Europa poderá estar em condições de passar por este e no próximo inverno sem cortes na demanda”, disse o vice-presidente de pesquisa de gás e GNL da Wood Mackenzie, Massimo Di Odoardo.

Esse cenário considera a demanda de gás reduzindo 7% até março em comparação com a média dos últimos cinco anos – menos do que a demanda de 15% prometida pela UE – e níveis recordes de importações de GNL, facilitadas pela nova infraestrutura de GNL no próximo ano. Nesse cenário, espera-se que os níveis de armazenamento de gás sejam reabastecidos em 90% antes do inverno 2023/24.

No entanto, a incerteza permanece, pois o clima extremamente frio neste inverno ou os fluxos russos reduzidos podem colocar a Europa em uma trajetória diferente. “Se os fluxos do Nord Stream não forem retomados após a manutenção de setembro, os estoques europeus ainda podem terminar em 26% até o final deste inverno, embora possam chegar a 81% antes do próximo inverno”, acrescentou Di Odoardo.

O maior risco, porém, será o clima. Se o hemisfério norte tiver um inverno extremamente frio, a crescente necessidade de aquecimento na Europa e na Ásia pode adicionar até 30 bilhões de metros cúbicos (bcm) à demanda de inverno e arriscar reduzir os estoques de armazenamento europeus para 4% até março e até apenas 63% antes do início do inverno seguinte, resultando inevitavelmente em cortes de demanda.

“Além da incerteza sobre o fornecimento de gás da Rússia, o aperto do mercado de energia – devido à baixa produção nuclear, hidráulica e eólica – e o risco de interrupção da eletricidade estão colocando um estresse adicional nos preços do gás futuros neste inverno”, declarou o analista de pesquisa da Wood Mackenzie para o gás europeu, Penny Leake.

O especialista afirma que, em condições climáticas normais, a previsão é de um reequilíbrio do mercado de energia após o inverno, que, combinado com um melhor equilíbrio do mercado de gás, pode ver os preços do gás cair mais de 35%, sendo negociados mais próximos dos níveis que a Europa tinha no final de julho de 2022. “No entanto, a esperança da Europa de superar este e os próximos invernos baseia-se em importações recordes de GNL – que devem atingir uma participação de mercado de 40% na Europa no próximo ano, enquanto a Rússia reduz abaixo de 10% – exigindo altos preços do gás e a Europa permanecendo o mercado premium de GNL globalmente”, finalizou.