APESAR DA BAIXA DO BARRIL, PETROBRÁS REFORÇA O SEU INTERESSE EM FOCAR EM E&P E MANTÉM DESINVESTIMENTOS

petrobras1Segue o barco. A tormenta que se avizinhou no setor de óleo e gás não irá mudar o direcionamento da Petrobrás. Ainda que diante da forte desvalorização do preço do barril de petróleo, o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, garantiu que a empresa não vai mudar sua posição de focar seus esforços em exploração e produção. O executivo, que participou de um webinar promovido pela FGV Energia, foi questionado se a Petrobrás não estaria indo na direção oposta a de outras empresas do segmento, que estão buscando diversificar negócios e entrar na área de energias renováveis. Ao que o presidente respondeu: “A Petrobrás, definitivamente, não está na contramão de nada”.

Castello Branco alega que a petroleira está focando os seus esforços em exploração e produção para aproveitar sua expertise e a alta qualificação de seus engenheiros de petróleo e geólogos. Ele também lembrou que a companhia detém uma ampla tecnologia para exploração de águas ultraprofundas. “Ninguém melhor que a Petrobrás faz isso. Não poderíamos deixar isso (exploração e produção) de lado”, justificou.

Com respeito às renováveis, o executivo disse que decidiu não entrar profundamente neste setor por se tratar de um negócio que a empresa não conhece. “A Petrobrás já perdeu muito dinheiro entrando em áreas em que não tinha o menor conhecimento como, por exemplo, a produção de óleo de dendê e de mamona. Aventuras irresponsáveis que resultaram em perdas claras para a Petrobrás e seus acionistas”, lembrou.

Apesar da momentânea falta de investida em renováveis, o presidente da estatal afirmou que a companhia está fazendo “o dever de casa”, buscando reduzir a emissão de gases do efeito estufa e aumentando a capacidade de captura de carbono. E, paralelamente a isso, continua investindo em pesquisa sobre renováveis. “Só entramos no negócio quando julgarmos que temos a competência para vencer naquele negócio. Não vamos entrar em um negócio só porque é uma onda ou moda investir em renováveis”, declarou.

Conforme o Petronotícias destacou ontem, a Petrobrás possui um projeto de pesquisa e desenvolvimento voltado à área de geração eólica, em parceria com a USP. O objetivo é desenvolver um projeto conceitual avançado de dois sistemas flutuantes dotados de uma ou mais turbinas eólicas para operação em lâminas de água intermediárias e profundas. As unidades terão capacidade de geração de energia elétrica na faixa entre 5 MW e 12 MW e serão usadas para alimentação de sistemas submarinos ou plataformas.

DESINVESTIMENTOS: PETROBRÁS AVANÇARÁ NO PLANO E COMPRADORES NÃO PERDEM O INTERESSE

CASTELLO BRANCO 2020Outra dúvida que pairava no mercado era sobre a postura da Petrobrás e de seu plano de desinvestimentos diante de um cenário tão incerto e desafiador como o atual. A pandemia do coronavírus colocou a demanda mundial de petróleo de joelhos. E os preços do barril de petróleo não reagiram, apesar do acordo recente da Opep+ para reduzir a oferta do produto.

O presidente da Petrobrás, no entanto, garantiu que o programa seguirá “intacto” e que os ativos serão vendidos. Mas reconheceu que o processo pode sofrer alguns atrasos. Castello Branco explicou que algumas vendas já foram concluídas, mas ainda não tiveram a liquidação financeira. “Temos a confiança, que nos é dada pelos compradores, que a liquidação financeira ocorrerá no momento que for marcada”, disse. “Essas transações devem obedecer a condições precedentes, como o caso da Liquigás, que precisa de aprovação do CADE. Os compradores estão firmes, esperando”, completou.

O executivo ainda acrescentou que a Petrobrás está intensificando os cortes de custos para que possa sobreviver em cenários de preços de petróleo muito baixos. “Nós preservamos todos os projetos de pesquisa, que são essenciais para saltos de eficiência e redução de custos. Como, por exemplo, o programa EXP 100, cujo objetivo é, através do uso de inteligência artificial, reduzir a praticamente zero a probabilidade de não achar petróleo em um [determinado] furo”. Castello Branco também lembrou de outro programa da estatal, o PROD 1000, que visa encurtar o período entre a fase de exploração e entrada de produção para mil dias.

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