AVANÇA A PESQUISA CIENTÍFICA PARA ELIMINAR MEXILHÕES QUE PREJUDICAM HIDRELÉTRICAS DO PAÍS

Mauro_RebeloUma tremenda dor de cabeça sentida pelas usinas hidrelétricas do Brasil está um pouco mais perto de ganhar uma solução definitiva. Um projeto científico tocado pela Bio Bureau e a hubz visa modificar a genética do mexilhão-dourado, uma espécie invasora de molusco que se reproduz em grande escala e entope as tubulações e turbinas de 40% das hidrelétricas brasileiras. Apesar de ser bem pequeno – mede entre cerca de 3 a 4 centímetros -, a praga causa grandes prejuízos ao setor elétrico, avaliados em R$ 400 milhões por ano. O trabalho dos pesquisadores é modificar a genética destes mexilhões, de modo a torná-los inférteis. A novidade é que a pesquisa entrou em sua terceira fase. Os cientistas fizeram um estudo para identificar a variabilidade genética dos mexilhões em diferentes reservatórios ao longo do País. E os resultados foram animadores.

Concluímos que não há diferenças populacionais significativas no genoma dos mexilhões presentes em reservatórios de diferentes hidrelétricas e que a solução biotecnológica que está sendo desenvolvida com base no genoma de animais que foram coletados em São Paulo tem tudo para funcionar em qualquer reservatório do Brasil”, explicou o fundador e biólogo da Bio Bureau, Mauro Rebelo (foto).

Ao todo, foram analisados mais de 8.000 locais do genoma (loci) de 30 indivíduos nos reservatórios de Garibaldi (SC), Itaipu (PR), Chavantes (SP), Jupiá (SP) e Sobradinho (PE). Rebelo fala que a próxima etapa será a criação de um protótipo do mexilhão geneticamente modificado. Com isso, espera-se que a praga seja eliminada ao longo do tempo.

2018041807040_9cca533faedc4eb2a4f056df751870632e6eef88f1b3fb8f902bc7f7d173a3acA pesquisa conta com o financiamento de empresas do setor elétrico – CTG Brasil, SPIC e Tijoá -, que destacam também os benefícios para o meio ambiente. “Nosso objetivo neste projeto é apoiar uma estratégia eficaz, que foi pensada para proteger o ecossistema, e que ao mesmo tempo é uma inovação para o setor elétrico, que tem tido prejuízos com os males que este molusco causa nos reservatórios“, disse o gerente de Pesquisa & Desenvolvimento da SPIC Brasil, Edmar Valério.

O mexilhão-dourado é considerado uma das espécies mais danosas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Além de prejuízos para hidrelétricas, ele também traz  impactos ambientais, como a morte de peixes nativos, a alteração da cadeia alimentar e da qualidade da água.

O molusco chegou acidentalmente à América do Sul há quase 30 anos em navios mercantes, que descarregavam nos portos argentinos no Rio da Prata. Hoje, ele já está espalhado por vários países do continente. O primeiro registro no Brasil ocorreu no Rio Grande do Sul, em 1999. Como não tem predadores, parasitas ou variações ambientais que os eliminem, os mexilhões infestam rios, lagos e reservatórios descontroladamente.

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