BRASIL AMPLIA ENRIQUECIMENTO DE URÂNIO PARA ABASTECER USINAS NUCLEARES

joao carlos tupinambaO conhecimento tecnológico e a expertise do Brasil na área nuclear estão entre os mais relevantes do mundo, sendo o país um dos poucos no globo a dominar o ciclo completo do enriquecimento do urânio, mas ainda assim nosso parque gerador anda parado, com Angra 3 em compasso de espera e os futuros projetos de usinas ainda na gaveta. No entanto, mesmo com a morosidade das decisões governamentais para o avanço do programa nuclear nacional, algumas iniciativas continuam rendendo frutos e o trabalho das Indústrias Nucleares do Brasil (INB) é um dos que se mantém em bom ritmo, mesmo que sem alarde. A estatal atualmente está se preparando para entrar na 2ª fase do enriquecimento isotópico de urânio.

A usina de enriquecimento da INB, localizada em Resende (RJ), possui seis cascatas de ultracentrífugas em operação, atendendo cerca de 40% das necessidades de Angra 1. Após concluída a fase atual de implantação da Usina – primeira etapa –, com a construção e entrada em operação de mais três cascatas, serão atendidas 100% das necessidades de urânio enriquecido da usina de Angra 1 e 20% de Angra 2.

Os detalhes desta 2ª Fase do enriquecimento isotópico de urânio no Brasil vão ser detalhados pelo próprio presidente da INB, João Carlos Tupinambá (foto), durante sua participação no VII Seminário Internacional de Energia Nuclear (SIEN 2016), que acontece nos próximos dias 20 e 21 deste mês, no Centro Cultural FGV, no Rio de Janeiro. O presidente da INB participa de um painel que vai debater o tema “Combustível nuclear – como gerar novos negócios e oportunidades para o Brasil”.

Recentemente, a INB anunciou a exportação, pela primeira vez, de urânio enriquecido para a Argentina. O contrato, assinado com a empresa estatal argentina Combustibles Nucleares Argentinos S.A. (Conuar), prevê a exportação de quatro toneladas de pó de dióxido de urânio (UO2) para serem utilizadas na carga inicial de combustíveis do reator modular argentino Carem.

Além do Brasil, apenas outros 11 países dominam o ciclo de enriquecimento do urânio.  A tecnologia utilizada na unidade da INB em Resende é a de ultracentrifugação para enriquecimento isotópico do urânio, que foi desenvolvida pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN).

Segundo Tupinambá, esse primeiro fornecimento ao país vizinho, “além de ser um marco nas relações Brasil-Argentina, consolida a presença da INB, e portanto do Brasil, no cenário internacional do enriquecimento de urânio para fins pacíficos”.

O SIEN 2016 terá como tema central “Um Novo Modelo de Financiamento para o Negócio Nuclear no Brasil”. Através de painéis e palestras, o seminário buscará trazer discussões sobre a política nuclear no Brasil, os desafios para o desenvolvimento e gestão do setor no país, novas tecnologias e soluções para construção e operação de usinas nucleares, bem como os diversos usos da radiação para fins pacíficos.

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