CERVERÓ ACUSA PETROBRÁS DE TER PAGO O DOBRO DO VALOR PELA COMPRA DA IPIRANGA EM 2007

Nestor CerveróAs revelações das múltiplas delações premiadas não param de encontrar novos alvos nos últimos tempos e a de Nestor Cerveró, ex-diretor internacional da Petrobrás, aponta para novos bilhões que podem ter sido gastos em vão pela estatal. Trata-se neste caso da compra da Ipiranga, feita em 2007, que demandou US$ 4 bilhões dos cofres da Petrobrás na época, mas que poderia ter sido fechada por cerca de US$ 2 bilhões de acordo com ele, levando-se em conta as avaliações de mercado naquele momento. As informações foram reveladas pela repórter Malu Gaspar, na revista Piauí.

De acordo com a publicação, Cerveró classificou a negociação como um escândalo, disse ter sido contra o acordo e afirmou que parte do dinheiro da transação foi desviado para o PT. Ainda segundo o ex-diretor, a própria presidente afastada, Dilma Rousseff, que à época era ministra e presidente do conselho de administração da Petrobrás, questionou o negócio, mas Cerveró alega que o caso já “estava resolvido”.

Posteriormente, acionistas minoritários da Ipiranga abriram uma reclamação na Comissão de Valores Mobiliários contra a empresa, alegando que receberam menos por suas ações do que os majoritários, mas após um período de avaliação o colegiado absolveu os investigados.

As avaliações dos técnicos da Petrobrás indicavam que o valor a ser pago deveria ser menor e que a Ipiranga estava perdendo participação de mercado, enquanto um assessor financeiro do então presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, defendia que a empresa privada estava ganhando espaço no setor. Após impasses, a situação foi resolvida pelo próprio Gabrielli, com a presença do diretor de abastecimento Paulo Roberto Costa, hoje já condenado e cumprindo pena em regime de prisão domiciliar em função da Lava Jato.

Segundo a revista, a proposta formal de compra da Ipiranda foi aprovada pelo conselho da Petrobrás em 18 de março de 2007 e já no dia seguinte foi aceita pela Ipiranga, que divulgou o fato no mesmo dia. Além disso, o texto afirma que o contrato foi assinado de madrugada, sem qualquer exigência de auditoria nos números da empresa adquirida.

Agora, passados quase 10 anos, um processo relacionado ao caso espera resolução no Superior Tribunal de Justiça. A origem foi a ação movida pelos acionistas minoritários contra os controladores da Ipiranga, mas quem tentou impedir que dados da negociação fossem avaliados por peritos judiciais foi a Petrobrás. A estatal teve o pedido indeferido na primeira e na segunda instâncias, mas conseguiu uma liminar no STJ e até agora não houve a resolução final do caso.

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