CERVERÓ ALEGA DIFICULDADES FINANCEIRAS PARA TER TENTADO RETIRAR R$ 500 MIL DE SEUS INVESTIMENTOS

cerveOu Nestor Cerveró troca de advogado ou troca de desculpas. No depoimento que prestou à Polícia Federal do Paraná, durante mais de três horas nesta quinta-feira (15), ele justificou dificuldades financeiras para tentar resgatar mais de 500 mil reais do seu plano de previdência.  A princípio foi dito que o dinheiro seria para estar a disposição de uma de suas filhas que teria problemas de saúde. Agora, seria por dificuldades financeiras. Mas Cerveró acabou de chegar de Londres onde passou as festas de Natal, Ano Novo e mais os primeiros 14 dias de janeiro. Foi e voltou com a esposa na primeira classe da British Airways. Este não parece ser  o comportamento de quem está em dificuldades financeiras.

Beno Brandão, um dos advogados de Cerveró, o depoimento foi tranquilo e o cliente respondeu às perguntas. O advogado afirmou que:

“Ele era um diretor da Petrobrás, que ganhava mais de R$ 100 mil por mês. Em março do ano passado, ele deixou de receber isso”.

Beno Brandão disse que Cerveró falou sobre as movimentações financeiras e os contratos dos navios-sonda – motivos pelos quais a prisão preventiva foi decretada. Ele negou ter recebido propina para a construção de navios-sonda e, sobre as transações financeiras, reiterou o que a defesa já havia dito, que não há nada de ilegal. Ele confirmou que conhecia Fernando Baiano, mas negou saber que ele era lobista trabalhando a serviço do PMDB. O primeiro depoimento não parece ter sido muito diferente do seu depoimento na CPI. Mas a Polícia Federal acredita que nos próximos depoimentos, quando confrontados com as provas já obtidas pelo Ministério Público, Cerveró terá muito o que explicar.

Nestor Cerveró afirmou que a compra dos navios-sondas de perfuração marítima, que teriam sido alvo de propina de US$ 30 milhões para a força tarefa da Lava Jato, foram feitas

“fora de procedimento licitatório e aprovada pela Diretoria Executiva  composta por seis diretores e o presidente a quem cabe examinar a compra de equipamentos e construção de refinarias e gasodutos”.Gostaria de esclarecer de forma espontânea que a aquisição das sondas em questão se deu fora de procedimento licitatório, por ser incabível diante das circunstâncias que cercavam o negócio, que visava atender uma necessidade específica e imediata da Petrobrás”.

Cerveró fez apenas uma única referência à presidente da Petrobrás, Graça Foster,  quando foi perguntado sobre as transferências de imóveis para as suas filhas:             

“A atual presidente da Petrobrás realizou operações semelhantes, transferindo imóveis aos filhos dela”,

Acompanhado do criminalista Beno Fraga Brandão, Cerveró negou ter recebido propina nas negociações de navios-sonda, que teriam resultado em uma propina de US$ 30 milhões paga pelo executivo Julio Camargo, delator do processo. Ele afirmou também que suas transações financeiras foram legais e feitas para deixar dinheiro para filha, que mora do Rio, durante sua viagem à Londres.

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras identificou pelo menos cinco operações atípicas em que Cerveró fez saques na boca do caixa ou pagou apartamentos em dinheiro vivo. A Polícia Federal também afirma que Nestor Cerveró realizou várias operações de compra e venda de imóveis nos últimos anos que, de acordo com as investigações, têm indícios de lavagem de dinheiro. Por enquanto, o ex-diretor Internacional da Petrobrás vai ficar preso prestando outros depoimentos. Não há indícios de que a justiça vá conceder o habeas corpus solicitado por sua defesa no final da tarde desta quinta-feira (15).

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