ABECOON APOSTA NA CRIAÇÃO DE STARTUPS PARA PROMOVER INOVAÇÃO NA CADEIA NACIONAL DE ÓLEO E GÁS

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

O diretor de relações institucionais da Abecoon, Fernando Sarian, e o secretário de óleo e gás do MME, Márcio Félix

O diretor de relações institucionais da Abecoon, Fernando Sarian, e o secretário de óleo e gás do MME, Márcio Félix

A inovação é o caminho apontado pela Associação Brasileira de Engenharia da Construção Onshore, Offshore e Naval (Abecoon) para superar os atuais desafios destes setores. A entidade foi criada recentemente e já planeja criar um programa de inovação e tecnologia para integrar profissionais, incubadoras, aceleradoras, empresas do setor e investidores. Segundo o diretor de relações institucionais da associação, Fernando Sarian, o objetivo é desenvolver novos processos, produtos e serviços por meio de startups. “Em um momento econômico como o que estamos vivendo, onde profissionais experientes estão disponíveis no mercado, poderíamos estar investindo nesse potencial técnico, direcionando o conhecimento adquirido, na criação de ‘startups’“, opinou. A entidade recentemente esteve em reunião com o secretário de petróleo e gás do Ministério de Minas e Energia, Márcio Felix. Sarian conta que o secretário apresentou o plano do governo para reativação do setor, que inclui a retomada do Comperj e a viabilização de um polo industrial usando o gás do Rota 3.

O senhor poderia falar um pouco das atividades da associação atualmente? O que tem sido feito?

A Abecoon foi criada para promover a integração dos atores e personagens da indústria de construção e montagem, em três segmentos complementares. O primeiro é o onshore, que abrange as plantas industriais da cadeia de óleo e gás, como refinarias, Unidades de Processamento de Gás Natural (UPGNs), termelétricas e Unidades de Fertilizantes Nitrogenados (UFN). O segundo segmento é o offshore, com as unidades de perfuração e produção, incluindo os serviços subsea; e, por fim, a própria indústria naval, visando a Construção e Manutenção de Embarcações.

Entendemos que essa integração se dará através da gestão do conhecimento, do incentivo ao empreendedorismo, e também do desenvolvimento da inovação e da tecnologia aplicadas no setor que resultem na melhoria de performance dos profissionais e de seus processos, visando sempre ganho de produtividade em toda a cadeia de produção.

Poderia comentar sobre a reunião realizada no MME?

O MME se mostrou bastante interessado nas atividades desenvolvidas pela Abecoon, e foi aberto um canal direto para o apoio da associação nos programas de desenvolvimento do setor.

O secretário Márcio Félix fez uma apresentação de um programa para alavancar o setor de petróleo. Esse programa passa pela reativação de obras como o Comperj, e a o retorno dos estaleiros Eisa e Mauá. Para o Comperj, o secretário disse que a ideia principal é terminar o primeiro trem de produção, mas ainda sem uma data definida, já que falta a aprovação do novo plano de negócios da Petrobrás. No restante da área da refinaria, a meta é utilizar o gás do Rota 3 para viabilizar um polo industrial. Essa é a vontade do governo. Existem alguns entraves políticos para resolver, inclusive saber como será o plano de negócios da Petrobrás. Ele também comentou que as empresas internacionais estão interessadas no Brasil e citou como exemplo a Shell e a Statoil.

Quais são os principais desafios, na sua opinião, para o setor de engenharia da construção onshore, offshore e naval?

O maior desafio no setor é a retomada das obras das Refinarias e Unidades de Fertilizantes, bem como a adaptação do segmento naval e offshore à nova meta de produção de petróleo da Petrobrás, cuja previsão era de 4,2 milhões de barris por dia até 2020, e que foi alterada significativamente para 2,7 milhões de barris em 2020. No momento estamos aguardando o novo plano de negócios da Petrobrás ainda para este mês, a fim de verificar quais ajustes e medidas poderão ser tomadas para reativar o setor.

Neste mesmo sentido, outro grande desafio é maximizar a eficiência e competitividade por meio da inovação e tecnologia, o que afetaria intimamente o custo de projetos nacionais – que hoje são maiores que os custos de projetos similares no exterior.

Como o País poderia trabalhar em inovação dentro do setor de óleo e gás?

Como sabemos, o Brasil historicamente investe pouco em Pesquisa e Desenvolvimento, e menos ainda na inovação da construção onshore, offshore e naval, mas, por outro lado, também sabemos que o povo brasileiro é reconhecido pela sua capacidade criativa. Assim, devemos usar estes talentos para promover a cultura da inovação através da indústria, capacitando profissionais, promovendo o empreendedorismo e financiando frentes de pesquisa e desenvolvimento de novos processos, produtos e serviços.

Em um momento econômico como o que estamos vivendo, onde profissionais experientes estão disponíveis no mercado, poderíamos estar investindo nesse potencial técnico, direcionando o conhecimento adquirido, na criação de “startups”, que visem melhorias de processos, por exemplo.

Por último, existe um grande entrave para manutenção desta mão de obra capacitada, e que na última década exigiu muito investimento para sua formação. Com a condição atual da economia, existe uma migração natural destes profissionais para outras indústrias. Assim, a preservação e capacitação contínua desta mão de obra também é um dos principais desafios da Abecoon.

Quais as perspectivas para os próximos anos?

Na nossa visão será a retomada do segmento onshore no Comperj, na Refinaria Abreu e Lima e na UFN 3, mesmo que com alterações de projetos. Já no segmento offshore, a conclusão dos cascos, construção dos módulos e os serviços de integração, do Projeto Replicantes, e a construção dos módulos e os serviços de integração das unidades para a Cessão Onerosa, P-74, P-75, P-76 e P-77, cujos cascos já foram convertidos.  A entidade também espera a solução para os contratos de construção das 28 sondas de perfuração.

Que mudanças são necessárias para fomentar os mercados onshore, offshore e naval?

O setor carece de planejamento de médio e longo prazo, haja vista que no início dessa década foram feitos grandes investimentos em novos estaleiros que hoje em dia estão paralisados, como o Enseada Indústria Naval, na Bahia. É necessário investir em inovação, a fim de maximizar eficiência e competitividade, bem como em gestão do conhecimento para manutenção da mão de obra capacitada.

Quais são os próximos projetos da entidade para ajudar no crescimento destas indústrias?

Estamos concluindo nosso programa de desenvolvimento contínuo de aprendizagem para o ano de 2017, que deveremos divulgar em novembro. Em paralelo, estamos projetando nosso programa de inovação e tecnologia que pretende integrar os profissionais, incubadoras, aceleradoras, empresas do setor e investidores, a fim de desenvolver novos processos, produtos e serviços através de startups.

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