CONSTRUÇÕES DE OLEODUTOS E GASODUTOS ESTÃO ESTREMECENDO A RELAÇÃO CANADÁ-ESTADOS UNIDOS
Não anda nada confortável o clima entre o governo do presidente americano Joe Binden e o o governo do Primeiro Ministro Canadense Justin Trudeau. O motivo principal é a insegurança jurídica causada pelos investimentos canadenses na construção de oleodutos e gasodutos de empresas canadenses no território dos Estados Unidos. Meses depois que o presidente Joe Biden esnobou as autoridades canadenses cancelando o oleoduto Keystone XL, um confronto sobre um segundo oleoduto de petróleo bruto ameaça prejudicar ainda mais os laços entre os dois vizinhos.
A Linha 5 da empresa canadense Enbridge, em Michigan, é outro ponto de tensão. A governadora do Estado, Gretchen Whitmer(foto a direita), aliada de Binden, ordenou o fechamento do oleoduto devido a preocupações com um possível vazamento no canal que conecta o Lago Huron e o Lago Michigan. A Enbridge está resistindo à ordem com o apoio das autoridades canadenses, que dizem que a Linha 5 é essencial para sua economia. Para driblar esta proibição, que se arrasta há meses, a Enbridge está construindo um túnel, 30 metros abaixo do lago, para lançar uma nova tubulação. Para lembrar, a empresa canadense apresentou três alternativas em um audiência pública e o Estado e a sociedade escolheram a tecnologia da empresa brasileira Liderroll, usada tanto nos túneis do Gasduc III, como no Gastau. Hoje, esses túneis e os seus gasodutos pertencem foram vendidos pela Petrobrás à NTS.
A governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, ordenou que a empresa canadense fechasse sua Linha 5, uma peça-chave de uma rede de entrega de petróleo bruto dos campos de petróleo de Alberta para refinarias no meio-oeste dos EUA e no leste do Canadá. A decisão de Whitmer agradou tanto ambientalistas como as tribos que há muito consideram o oleoduto, que atinge 1.038 quilômetros ao norte de Wisconsin e Michigan, com risco de vazamento que pode devastar dois Grandes Lagos. Uma seção de aproximadamente 6,4 quilômetros de comprimento cruza o fundo do Estreito de Mackinac, em Michigan, que conecta o Lago Michigan e o Lago Huron. A área é um destino turístico popular e várias tribos têm direitos de pesca comercial protegidos por tratados no estreito.
Mas com o prazo final de fechamento dado pela governadora, que será em 12 de maio, se aproximando, as
autoridades canadenses estão fazendo fila para apoiar a Enbridge enquanto ela contesta a ordem no tribunal americano e diz que não vai cumprir. A empresa sediada em Calgary diz que Whitmer está extrapolando sua autoridade e que o oleoduto é sólido. Seamus O’Regan, ministro de recursos naturais do Canadá, disse que “Nosso governo apoia a operação segura e contínua da Linha 5 de Enbridge. É uma parte vital da segurança energética canadense, e deixei bem claro que sua operação contínua não é negociável”. Um comitê canadense da Câmara dos Comuns alertou este mês sobre as terríveis consequências de um desligamento: perdas de empregos, escassez de combustível e pesadelos de tráfego quando 87 milhões de litros de petróleo transportados diariamente através da Linha 5 sejam transferidos para caminhões e vagões considerados mais suscetíveis a acidentes.
O cancelamento de Biden do Keystone XL, um oleoduto de 1.931 quilômetros, com origem nas areias petrolíferas de Alberta, continua sendo um ponto sensível no Canadá. Embora Trudeau se opusesse à medida, as autoridades de Alberta estão “extremamente desapontadas” por ele não estar tomando medidas mais firmes, disse Sonya Savage, ministra da Energia na província que concentra a maior parte da produção de petróleo do Canadá. Agora vem a Linha 5, que poucos americanos fora da região dos Grandes Lagos conhecem.
“É uma tábua de salvação para o Canadá”, disse Mike Fernandez(foto a esquerda), vice-presidente sênior da Enbridge. A Enbridge e seus apoiadores na indústria e no trabalho dizem que o oleoduto também beneficia o meio-oeste dos Estados Unidos. Ele transporta óleo para combustível de aviação e gasolina, bem como líquidos de gás natural transformados em propano. A oposição aos oleodutos nos EUA endureceu, com lutas por Keystone, o polêmico Dakota Access Pipeline e Enbridge’s Line 3 em Minesota atraindo manifestantes.
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