FGV ENERGIA BUSCA SOLUÇÕES PARA ENTRAVES REGULATÓRIOS DO MERCADO DE ÓLEO E GÁS BRASILEIRO

Por Bruno Viggiano (bruno@petronoticias.com.br) –

Felipe GoncalvesEm 2012, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) incluiu na relação de temas de pesquisas relevantes a análise de aspectos jurídicos, econômicos e da regulação da indústria de petróleo e gás brasileira. Alicerçada nessa possibilidade, a FGV Energia começou em 2014 a buscar seu credenciamento junto à agência para o desenvolvimento de pesquisas voltadas ao segmento. Na última semana, foi publicado no Diário Oficial da União o credenciamento da FGV, que agora está apta a receber recursos provenientes da cláusula de Pesquisa e Desenvolvimento presente nos contratos de exploração e produção. O coordenador de Ensino e Pesquisa & Desenvolvimento da FGV Energia, Felipe Gonçalves, comentou esses primeiros anos de atuação da Fundação Getúlio Vargas na área de energia, destacando o lançamento de cadernos especializados em diversos temas relacionados ao segmento, e ressaltou que hoje vê os entraves regulatórios como os maiores desafios, acima de qualquer questão tecnológica.

Atualmente, como atua a FGV Energia?

A FGV Energia atua em três frentes diferentes. A primeira voltada para pesquisa acadêmica, consolidando as pesquisas desenvolvidas nas escolas de economia, administração, administração pública, direito e matemática aplicada. Outro eixo importante é a parte voltada para o ensino, visando a propagação de conhecimento, através do Instituto de Desenvolvimento Educacional. Nós coordenamos cursos e buscamos profissionais capacitados para ministrar aulas, além de divulgarmos artigos. Há ainda um projeto em desenvolvimento para que no site da fundação seja possível acessar conteúdo voltado para a questão energética. A ideia é que estudantes de ensino médio e superior, além da sociedade como um todo, acessem o material disponibilizado. Por fim, nós temos também o eixo voltado para o fomento à pesquisa e desenvolvimento. Nele é feito um elo entre a Academia e o mercado, através de ações que visam reconhecer problemas da indústria dentro das áreas de domínio da FGV. Alguns exemplos de atuação dos nossos estudantes na cadeia de óleo e gás são questões relacionadas a contratos de partilha, questões associadas à utilização de poços e questões de conteúdo local. São problemas que a indústria de óleo e gás enfrenta hoje em dia e que a FGV tem potencial para desenvolver pesquisas.

Há quanto tempo vinha sendo buscado o credenciamento?

Nosso centro de estudos sobre energia é recente, criado apenas em 2013. Logo no primeiro semestre de 2014 começaram os movimentos para que fosse realizado este cadastramento.

O que o credenciamento da FGV Energia junto à ANP traz para a fundação?

Com ele, nós temos uma nova oportunidade para buscar incentivos para desenvolvimento de pesquisas. Com a verba disponibilizada através das petroleiras, podemos ter um número maior de alunos de pós-graduação, mestrado e doutorado, além de buscar parcerias com universidades do exterior.

Que tipo de pesquisas a FGV faz atualmente para o setor de óleo e gás?

Temos hoje em dia um convênio com o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e com a Universidade de Columbia (NY) para colaboração em pesquisas, mas nesta fase inicial, ainda sem credenciamento junto à ANP, empresas buscaram a FGV, mas não fechamos nenhum projeto. O ano de 2014 foi bastante importante para a criação de uma forte rede de contatos. Não só com as empresas do setor privado, mas também com o Ministério de Minas e Energia e a ANP.

Merece destaque um projeto que desenvolvemos no último ano, voltado para as questões do gás natural e os possíveis entraves para o seu desenvolvimento no Brasil. Consultamos diversas empresas do setor privado, o governo e associações que representam o segmento. Coletamos informações, trouxemos a discussão para dentro da FGV e lançamos o Caderno FGV Energia de Gás Natural, com entrevistas de especialistas do setor.

Que outros cadernos já foram lançados?

Além deste voltado para o gás natural, no ano passado também lançamos o caderno de sustentabilidade e o caderno de leilões de exploração e produção de partilha. Este último foi nosso primeiro caderno a ser lançado, ainda como piloto, em maio de 2014.

Qual será o próximo?

Em setembro lançaremos o caderno voltado para a energia nuclear. O formato será o mesmo: vamos até a indústria buscar as questões. Buscamos soluções, publicamos o caderno e abrimos o debate a partir disso.

Por que investir em PD&I na FGV e não em novas tecnologias?

Hoje, os principais entraves da cadeia produtiva de óleo e gás não estão na tecnologia. Em um período recente, houve um desafio tecnológico muito grande, que já foi superado, mas hoje os entraves regulatórios são os maiores. A importância desses estudos é tamanha, que, a partir de 2012, a ANP incluiu na relação de temas de pesquisa relevantes a análise de aspectos jurídicos, econômicos e da regulação da indústria do petróleo, gás natural e biocombustíveis. Segundo dados da ANP, os recursos voltados para PD&I somaram, aproximadamente, R$ 9 bilhões nos últimos dez anos e a expectativa é que alcancem R$ 2 bilhões anuais até 2020.

Como o senhor avalia o atual momento do setor de óleo e gás?

Hoje vemos um setor apreensivo com o momento vivido. Todas as empresas estão contidas no planejamento de novos investimentos e na participação de novos empreendimentos. Todas estão esperando o desenrolar das questões econômicas. O governo aponta que no final do ano uma nova configuração estará posta, e é isso que esperamos. O novo leilão previsto para este ano ainda deve ser o momento de retorno de crescimento da nossa indústria.

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