DELATOR AFIRMA QUE DILMA PEDIU AJUDA DE DELCÍDIO PARA SOLTAR MARCELO ODEBRECHT

dilmaMais uma vez, as revelações da Operação Lava-Jato formam nuvens escuras sobre o Planalto e a previsão é de uma nova tempestade. Em seu acordo de delação premiada, o ex-chefe de gabinete do senador Delcídio do Amaral, Diogo Ferreira, afirmou que a presidente Dilma Rousseff pediu ajuda ao parlamentar para que ele apoiasse na Justiça a liberação do empreiteiro Marcelo Odebrecht, condenado a 19 anos de prisão por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação criminosa. A intervenção, também acusada na delação de Delcídio, que vazou no início de março, seria feita por meio da indicação de Marcelo Navarro ao cargo de ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Segundo Ferreira, Delcídio relatou que Dilma conversou com ele em particular sobre o assunto, pedindo que houvesse um “compromisso de alinhamento com o governo” por parte de Navarro. O objetivo, de acordo com o depoimento do ex-chefe de gabinete, seria a soltura de réus importantes da Lava-Jato, entre os quais a presidente teria citado abertamente o presidente da Odebrecht.

O apoio à liberação teria ficado a encargo de Ferreira, que fez contatos com Navarro e mostrou à Polícia Federal (PF) mensagens de celular em que marca encontros do futuro ministro com Delcídio. Além disso, segundo o delator, o assunto também era tratado pelo senador junto ao então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

O depoimento de Ferreira reforça a tese apresentada por Delcídio em seu acordo de delação premiada, que agravou a crise política do governo há cerca de um mês com denúncias também sobre a figura do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. Assim como afirmou o senador, Ferreira disse que Lula tinha preocupação com a possibilidade de um acordo de delação por parte do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró. Em seu segundo depoimento, o ex-chefe de gabinete detalhou como recebeu pagamentos de Maurício Bumlai, filho de José Carlos Bumlai, destinados a comprar o silêncio de Cerveró.

Atualmente em regime de prisão domiciliar, Ferreira foi preso em novembro junto a Delcídio após ter sido gravado em reunião na qual prometia ajuda financeira ao ex-diretor da estatal e um possível plano de fuga. A operação também colocou atrás das grades o banqueiro dono do BTG Pactual, André Esteves.

O governo ainda não se manifestou acerca da delação de Ferreira. Quando foram vazados os depoimentos de Delcídio, a presidente Dilma negou quaisquer atos para barrar as investigações e afirmou que as acusações foram movidas por vingança do senador contra o governo. O ministro do STJ Marcelo Navarro também afirmou, à época, que se reuniu com autoridades, mas que nunca firmou qualquer compromisso para assumir posicionamentos específicos.

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