DIAS DEPOIS DE CHORAR POR PERDER CONTRATO PARA VENDER SUBMARINOS PARA AUSTRÁLIA, MACRON SORRI POR VENDER FRAGATAS E CAÇAS PARA A GRÉCIA
Quem não chora não mama. Nunca esta frase, imortalizada pelo bloco carnavalesco carioca Cordão da Bola Preta, esteve tão em voga na política internacional. Depois das reclamações emocionais do presidente francês Emmanuel Macron, pelo cancelamento da venda de 12 submarinos convencionais para a Austrália, agora a França anuncia um acordo bilionário com a Grécia, aclamado pelos líderes de ambos os países como um primeiro passo ousado para uma cooperação militar mais profunda no continente. A França entregará três fragatas Belharra de última geração para a Grécia até 2025, com a opção de um quarto navio de guerra também em oferta, eliminando as ofertas de Reino Unido e outros países da OTAN, num acordo que gira em torno de R$ 5 bilhões de Euros.
Depois de assinado o contrato, Macron disse que “Os europeus devem sair de sua ingenuidade”, descrevendo o pacto como parte de uma “parceria estratégica” mais profunda entre as duas nações para defender interesses comuns no Mediterrâneo. “Quando estamos sob pressão, precisamos mostrar que também temos poder e capacidade de nos defende. Isso é simplesmente nos fazer respeitar. O acordo não foi apenas um sinal de confiança na produção francesa, mas um primeiro passo audacioso para a autonomia estratégica europeia”, afirmou.
No primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, Macron encontrou um aliado voluntário. Mitsotakis chamou a ideia de um exército europeu de “uma proposta madura” e é um defensor vigoroso do continente “reconciliando” seu peso geopolítico com seu poder econômico. O acordo também teve um caráter euro-atlântico, acrescentou o primeiro-ministro grego, enfatizando que se tratava da criação de dois parceiros da União Europeia e membros da aliança ocidental: “O nosso acordo abre o caminho para uma futura Europa autónoma e forte. Uma Europa que pode defender os seus interesses na sua vizinhança mais ampla, no Mediterrâneo, no Médio Oriente, no Sahel. Uma Europa que fortalece sua defesa, em última análise, fortalece a própria aliança transatlântica”, disse.
O governo de centro-direita de Mitsotakis anunciou um grande Programa de Armas com o objetivo de modernizar as forças armadas da Grécia com a aquisição de aviões de combate, fragatas, helicópteros e sistemas de mísseis. O plano de defesa de € 6,8 bilhões já incluía a compra de 18 jatos Rafale de fabricação francesa, que agora aumentou para 24. Mitsotakis, no entanto, afirma que a Grécia não tinha intenção de entrar em uma corrida armamentista com a Turquia. Ao invés disso, alegou que a atualização era essencial após quase uma década de crise econômica e cortes persistentes no setor. Equipadas com capacidades de radar de longo alcance, as três fragatas serão construídas pelo Grupo Naval, controlado pelo estado em Lorient, no noroeste da França, a mesma empresa por trás do negócio de submarino fracassado.
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