FIRJAN DEFENDE TEMER NOS EUA E AVALIA QUE MUDANÇA DE GOVERNO REANIMARÁ SETOR DE ÓLEO E GÁS BRASILEIRO

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) / Enviado Especial – 

newsHOUSTON – As mudanças resultantes do atual cenário político conturbado são positivas e irão colaborar diretamente para uma indústria nacional de petróleo mais forte. Essa é a avaliação do presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, em mais uma demonstração de apoio de um representante do segmento industrial ao cada vez mais próximo governo Temer. A presidente Dilma Rousseff foi duramente criticada por Vieira em Houston, durante um evento organizado pela Bratecc, com a acusação de que ela vem espalhando uma “mentira oficial” pelo mundo. Para o executivo, tratar a situação como um golpe mais atrapalha do que ajuda, dando pouca credibilidade às instituições e impedindo investimentos estrangeiros no País. As primeiras impressões do futuro governo, no entanto, agradam ao líder da Firjan. A capacidade de diálogo do vice-presidente Temer foi bastante elogiada, além da disponibilidade de delegar poderes a terceiros, especialmente no setor econômico. A entrada de novos nomes nos ministérios e na presidência da Petrobrás deve colaborar para superar a crise vivida na indústria de petróleo, sustentada principalmente pelo baixo preço do barril e pela incapacidade de novos investimentos por parte da Petrobrás. As mudanças nas regras para operação no pré-sal, já aprovadas no Senado, também animam o setor e podem significar novos grandes investimentos no Brasil. “Nós temos tudo para aumentar a produção, para chegar a 4 milhões de barris por dia. Agora, precisamos ter o horizonte claro na questão da regulação e dizer ao mundo que os investidores são bem-vindos. Esse movimento que estamos fazendo em Houston nesta semana é neste sentido”, comentou.

Como a Firjan está vendo este momento político pelo qual o país está passando?

Estamos otimistas. Nós vamos ter a mudança de governo. Os nomes já estão sendo aventados pela imprensa, e nós temos aí pessoas competentes na área de economia. O primeiro objetivo é trazer credibilidade. Nós estamos aqui nos Estados Unidos e vemos a dificuldade que o Brasil tem em função de ninguém mais acreditar na nação.

E como o Rio está sendo afetado no setor de óleo e gás?

Evidentemente que na questão dó óleo, o Rio de Janeiro é muito prejudicado por dois fatores. Um deles é a questão da Lava Jato, com própria Petrobrás parada, em função de pouca liquidez e da incapacidade de investir. E também o preço do barril, que atrapalha muito o orçamento público do recebimento dos royalties. Nisso tudo, a boa notícia é que o Brasil vai ter que alterar a lei para deixar a Petrobrás livre da obrigatoriedade da operação e dos 30% no pré-sal. Isso faz com que os leilões possam acontecer e os investidores estrangeiros possam desenvolver essa produção. Nós temos tudo para aumentar a produção, para chegar a 4 milhões de barris por dia. Agora, precisamos ter o horizonte claro na questão da regulação e dizer ao mundo que os investidores são bem-vindos. Esse movimento que estamos fazendo em Houston nesta semana é neste sentido.

O senhor fez um discurso bastante crítico em relação ao governo federal atual. Como está o contato com o vice-presidente Michel Temer, que deverá assumir a presidência em breve?

Eu não fiz crítica. Eu pautei o que está acontecendo. O governo atual está dizendo que está havendo um golpe. E isso evidentemente afeta de uma forma dramática a imagem brasileira. Então, disse que isto é conversa fiada. Quanto ao vice-presidente, ele tem conversado com todos nós. Ele tem essa qualidade do diálogo. O Temer sabe que não entende da economia real. Ele tem a qualidade de delegação das coisas para terceiros, pessoas em quem ele tem confiança. Então, estou convencido de que, a partir da semana que vem, nós vamos descortinar um Brasil que há muito tempo não vemos. Um Brasil mais relaxado, um Brasil do diálogo. Evidentemente temos um passivo complicado a pagar, mas temos que endereçar esta questão. O vice-presidente da República tem uma facilidade enorme de diálogo no Congresso Nacional. Nós estamos aqui numa democracia verdadeira, logo, é importante o diálogo. Existem vários trunfos que levam o setor produtivo a crer que nós vamos ter luzes melhores daqui a algumas semanas.

O senhor mencionou que há nomes circulando. De fato, o senhor foi um dos mencionados para assumir a presidência da Petrobrás. O senhor recebeu este convite ou para algum outro cargo?

Não, felizmente para nenhum cargo.

Felizmente?

Nunca trabalhei no governo e não será agora que eu vou trabalhar. Não tenho essas habilidades.

Mas o senhor teria interesse se fosse convidado?

Não. Quando eu falei bons nomes, eu estava me referindo ao eventual futuro ministro Henrique Meirelles, o ex-ministro José Serra e a senadora Ana Amélia Lemos. Estão se falando em nomes robustos.

Na área de óleo e gás, especificamente, quais serão os perfis adequados, na sua opinião, para o Ministério de Minas e Energia e para a presidência da Petrobrás?

O importante é que, tanto no ministério quanto na Petrobrás, tenhamos nomes que conheçam o setor de petróleo. Mas eu não gostaria de especular coisa alguma. E eu nem sei se a diretoria da Petrobrás será alterada. A diretoria atual está fazendo o máximo de esforço para colocar a Petrobrás no rumo certo.

A presidência, inclusive?

Toda a diretoria da Petrobrás está fazendo um esforço grande. Eu não estou lá para saber “quem tá trabalhando no quê”. Mas a diretoria está fazendo um grande esforço para colocar a Petrobrás num processo que é necessário. Foi falado aqui [na OTC] que a Petrobrás está oferecendo ativos. Ela fez vendas na Argentina e no Chile. Está se construindo aí uma agenda positiva. O que atrapalha a Petrobrás é justamente o ambiente externo, inclusive o governo. Eu tenho certeza de que a Petrobrás vai ter uma vida muito mais tranquila daqui em diante.

Como a Firjan pretende participar deste novo governo, ajudando a reanimar a indústria nacional e, especificamente, o setor de óleo e gás?

Continuando a fazer o que sempre fizemos. A diferença agora é que esse processo será mais intenso e participativo porque o perfil do vice-presidente Temer está nesta direção: da participação, da conversa e do diálogo. E é isso que se faz num país de 200 milhões de pessoas. Se faltar o diálogo, não tem país.

Qual a expectativa em relação ao cenário do Brasil para estes próximos anos?

Posso dizer com certeza que o Brasil estará muito melhor do que estava. Nós brasileiros vamos sair muito melhores deste processo da Lava Jato. A política brasileira será melhorada. A população brasileira acordou ao ver aquela votação do impeachment e percebeu que todos nós somos responsáveis pelas pessoas que estamos colocando na Câmara dos Deputados. Isso é muito bom. Eu acho que empolga a juventude e empolga a participação. Não é trivial o país colocar líderes políticos do partido que está no poder e bilionários na prisão. Isso não são todos os países que fazem. Estamos vendo milhões de pessoas nas ruas discutindo suas ideias em paz. 

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NOTA: As entidades do segmento de Petróleo & Gás, ver com preocupação, nesse momento a possível nomeação para cargos no setor de P&G, de pessoas com o perfil do diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), ADRIANO PIRES, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Apesar do seu curriculum, esse senhor só externa profecias catastróficas, cada vez que fala sobre algo no setor cria uma situação ou acontecimento da pior natureza possível e de impactos quase sempre irreversíveis. É um irresponsável, que deve ser evacuado por todos, ainda mais num instante como esse. Esse tipo de elemento… Read more »