ESTALEIRO BRASA BUSCA SERVIÇOS EM REFINARIAS, TERMELÉTRICAS E PLANTAS DE PROCESSOS EM GERAL

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

Ivan FonsecaO Estaleiro Brasa foi fundado entre o final de 2011 e o início de 2012, em Niterói, e rapidamente se tornou um dos mais ativos do país, na esteira dos projetos da SBM Offshore, que controla o empreendimento em parceria com o grupo Synergy. Passados os primeiros anos de bonança, já com a entrega de módulos e serviços de integração para três FPSOs da Petrobrás, o Brasa se vê numa situação semelhante à de boa parte da indústria naval e offshore brasileira: à espera de novidades. Para lidar com esse período de baixa, que afetou toda cadeia de óleo e gás nacional, o estaleiro se abriu para o mercado portuário, oferecendo serviços de armazenagem, logística e apoio, além de buscar oportunidades em serviços de alfandegagem e manutenção offshore. Mas não parou por aí. O gerente geral do Brasa, Ivan Fonseca, conta que resolveram dar um passo além e pretendem entrar no mercado das empreiteiras, buscando negócios também em refinarias, termelétricas e quaisquer outros projetos que envolvam plantas de processos. “Normalmente, quem faz isso são as empreiteiras, mas estamos querendo abrir essa caixa preta. O que fazemos são plantas de processos divididas em módulos, que depois vão para cima de um navio. Então é uma planta de processos, só que flutua. Com a expertise que temos aqui, podemos fazer, por exemplo, o que o Comperj precisa”, afirma o executivo.

Após a entrega dos três FPSOs para a Petrobrás, quais são os próximos projetos em vista para o Brasa?

A nova fase é de conseguir sair da tristeza. Porque quando se sai da posição que estava à todo vapor, com milhares de pessoas empregadas, mesmo que as demissões sejam graduais, o ambiente fica ruim. E, além disso, o clima invade também de fora para dentro. Então nosso principal trabalho aqui foi buscar força para transmitir otimismo e vontade para continuar o trabalho.

Dentro dessa linha, do jeito que estão as coisas, sabendo que não teremos outros FPSOs antes de 2018, estamos fazendo um planejamento para ainda estarmos aqui se houver um projeto desses até lá. Então nos abrimos para o mercado portuário e estamos buscando arrendar espaço para armazenagem e logística – porque geograficamente estamos muito bem posicionados.

Como está avaliando o cenário da indústria naval e offshore no Brasil?

O mercado naval e de apoio offshore está ruim. Tem contratos sendo cancelados, então o cenário é muito ruim por enquanto. Mas as propostas do fim da operação única e de ampliação das possibilidades de contratações em avaliação no congresso podem fomentar novamente o mercado. Isso pode atrair novas empresas de fora e gerar novos investimentos. Enquanto isso, vamos esperando. E, considerando que pelo próximo um ano o mercado offshore vai continuar assim, estamos buscando apoio portuário, serviço de armazenagem e logística. O próximo passo será estabelecer uma área de serviços alfandegados, e a atividade de manutenção offshore, que também está devagar.

A Petrobrás fala em campos maduros, os estrangeiros em brownfield, mas enquanto tivermos barreiras legislativas, vamos continuar na expectativa. Então a curto-médio prazo o que temos a fazer é manter a equipe mínima, serviços de manutenção, logística, apoio e armazenagem. Para não ficarmos só nisso, resolvemos que, como fazemos integração de plantas de processo, à exemplo dos módulos para os FPSOs, vamos avaliar outros empreendimentos do tipo, como unidades em refinarias, plantas nucleares, termelétricas, enfim, plantas de processo em geral.

Como seria isso? Trabalhariam como empreiteira?

Normalmente, quem faz isso são as empreiteiras, mas estamos querendo abrir essa caixa preta. O que fazemos são plantas de processos divididas em módulos, que depois vão para cima de um navio. Então é uma planta de processos, só que flutua. Com a expertise que temos aqui, podemos fazer, por exemplo, o que o Comperj precisa, com a interconexão de unidades e a conclusão da operação. A mesma coisa com uma planta de gás térmica.

Enquanto não tem nada para trabalhar flutuando, vamos trabalhar em terra. É o nosso alvo no mercado, que existe e que tem muita gente olhando. Mas temos uma diferença em relação às empreiteiras. Normalmente eles não têm mão de obra própria e terceirizam tudo. Basta ver o que acontece com as grandes empresas de construção civil. O que fazem é gerenciar. Tem um núcleo de gerenciamento, controle e planejamento, mas a grande maioria é subcontratado e terceirizado. É uma coisa que funciona, mas que não garante uma melhoria na segurança do trabalho. Então estamos tentando vender o que o Brasa tem de melhor: o nosso pessoal , a dedicação desse pessoal, o comprometimento, que resultou na entrega dos três FPSOs em três anos.

Quais projetos mais interessantes?

Os mais interessantes seriam, por exemplo, o Comperj, que são projetos de interligação e fabricação de módulos para uso em refinaria. É uma tendência moderna de quando for fazer uma intervenção numa refinaria – não é o caso do Comperj, que ainda está em fase de construção – você ter o problema de trabalhar enquanto ela produz, então a tendência é fazer em módulos, da mesma maneira como fazemos aqui os trabalhos no estaleiro.

O objetivo é sempre trabalhar fazendo módulos para essas plantas de processo?

Isso seria uma das opções. Quando não for esse o caso, de fazer modularizado, nós vamos mandar a mão de obra para lá.

Qual o tamanho da equipe do Brasa atualmente?

Hoje temos um total de 450 pessoas e a equipe de mão de obra direta de organização da área está em torno de 300 a 350. E isso é o creme do creme, onde tem supervisão etc. Os operários, que correspondiam a quase 3 mil, estão no mercado e temos compromisso com eles. Se ganharmos projetos, vamos chamá-los de novo e levar adiante.

Em Macaé, por exemplo, tem térmicas que estão em fase de manutenção e vamos procurar esse mercado também. Se formos um pouco mais para cima, lá em Cubatão, também se faz isso, assim como nas demais refinarias da Petrobrás. Claro que se for distanciando mais, a coisa se complica logisticamente. Mas o mais importante para nós é ter algum negócio viável. Assim como as empreiteiras fazem, também estamos nos candidatando a fazer.

Já tem algum projeto do tipo em negociação?

Já estamos participando de licitações, mas os resultados ainda não saíram. O Comperj, por exemplo, interessa. Não é do nosso escopo, mas teríamos interesse me pegar uma parte disso.  

Existe a possibilidade de outros projetos da SBM venham a ser realizados no estaleiro brasileiro, a partir de encomendas em outros países?

Em relação aos projetos da SBM, não sei te informar. Mas, como ela tem sete FPSOs aqui no Brasil, estamos cotando para a manutenção deles, junto com outros fornecedores concorrentes. Estamos recebendo muitos convites da própria SBM, mas não tantos da Petrobrás. Nos questionamos sobre isso, mas a resposta que conseguimos é que a Petrobrás tem contratos de manutenção de longo prazo, e as empresas vão fornecendo serviços por esse período, com os contratos válidos, e a Petrobrás não abriu licitações novas para esse mercado ainda. Ele está praticamente cativo para empresas que têm esse tipo de acordo. Nossa esperança é que esses contratos não sejam prorrogados automaticamente e abram o leque para outras empresas, com ao nossa e algumas outras que têm boas reputações técnicas.

O estaleiro é competitivo em comparação a outras unidades da SBM pelo mundo?

Essa história do competitivo dá um seminário a parte. Se for competição com pessoal asiático, não conseguimos competir e os motivos são o custo Brasil, os tributos, a logística, o nível de exigência de requisitos de QSMS etc. Mas quando se comparados com empresas que tem o mínimo de organização apara atender quesitos de QSMS, compliance etc, somos competitivos. Se considerar o padrão das pequenas empreiteiras que os caras têm uma equipe mínima e tudo subcontratado, não da para competir. Mas como a Petrobrás está levando tudo muito a sério, filtrando no seu cadastro as empresas que realmente atendam à legislação, no rigor que ela determina nos próprios contratos, nosso preço tem sido atrativo e competitivo, e temos sido convidados para muitos serviços por causa disso.

Um ponto importante de destacar é o nosso grande investimento em treinamento e capacitação.

Como se dá esse investimento?

O Brasa tem um programa de treinamento intenso, não só para funções técnicas, mas também para funções gerenciais, e cadastramos todos os funcionários que trabalharam nos projetos do estaleiro, para podermos recontratá-los assim que tivermos novos projetos.

Além disso, temos uma escola de solda com tecnologia de ponta, que foi inaugurada em março deste ano, e estamos formando jovens da região do entorno, já tendo capacitado 45 jovens nesse curto período de tempo. Contamos com a cooperação da Firjan, o Senai fornece os técnicos, dá todo o apoio do método de treinamento deles, e outras empresas contribuíram também. É um trabalho voltado à comunidade local, aberto a jovens profissionais, que tenham pelo menos o ensino médio completo. A cada 60 dias, colocaremos entre 40 e 50 novos profissionais capacitados da comunidade no mercado de trabalho. Cadastramos esses jovens para futuros serviços também. 

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Ronaldo Mendonça Da Silva
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Ronaldo Mendonça Da Silva

boa tarde Ivan Fonseca gostei de saber que o brasa a qualquer momento pode retornar as obras eu sou ex funcionario trabalhei no comando como encarregado de solda 1 ano e 10 meses so nao fui promovido esperando mas pra mim foi um estaleiro melhor que trabalhei eu trabalhava com fogaça trabalhei nos modulos de ilha bela de saquarema e de marica fiquei muito triste quando acabou mas espero ansioso com a retomada das obras espero fazer parte dessa equipe novamente. obrigado por ter feito parte de uma empresa como o brasa.

Cristiano Batista
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Cristiano Batista

É uma ótima notícia apesar de não ter total certeza, mas sigo confiante que tudo vai voltar a ser como antes e prá melhor.. Trabalhei durante dois anos nessa empresa na qual me orgulho muito, fiquei super triste por sair.. Mas infelizmente faz parte do processo, era encanador industrial, fui dispensado.. Pois era novo na área mas atendia todos os quesitos,posso dizer que foi a minha primeira empresa que trabalhei, fiquei empregado numa em itaborai por 4 anos , e foi uma péssima experiência que obtive,fui dispensado injustamente e até hoje ainda não recebi.. Me surpreendeu a gigantesca diferença de… Read more »

Antonio carlos
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Antonio carlos

Sr ivan vou lembrar de uma coisa como o senhor mesmo me falou um frase muito popular quem nao chora nao mama a outra coisa quem engorda o gado e o olho do dono tem pesseoas de sua confiaca que nem sempre toma as desicoes corretas vai um alo do mano cantoneira a e boa sorte

Luis Claudio Mota Leite Mat.346
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Luis Claudio Mota Leite Mat.346

Gostei muito de saber do projeto da empresa em expandir sua área de atuação sem dúvida vai alcançar o sucesso esperado e também espero ser lembrado para um futuro projeto.Sem ´duvida foi uma das melhores empresa em que trabalhei.Estarei torcendo para que tudo dê certo.parabéns à direção pela iniciativa.

Marcio Aurelio E. Cerqueira
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Marcio Aurelio E. Cerqueira

Olá Ivan !
Trabalhei com vc no projeto da P-62 em Recife na equipe de Planejamento do Clairton e Gastão , fico muito feliz em saber que a qualquer momento o Estaleiro estará novamente a todo vapor , caso precise de um Técnico de planejamento estarei a sua disposição.
Parabéns pela sua iniciativa de buscar novas oportunidades nesse grande mercado.
Um abraço.

Yan Douglas
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Yan Douglas

Muito bacana o estaleiro-Brasa estar tentando outros campos porém teriam que ter vergonha em dispensar funcionários com estabilidade de Cipa muitos deste com esposas e filhos em tratamento médico e funcionário que se dedicaram desde de o início do estaleiro sendo ele estará acumulando muitas causas trabalhistas ainda cometendo essas injustiças com trabalhadores dedicados e que juntos construíram um estaleiro conhecido internacionalmente na área naval essa situação.

marcio gonçalves
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marcio gonçalves

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