FIDENS DESISTE DE OBRAS NO COMPERJ, DEIXA RASTRO DE DÍVIDAS E AMEAÇA 900 EMPREGOS

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

Comperj

Mais uma empresa passa por sérias dificuldades em função das relações com a Petrobrás. Desta vez é a Fidens Engenharia, companhia mineira tradicional na área de construção civil e montagem industrial, que está entregando os contratos das três obras que possui no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, antes da conclusão. Além do atraso que a paralisação vai gerar, fica um enorme rastro de dívidas, ainda não calculado, com dezenas de fornecedores, grandes e pequenos, que deve acabar chegando à porta da Petrobrás. O presidente do Sinticom, Manoel Vaz, que representa os trabalhadores da região, estima que a parada nas obras deva gerar até 900 demissões e já procurou o Ministério Público para garantir a intermediação de uma reunião com a empresa e a petroleira.

A Fidens passa por um momento complicado financeiramente e solicitou à estatal uma paralisação temporária das atividades, até que seja identificada uma solução para a retomada das obras. A Petrobrás já está analisando alternativas para a continuação dos trabalhos e pretende buscar a garantia de que os operários recebam, por parte da Fidens, os valores decorrentes das rescisões de contratos, mas a estatal ainda não se posicionou oficialmente. O presidente do Sinticom ressalta que este também é o foco das atenções do sindicato.

“A nossa preocupação é o direito dos trabalhadores ser garantido e o reaproveitamento da mão de obra que será dispensada”, afirmou Vaz, contando que a reunião deve acontecer na próxima semana.

A Fidens vinha há algum tempo tentando negociar com a Petrobrás o recebimento de aditivos nos contratos, referentes às obras da Unidade de Tochas de Refino (U-5412); do primeiro conjunto de edificações; e da torre de resfriamento (U-5601) do Comperj. No entanto, as negociações não avançaram.

Duas das obras já estavam perto do fim, como contou Manoel Vaz, de modo que em breve haveria a desmobilização natural do encerramento de contratos. Porém, todas as três estão atrasadas. A primeira delas, referente ao conjunto de edificações, estava prevista para terminar em junho de 2013; a segunda, da torre de resfriamento, para agosto passado; e a do flare, para janeiro deste ano. Procurada, a Fidens preferiu não comentar o assunto.

Histórico

A questão é a mesma que vem afetando muitas empreiteiras contratadas pela estatal nos últimos dois anos. Alguns casos marcantes envolveram empresas que atuam há décadas no setor de óleo e gás brasileiro e acabaram se vendo em posições complicadas. Uma das primeiras a reclamar da postura da Petrobrás nas negociações foi a Tenace, da Bahia, que pediu a falência em novembro de 2012 e recebeu a aprovação da justiça em outubro do ano passado.

Na época, a empresa alegou que o projeto original de um contrato com a estatal precisou ser modificado em função de condições adversas encontradas no local da obra, realizada no Rio Grande do Norte, mas não obteve a aprovação da Petrobrás para os aditivos referentes aos custos extras que teve no empreendimento. A empresa empregava 3 mil funcionários.

Em janeiro de 2013 foi a vez do aperto da GDK, que pediu recuperação judicial por dificuldades financeiras, sendo que boa parte de seus contratos eram relativos à Petrobrás. Em fevereiro do mesmo ano, a Conduto também passava por um momento de aperto, quando sua dívida com credores chegou a cerca de R$ 80,6 milhões, fruto principalmente de problemas em uma obra na Refinaria Abreu e Lima (Rnest).

Em agosto, o caso da Multitek despertou de vez o sinal vermelho no mercado, quando a empresa anunciou a demissão de 1.700 empregados, reclamando de um débito da Petrobrás de R$ 245 milhões. Além do problema trabalhista, a questão gerou atrasos, já que a empresa, que atuava no setor há 28 anos, paralisou as 13 obras em que estava trabalhando para a estatal.

Pouco depois, a Produman, que realizava serviços de manutenção na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), também deu um passo atrás, demitindo cerca de 1.500 pessoas sem o devido pagamento das rescisões. Outras empresas, como Jaraguá, Egesa, Sertenco e Lomater também passam por complicações similares, mas o problema não parece ter sido muito bem avaliado internamente na Petrobrás.

A presidente da petroleira, Graça Foster, sempre que questionada, afirma que pleitos não significam compromissos, mas negociações. No final de setembro passado, ela reconheceu em entrevista coletiva que haviam sido realizadas algumas mudanças na forma de avaliação dos pleitos, mas não quis revelar o volume de recursos em discussão.

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ASSIS PEREIRA
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ASSIS PEREIRA

ÓRFÃOS DE PAULO ROBERTO COSTA Todas as Empesas relacionadas na matéria: FIDENS/TENACE/GDK/MULTITEC/PRODUMAN/JARAGUA/EGESA/SERTENCO foram guindadas para dentro dos processos licitatórios em andamento nas Estatais, por ordenamento direto do Diretor PR COSTA, sem a devida qualificação técnica, juridica, financeira e fiscal corrompendo o Gerenciamento do Banco de Dados da Estatal no seu programa de Gestão de Fornecedores – PROGEFE. Não é dificil constatar o fato, basta consultar os Relatórios de Comissão dos processos licitatórios para certificar no Documento que a Diretoria Executiva autorizou o processo para constatar a decisão “Ad Referendum” do Diretor Costa, colocondo no certame licitatório essas empresas, sem as… Read more »

marcus
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marcus

Quem quebra e a empresa, e os trabalhadores. Os empresários continuam ricos, ou mais ricos ainsa.

xxx
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xxx

Quem dera meu amigo!!! Tenha certeza que vc etsá bem melhor que estes empresarios quebrados com 5 gerações de dividas….Sabe de nada inocente!!!!

MaxVale
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MaxVale

Só sei de uma coisa, As empresas estão todas no aperto, os contratos são fechados com margens muito pequenas e com clausulas de eficiência difíceis de serem alcançadas, pois a própria BR não consegue abrir caminho para essa tão pleiteada eficiência e por consequência, as empresas acabam sendo penalisadas e recebendo apenas 60 ou 70% da diaria contratada, com um lucro declarado contratualmente muito pequeno. E cá entre nós, ninguem consegue sobreviver com uma clausula que diminui sua receita quase a metade com uma margem de lucro muito pequena. Falo isso por experiência propria, mas espero que no futuro a… Read more »

Rodrigo
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Eu penso, que o melhor caminho para a petrobrás são 2:

1) O Governo Federal para com os mandos e desmandos parando de saquear a petrobrás e consequentemente de influenciar diretamente em suas ações.

2) Privatizando. Sim, vendendo ela, pois do jeito que está indo as ações, a única coisa que vai salva-la é a privatização, ou acham que o governo vai depositar 1 real na conta da Petrobrás?

Alex
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Alex

Pensa bem. Você acha que com a arrecadação de impostos que a empresa gera vai acontecer a privatização? E se vender você acha que vai pagar este preço na gasolina/álcool?

Zergui Pfleger
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A pretensão inicial do Governo Federal sempre foi de entregar o patrimônio público.
Exemplo disso foi a construção do Porto de Mariel, em Cuba, construído com o dinheiro dos brasileiros via BNDES
Perdemos as refinarias na Bolívia e ficou por isso mesmo.
Agora o Brasil pagará por 80% do custo do porto no Uruguai, já que esse país está encrencando com a Argentina
É o nosso dinheiro sendo jogado fora

trackback

[…] Petrobrás se posicionou oficialmente sobre a situação da Fidens em relação às obras no Comperj e disse que vai trabalhar para garantir aos empregados da empresa mineira o correto pagamento, por […]

jackson antonio
Visitante
jackson antonio

foi funcionário da jaraguá na rnest e não recebi a diferencia salarial e a minha rescisão foi paga erada e ainda ninguém faz nada essa presidenta da Petrobras ta acabando com as empresa no brasil e deixando muita gente despregando no Brasil….povo brasileiro termo q acorda é ano de eleição vamos ver em que voltar

Alex
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Alex

Quem está acabando é a própria Jaraguá que não deve ter gestão financeira nem técncica. Entrou na licitação de acordo com o comentário feito antes com a “ajuda” do sr. Paulo Roberto.

Andreson Bispo Silva
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Andreson Bispo Silva

Petrobras orgulho nacional ou vergonha nacional? O projeto de manutenção de poder o PT tem atrasado o pais que deveria esta em um patamar de desenvolvimento muito maior do que se encontra. A Petrobrás é alvo de denuncias de corrupção e é vergonhoso esta situação.

vicente
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SÓ QUEREMOS RECEBER OS NOSSOS DIREITOS

dd
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dd

As empresas citadas são de grande porte e não foi a falta de um ou dois aditivos os responsáveis por este enredo. As constantes greves dos trabalhados e seus pleitos sem qualquer cabimento influenciaram talvez em mais de 50% para tal ocorrência.

E agora, vão fazer greve onde cambada de oportunistas?

sandra
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sandra

E nos dos alojamentos tbm estamos passando por situação difícil por falta de pagamento dessa empresa,estamos desde janeiro sem pagamento,com a quitação de funcionários contas de luz e demais contas tudo em atraso, esperamos que a Petrobras faça algo para resolver essa situação.

joão maria
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joão maria

Estou á dois anos esperando a Fidens me reembolsar despesas que tive com exames pré-admissionais que fiz para ir trabalhar em uma obra dela na angola e não recebi até hoje.Srs diretores da Fidens,será que não foi o capeta que viu essa sacanagem que a Fidens fez comigo e resolveu mandar um castigo pra vocês provarem do mesmo veneno?

analista
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Infelizmente depois que essas duas mulheres assumirão o poder do nosso país virou uma catástrofe Dilma russef , Graça Bostere .Isso vem do passado Deus criou o homem e dele se fez a mulher da sua costela nada contra mas a mulher não tem saco para aguentar a pressão.

Itamar luis da cunha
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Itamar luis da cunha

JA TRABALHEI COM VOCES PESSO POR FAVOR QUE ME ENVIE MEU PPP