FTI CONSULTING APOSTA EM SOLUÇÕES DE COMPLIANCE E AMPLIA ATUAÇÃO NO MERCADO BRASILEIRO DE PETRÓLEO

Por Luigi Mazza (luigi@petronoticias.com.br) –

Foto Sandro CunhaAlém de um rastro de crise no setor de óleo e gás, a Operação Lava-Jato resultou em novos impactos sobre a forma de fazer negócios no Brasil. Diante da revelação de esquemas ilícitos em diversas áreas do segmento, as empresas vêm ampliando suas práticas de compliance para garantir a confiança de investidores e potenciais parceiros. Com uma pressão ainda maior por parte da Petrobrás, o setor vem movimentando grandes demandas e atrai a atenção de companhias como a FTI Consulting, que presta serviços de análise e certificação de documentos para assegurar maior transparência a contratos. De acordo com o diretor da empresa, Sandro Cunha, o segmento vem tomando um rumo adequado e segue agora as tendências adotadas no mercado europeu, o que pesa positivamente sobre a entrada de novos investimentos na indústria brasileira. A consultoria, que hoje fatura cerca de R$ 90 milhões com a cadeia nacional de óleo e gás, desenvolveu o FTI Comply, ferramenta que permite a criação de procedimentos internos de gestão e orienta a implantação de medidas de segurança em companhias. Com esse foco, aposta em um crescimento ainda maior das demandas por compliance, que tendem a se expandir para outras áreas do mercado nos próximos anos. “Existe essa busca por maior transparência nas contas das empresas porque isso atrai mais projetos de fora”, afirma Cunha. O mercado vê isso como uma solução para resolver a crise.

Quais os serviços prestados pela FTI no setor de óleo e gás?

Nós começamos na área de tecnologia, fazendo suporte de internet em plataformas, para que as empresas não perdessem o controle da produção. Na área de investigação, nós estamos atuando bastante no suporte ao compliance, devido à questão da Operação Lava-Jato. Nós temos uma ferramenta, o FTI Comply, que ajuda as companhias a manterem um procedimento para atuar com esse novo conceito. Além disso, trabalhamos com a área de construção, tanto de refinarias e derivados quanto de plataformas e FPSOs. Fazemos o gerenciamento de contratos e riscos, assim como assistência técnica a litígios que possam acontecer. 

Quanto o setor de óleo e gás representa hoje para a FTI?

O setor de óleo e gás, na área de construção, representa cerca de 40% dos casos. Para a FTI como um todo no Brasil, a diversidade é maior; essa fatia fica em torno de 30% dos negócios. A perspectiva de crescimento é grande, pelo que vem acontecendo. 

Qual é o faturamento total da empresa? 

A FTI como um todo, no mundo, tem US$ 1,7 bilhão em valor de mercado. No Brasil, como o dólar aumentou, o nosso faturamento gira hoje em torno de R$ 300 milhões.  

Como enxergam hoje as mudanças de compliance no mercado brasileiro?

O compliance já está presente há tempos, mas nunca foi dada muita atenção a isso. Hoje está tomando um rumo mais adequado, como é feito nos Estados Unidos e na Europa, que já vêm utilizando compliance com as regras internacionais. Eles têm muita experiência nisso, e agora está tomando corpo no Brasil. As medidas estão sendo implantadas adequadamente, e as empresas estão começando a respeitar melhor essas questões. 

Como é a atuação da FTI nesse segmento?

Na área de compliance, nós prestamos suporte ao desenvolvimento de procedimentos para as empresas, além de outras medidas. Nós ajudamos a assegurar que as regras estão sendo seguidas e cumpridas, passando por esse nosso modelo de comply. É como uma lista de pontos necessários que apresentamos às empresas, e elas podem responder formulários e documentos para que tudo esteja de acordo com as normas estabelecidas. 

A FTI conta com produtos voltados a esse mercado?

Não temos tecnologias, mas procedimentos. A nossa área de TI tem suas ferramentas para assegurar a proteção contra hackers, além de muitos bancos para proteger a segurança tecnológica, com a manutenção de dados. Nós temos também um software para ajudar em casos de disputas específicas, através do qual podemos filtrar e pesquisar documentos com maior rapidez. 

Apesar da crise no setor, essas demandas estão crescendo?

As demandas estão crescendo, porque o mercado vê isso como uma solução para resolver a crise. As empresas estão adotando critérios mais rigorosos na questão financeira, na documentação de negócios e contratos, e com isso existe uma maior segurança de que não está acontecendo corrupção ou lavagem de dinheiro. Essa demanda cresceu bastante desde o ano passado, quando começou a Lava-Jato e o termo compliance passou a ser mais divulgado. A Petrobrás tem exigido assinatura de termos voltados a isso, e outras empresas também. 

Isso vem se expandindo para outras áreas?

Como a Lava-Jato é focada no segmento de óleo e gás, as demandas estão crescendo principalmente nessa área. Mas também temos demandas nos setores de energia, telecomunicações e outros segmentos; o mesmo acontece com a área de construção. Temos trabalhado muito com a preparação e análise de pleitos, resoluções de disputas de forma alternativa, mediações e até o litígio. 

Acha que as atuais regras de compliance vão resistir ao longo prazo no mercado brasileiro?

A perspectiva – e temos visto isso em diversas conferências onde tratamos do tema – é de que isso aumente exponencialmente com a demanda. Isso não vai se espalhar só pelo setor de óleo e gás, mas vai aumentar em todos os outros setores da indústria brasileira. Existe essa busca por maior transparência nas contas das empresas porque isso atrai mais projetos de fora. As companhias que investem no Brasil exigem esse nível de controle de compliance, então quanto maior isso, melhor será para atrair investimentos. Elas têm a esperança de que isso aumente no país. 

A FTI busca atuar com a adaptação dessas empresas estrangeiras no Brasil?

Sim, com certeza. A FTI tem mais de 4 mil funcionários e atua em 27 países, então já pratica isso fora também. No Brasil, o que temos de serviços para filiais de empresas estrangeiras é auxiliar a ter o compliance, para comprovar que a companhia está fazendo tudo corretamente. O que tem acontecido é que várias empresas de fora estão decidindo fechar suas unidades no mercado brasileiro. Então ou elas pulam fora ou implementam essas regras de compliance; por isso estamos tendo esse aumento de demanda no país.

Qual a principal área de atuação da FTI no mercado de óleo e gás?

Nós atuamos mais no downstream, com refinarias, devido à quantidade de projetos que tivemos nos últimos anos. Alguns contratos pararam, mas muitos ainda estão em andamento ou conclusão. É no fechamento que aparecem as disputas entre as empresas. Alguns casos não são resolvidos ao longo do projeto e acabam sendo discutidos no final, quando se acumulam vários pedidos e problemas financeiros. São questões que uma parte avalia que deve entrar como aditivo, a outra não, e isso acaba gerando um conflito que vai para segunda instância, judiciária ou arbitrária. 

Como é feita essa mediação com as empresas?

A FTI pode ajudar de diversas maneiras. A primeira é entrar para ajudar na negociação. A segunda seria fazer uma análise independente para as duas partes, como uma mediação que apresenta uma opinião de fora, sem pesar para qualquer lado. E a terceira forma seria atuar como assistente técnico em uma arbitragem ou litígio, em que preparamos uma análise documental como se fosse uma perícia para comprovar o pedido que está sendo feito. 

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