GOVERNO PRETENDE DESAPROPRIAR ÁREA DO ESTALEIRO CANECO PARA TRANSFORMÁ-LA EM DISTRITO NAVAL

Julio BuenoO processo de falência do estaleiro Caneco, no Caju, com um potencial imenso de abalar o setor naval do Rio de Janeiro, entrou em nova fase, já com turbulências a vista. Foi marcado para o dia 31 deste mês o leilão da área que fica na Zona Portuária, atualmente ocupada pelas empresas Intercam e pelo Grupo Rio Nave, mas pode ser que o certame não ocorra. Enquanto os prejudicados pela falência do estaleiro torcem para que o leilão siga adiante, o cenário que está se traçando deverá seguir outro rumo, com a desapropriação da área pelo governo, em favor da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin), com o intuito de transformar o local em distrito naval.

Dois decretos assinados pelo prefeito Eduardo Paes favorecendo a manutenção do local como área voltada para a indústria naval, e publicados no Diário Oficial do Município do Rio no dia 18, podem novamente alongar mais o processo. Um deles declara de utilidade pública, para fins de desapropriação, e em favor da Codin, a área de 141 mil metros quadrados, na Rua Carlos Seidl, no Caju. O outro cria na mesma área o Distrito Industrial Naval do Município do Rio, que destina o terreno a empresas do segmento, cabendo à Codin promover o processo de ocupação da área.

O leilão da área previsto para o final desse mês foi apontado pelo secretário de desenvolvimento, Julio Bueno (foto), como um dos motivos para desapropriação. Para ele, a venda da área poderia gerar demissões e afastar investimentos voltados para a área naval, caso fosse comprada por grupos de outros segmentos.

Essa será a quinta vez que a Vara Empresarial da Capital, instância em que o processo de falência tramita, busca promover o leilão do terreno. A última tentativa ocorreu em 2012. O valor estipulado para o leilão, R$ 371 milhões, é considerado alto pelo mercado e poderia afastar interessados. Além do terreno, fazem parte dos bens alienados os maquinários e os equipamentos como guindastes e pontes rolantes, entre outros.

O Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) apoia a desapropriação da área do antigo Caneco. Através de nota, o presidente da entidade, Ariovaldo Rocha, ressaltou que a indústria naval do estado do Rio representa cerca de 37% do total de emprego direto gerado no setor, hoje de 80 mil no país, contando com 18 estaleiros ativos.

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