JANOT REBATE COM FIRMEZA ACUSAÇÕES DE COLLOR E DIZ QUE NÃO HÁ FUTURO VIÁVEL SEM COMBATE À CORRUPÇÃO

Collor2A guerra do dia terminou com um tiro na água. O embate mais esperado das últimas semanas, com o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, frente à frente com o senador Fernando Collor (foto), terminou sem que o líder do Ministério Público ficasse intimidado, rebatendo com convicção as acusações feitas pelo ex-presidente da república. Collor tentou de todas as maneiras deixar Janot desconfortável, foi o primeiro a chegar para a sabatina, postou-se na cadeira logo em frente ao procurador, manobrou para assumir o posto de um dos titulares da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, mas terminou sua brigada sem fincar qualquer bandeira. Saiu enfraquecido e isolado, sem o apoio dos demais senadores. Após as últimas respostas dadas, Janot ainda fez um apelo a todos os congressistas:

“Não há futuro viável se condescendermos com a corrupção”, voltando a dizer que todos são iguais perante a lei e repetindo a expressão utilizada no discurso inicial de abertura da sabatina: “Pau que dá em Chico dá em Francisco”. E, pelo jeito, também vai dar em Fernando.

O início do embate, que se deu após o questionamento de uma série de senadores previstos anteriormente na ordem da sabatina, deu-se com a leitura de uma longa lista de acusações levada por Collor.

O senador, que foi um dos primeiros denunciados por Janot em petição enviada ao Supremo Tribunal Federal, por acusações de ter recebido R$ 26 milhões em propinas relativas a contratos da BR Distribuidora, afirmou que o procurador havia “falseado informações” e que teria contratado uma empresa sem licitação, de uma pessoa ligada a ele.

Segundo Collor, a empresa Oficina da Palavra, contratada três vezes sem licitação pela Procuradoria Geral, em contratos somados em “mais de R$ 940 mil”, teria pertencido ao jornalista Raul Pilati, que veio a ser indicado por Janot para chefiar a comunicação da instituição posteriormente. Alegou ainda que o procurador teria advogado pela Orteng em um processo contra a Braskem, que tem participação da Petrobrás, o que seria ilegal. Também acusou Janot de ter “dado guarida” a dois contraventores procurados pela Interpol em sua casa de Angra dos Reis, na década de 90, sendo um deles seu parente. Por último, afirmou também que o procurador contratou a chefe do cerimonial sem que ela tivesse diploma de curso superior, o que iria de encontro ao regulamento.

Janot não demonstrou incômodo com as alegações de Collor e respondeu os questionamentos um a um. No primeiro deles, afirmou que o jornalista Raul Pilati não era dono da empresa Oficina da Palavra e tinha um longo currículo na área de comunicação, tendo prestado um excelente serviço na chefia da comunicação da procuradoria, mostrando que o próprio TCU havia analisado os contratos e afirmado que as contratações não apresentavam nenhuma irregularidade.

No segundo ponto, o procurador-geral detalhou o processo em que representou a Orteng, afirmando que o caso era contra uma empresa chamada Trikem, que veio a ser comprada pela Braskem, mas apenas depois de a sentença do caso já ter transitado em julgado.

Em relação ao caso dos contraventores, Janot disse que o parente a que Collor se referia era seu irmão e que ele jamais intercedeu por ele em qualquer caso investigado. Disse ainda que não iria se referir às acusações contra o irmão, que apontariam crimes cometidos na Bélgica, “em respeito aos mortos”, pois ele faleceu há mais de cinco anos: “Não participarei dessa exumação pública”, afirmou. No entanto, o procurador não deu detalhes sobre ter recebido o irmão e o outro “contraventor”, nas palavras de Collor.

Já sobre a última acusação, relativa à contratação da chefe do cerimonial, Janot afirmou que a pessoa contratada tem um currículo “invejável”, ressaltando que não existe curso superior para cerimonialista, restando apenas a experiência na área como critério de escolha. Ele afirmou ainda que ela já trabalhou para o Palácio do Planalto e para o Itamaraty, entre outros lugares.

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