MICROMAZZA FECHA CONTRATO PARA FABRICAÇÃO DE VÁLVULAS NO PROSUB E APOSTA EM INVESTIMENTOS NO SETOR DE DEFESA

Por Luigi Mazza (luigi@petronoticias.com.br) –

jackson-camanaEm meio às dificuldades da indústria naval, o desenvolvimento de novas tecnologias e projetos no setor de defesa pode ser responsável por trazer novas movimentações à cadeia nacional de fornecedores. As demandas da Marinha vêm impulsionando empresas do mercado brasileiro por meio do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), que já concretiza investimentos e movimenta a fabricação de equipamentos em seu projeto de nacionalização. Entre essas companhias está a Micromazza, fornecedora tecnológica que fechou contrato com a Marinha, no último mês de dezembro, para a construção das válvulas dos cascos dos quatro submarinos comprados em acordo do Brasil com a França. O empreendimento, que já soma cerca de R$ 1,5 milhão em aportes da empresa, tem como base a utilização de tecnologias francesas, trazidas ao país por meio de um processo de transferência que deve capacitar a cadeia brasileira a produzir novos equipamentos para o setor. De acordo com o diretor comercial da Micromazza, Jackson Camana, o projeto deverá ser entregue em quatro partes, sendo duas delas já no segundo semestre deste ano. A fabricação dos equipamentos, feita com 100% de conteúdo local, traça boas perspectivas para o crescimento desse mercado no Brasil; segundo Camana, o país ainda é pouco desenvolvido nessa área e tem potencial para novas demandas. “O Brasil tem uma faixa extensa de litoral, com muito poucos submarinos para fazer patrulha. O crescimento desse setor é fundamental no atual momento, porque pode movimentar toda a cadeia fornecedora”.

Em que consiste o projeto de válvulas firmado com a Marinha?

São obras de válvulas para cascos de submarinos, fabricadas de acordo com o projeto da DCNS, empresa da Marinha francesa. Nós somos qualificados para fornecer esse tipo de válvula, e também estamos realizando um outro contrato dentro dessa licitação, no qual fabricamos válvulas no modelo da Micromazza, com nossa engenharia.

Como foi fechado o acordo?

Nós assinamos o contrato de fornecimento em dezembro, já com todas as cláusulas contratuais, mas vínhamos conversando com a Marinha há mais de quatro anos. Passamos por todo o estágio de qualificação e participamos do processo de transferência de tecnologia na França. 

Qual foi o total investido pela Micromazza no projeto de fabricação?

Aproximadamente R$ 1,5 milhão. Nós agregamos algumas tecnologias ao projeto, como o revestimento orgânico em ECTFE, que é anticorrosivo e permite aumentar a vida útil da válvula. 

Como se deu o processo de transferência de tecnologia?

A Marinha fechou acordo com o governo da França para transferência de tecnologia para submarinos no Brasil, por meio da DCNS. No total, foram comprados quatro submarinos, e o acordo previa a realização desse processo. Quando acabar a construção das unidades, o país tem que estar apto a produzir essa tecnologia de forma independente. 

Qual o prazo para a entrega dos projetos?

Serão feitas quatro entregas, sendo a última para abril de 2018. Faremos duas no segundo semestre deste ano e outra em 2017. A Marinha, devido ao cronograma que estabeleceu, já comprou da França algumas válvulas para o primeiro e o segundo submarino, mas nós entregaremos todas para o terceiro e o quarto. Isso não inclui submarino nuclear. 

Qual o índice de conteúdo local atingido pela Micromazza nesse projeto?

No processo de fabricação teremos um índice de 100%. Nós vamos depender apenas de algumas ligas especiais que não existem no Brasil, e que precisaremos comprar da França devido às cláusulas da Marinha. 

Há perspectiva de novos projetos dentro do PROSUB?

Isso vai depender das demandas da Marinha. Esperamos que sim, porque ela vai ter sua cadeia de fornecedores desenvolvida.

Como o senhor avalia o crescimento do setor de defesa no Brasil?

A indústria depende que o segmento de defesa continue a crescer, mesmo em projetos para proteger o país. O Brasil tem uma faixa extensa de litoral, com muito poucos submarinos para fazer patrulha. O crescimento desse setor é fundamental no atual momento, porque pode movimentar toda a cadeia fornecedora. 

O setor vem sendo afetado pela crise na indústria?

Eu tenho visto algumas reduções de investimentos sendo realizados na área de defesa, mas não são cortes. São adiamentos de despesas; as empresas estão tentando jogar isso mais para o futuro.

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