NOVAS PRISÕES DA LAVA JATO FOCAM CHANTAGEM POLÍTICA PARA PRESERVAR EMPREITEIROS EM CPIs DA PETROBRÁS

Carlos Fernando Santos LimaOs procuradores do Ministério Público Federal membros da Força Tarefa da Operação Lava Jato concederam entrevista coletiva na manhã desta terça-feira (12) para comentar as circunstâncias da prisão preventiva do ex-senador Gim Argello (PTB-DF). Nos pouco mais de 20 minutos de perguntas e respostas, os procuradores detalharam a 28ª fase, focada na atuação do ex-parlamentar na CPI do Senado e na CPMI do Senado e Câmara.

Através de delações premiadas, quebras de sigilos bancários e telefônicos, de acordo com os investigadores, foi possível concluir que Gim Argello influenciou os trabalhos das comissões para não convocar executivos das empreiteiras OAS e UTC. Em troca, doações oficiais de R$ 5 milhões foram feitas para a coligação do político, em 2014, além de R$ 350 mil depositados em uma conta da Paróquia São Pedro, local frequentado pelo ex-senador.

Na coligação de Argello, políticos de DEM, PR, PMN e PRTB, além do próprio PTB, foram beneficiados com os fundos repassados. De acordo com os procuradores, a participação de outras pessoas no esquema, além dos com mandados expedidos nesta terça, está descartada por enquanto.

Quando questionados sobre a participação de outros parlamentares, entre deputados e senadores, no mesmo tipo de esquema junto a empreiteiras, os investigadores disseram que não há quaisquer documentos de pessoas com foro, destacando que a investigação desta fase foi iniciada após a separação dos processos entre o Supremo Tribunal Federal e a Procuradoria Geral da República, deixando para os procuradores de Curitiba os que não tem foro.

As relações entre Argello e executivos das empreiteiras foi bem documentado e apresentado na coletiva. Apesar de não haverem provas de enriquecimento ilícito ou lavagem de dinheiro, o crime se caracteriza nos encontros entre o ex-senador e Ricardo Pessoa, presidente da UTC, e a não convocação de pessoas ligadas ao esquema para depor nas comissões, como Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS.

“Travestir propina em forma de doações legais é uma coisa que existe há muito tempo, agora vamos nos aprofundar sobre isso”, afirmou o procurador Carlos Fernando Lima (foto). Em outro trecho, afirmou que  “a corrupção no Brasil não é partidária”, concluindo que “o uso do poder é que gera corrupção. O exercício do poder, seja por qual partido for, tem gerado corrupção. E essa corrupção tem como finalidade suprir o caixa de campanhas políticas. Tanto é verdade que esses valores, boa parte, foram encaminhados para partidos da base de apoio desse senador, Gim Argello, entre eles, partidos inclusive da oposição.”

Deixe seu comentário

avatar
  Subscribe  
Notify of