O QUE ESPERAR DA ECONOMIA BRASILEIRA EM 2015? VEJA O QUE PENSAM LÍDERES DO SETOR DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Luiz Carlos Martins

Luiz Carlos Martins

A geração de energia também será um tema de grande importância em 2015 e será um ano em que o Brasil quase que obrigatoriamente terá que dar o sinal verde para construção de novas usinas nucleares. O Petronotícias está ouvindo formadores de opinião do nosso mercado, que traçam um perfil sobre as perspectivas para 2015. São jornalistas, instituições e empresários. Desde o final de dezembro, estamos falando com os principais formadores de opinão. Neste segunda-feira, estamos encerrando esta série.

Basicamente estamos fazendo apenas duas perguntas que dão um perfeito entendimento de como as pessoas estão se preparando para as incertezas do próximo ano:

     1 –     Como você está vendo as perspectivas para 2015?

     2 –     Qual a sua sugestão para que tenhamos um ano produtivo na economia brasileira?

Um de nossos convidados de hoje é o engenheiro Luiz Carlos Martins, executivo da Camargo Corrêa, com experiências em grandes projetos de geração de energia no país e no exterior. Veja o que ele pensa:

1 – “Com a entrada de alguns empreendimentos em 2015, como as hidroelétricas de Belo Monte e as duas do Rio Madeira, Jirau e Santo Antônio, o risco de racionamento se afasta definitivamente do nosso cenário. Com relação aos aspectos financeiros, ao longo dos próximos dois anos, teremos aumentos reais entre 15% e 20%. O ano de 2014 foi um ano muito ruim, um dos piores anos hidrológicos desde que iniciamos esta medição há 84 anos. Com isso, a utilização das usinas termelétricas tornou-se fundamental para manter o equilíbrio do sistema e como bem sabemos seu custo gira na casa de quatro vezes o custo da energia hidráulica. Em 2015 será muito importante para o setor elétrico que o governo desburocratize o licenciamento ambiental. São vários órgãos governamentais com os quais o empreendedor tem que se relacionar. Para que haja uma governança institucional adequada, é necessário delimitar claramente as atribuições de cada instituição. É também necessário regulamentar. Sem esta regulamentação as usinas hidroelétricas da Região Norte não vão sair do papel, o Processo de Consulta Pública não é autorização pública dos povos indígenas impactados pelos empreendimentos. Embora previsto na Constituição Federal, o artigo 231 precisa ser regulamentado. Hoje, temos em tramitação no Congresso Nacional a PEC 215/2000 que vai regulamentar e estabelecer critérios e os procedimentos necessários a tratativas das terras indígenas.

Em 2015, o governo federal terá que tomar uma decisão importantíssima para o futuro do Brasil. Coloco na mesa o debate da inclusão de novas usinas nucleares na matriz elétrica brasileira. Se desejamos uma nação forte e independente, 2015 será o ano da viabilização do programa nuclear brasileiro. O governo brasileiro terá que assumir um papel de protagonista, envolvendo todos os agentes para desobstruir e retirar todos os óbices que impedem a implantação de uma usina nuclear em operação por ano a partir de 2024.”

2 – “Vejo com única opção a partir de 2015: a austeridade fiscal, inflação cadente (em direção a 3% ao ano) e crescimento maior nos próximos anos (4% a 5% ao ano de crescimento do PIB). É a solução mais adequada, porém ela depende de apoio político interno para viabilizar as reformas e a permanência de austeridade fiscal no longo prazo. Se isto se materializar, a importância da dívida do governo ira? se reduzindo ao longo do tempo, abrindo espaço para a redução da carga tributária, aumento dos investimentos, inclusive na educação, e uma maior taxa de crescimento da economia brasileira.”

Ronaldo Fabrício

Ronaldo Fabrício

O Vice-Presidente da ABDAN – Associação Brasileira de Desenvolvimento das Atividades Nucleares – Ronaldo Fabrício, profissional respeitadíssimo por sua experiência no setor, trazendo na bagagem um período como presidente de Furnas e da Eletronuclear, segue a mesma opinião sobre as dificuldades hidrológicas para o ano que vem:

1-“As perspectivas para 2015 no setor energético são difíceis, face à situação atual das usinas hidrelétricas. Contudo, isso pode ajudar ao setor nuclear por ser uma opção ao sistema como gerador de energia firme.”

2-“Para que tenhamos um ano produtivo na economia, é necessário que a nova equipe econômica tenha liberdade de ação no setor.”

Maurício Bähr

Maurício Bähr

O Presidente da GDF Suez do Brasil, Maurício Bähr, também foi ouvido pelo Petronotícias e não vê boas notícias para o setor elétrico brasileiro:

1 – “A previsão de economistas é que o ano de 2015 será difícil para todos os setores do país. Com o setor elétrico não será diferente. As usinas térmicas continuarão a ser despachadas para garantir a segurança energética, elevando ainda mais o valor do MW, e não há ainda datas confirmadas para leilões envolvendo grandes empreendimentos (por exemplo, a hidrelétrica Tapajós).

Apesar disso, pretendemos participar de novos leilões de energia da Aneel, caso eles ocorram, e desenvolver nosso projeto de exploração e produção de gás em campos onshore, que fornecerão gás natural para futuras termelétricas.”

2 – “A perspectiva é que os investimentos em infraestrutura cresçam fortemente nos próximos anos, para atender as carências sociais e os gargalos econômicos atuais. Por isso, é imprescindível criar as condições para haver fontes de financiamento diversificadas, reduzindo a dependência dos investidores em relação ao orçamento do BNDES, limitado para as necessidades de todos os setores produtivos.

É necessário também expandir o investimento em infraestrutura principalmente por meio do modelo de concessão, com editais atrativos, regras claras de competição, sinais econômicos adequados e garantias suficientes para o cumprimento dos contratos, bem como garantir que os preços máximos ou mínimos sejam perseguidos por meio da competição promovida nos leilões.

O aumento da eficiência dos processos de licenciamento ambiental também é fundamental para o crescimento do volume de investimentos e negócios em infraestrutura e indústrias de base. Mesmo com o fortalecimento da estrutura de órgãos ambientais, o licenciamento ambiental ainda é caracterizado, em muitos casos, por morosidade, elevados custos, complexidade e imprevisibilidade, gerando atrasos e até a inviabilização de empreendimentos.

O setor elétrico brasileiro enfrenta hoje um grande desafio em função da dependência hidrológica, agravado pelo aumento da demanda por energia. Mudanças estruturais e conjunturais desencadearam problemas de liquidez do setor, potencializados pela perda financeira resultante da renovação das concessões. A mitigação desses riscos exige aperfeiçoamento no planejamento energético e na regulação do setor.

Esse cenário indica a necessidade de haver interlocução apropriada entre instituições de planejamento e operação do sistema elétrico para garantir, via política energética, a segurança no abastecimento e o aproveitamento de todo o potencial de geração de energia presente no Brasil.

Já no setor de gás natural, após a aprovação de um marco regulatório específico para o setor, o Brasil ainda tem o desafio de expandir sua rede de gasodutos, garantir e construir a infraestrutura apropriada para aumentar a produção e a oferta de petróleo e gás, incluindo políticas para o desenvolvimento da cadeia nacional de bens e serviços para estes setores.”

Jésus Ferreira

Jésus Ferreira

Já o diretor da EBCO Systems, Jésus Ferreira, com muita experiência no setor de geração elétrica,tendo trabalhado na direção de alguns conglomerados, hoje lidera o setor de Raio x de segurança aeroportuária e, no setor de portos,  opera scanners de contêineres controlando a segurança de cargas,  aumentando a eficiência logística. Veja o seu pnsamento:

1 – Será mais um ano de muita dificuldade, as contas dos grandes eventos de 2014 chegarão. As projeções não são animadoras, o PIB está projetado baixo e parece que a inflação também ficará acima de sua meta. A moeda americana vem dando sinais de vitalidade e isto significa injeção de inflação na veia. Riscos de racionamento energético, descontrole das contas públicas, baixa produtividade de nossa indústria com a grande interferência do governo nas atividades produtivas, aumentam sobremaneira a percepção de risco e afastam os investimentos em infraestrutura tão necessários ao país.”

2 – “Devemos pressionar nossos representantes no congresso para fazerem as reformas política e fiscal necessárias. Sem estas reformas seremos sempre o país do futuro.”

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