OCYAN ESTÁ OTIMISTA EM RELAÇÃO A CONQUISTA DE NOVOS PROJETOS DE DESCOMISSIONAMENTO SUBMARINO

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

DSC_0018Com um histórico recente de novos contratos importantes na área de serviços, a Ocyan está animada com a possibilidade de ampliar sua carteira de projetos dentro do segmento de descomissionamento. É o que afirma o vice-presidente executivo da companhia, Jorge Mitidieri. Em entrevista ao Petronotícias, ele explica que a Ocyan já vem estudando o mercado de descomissionamento há cerca de quatro anos. Até aqui, a empresa conquistou um importante contrato nessa área, envolvendo a retirada de materiais submarinos nas bacias de Sergipe-Alagoas e Campos. Mas o apetite da empresa não parou por aqui. A expectativa é que nos próximos anos outras operadoras como Shell, Trident e a própria Petrobrás lancem novas licitações para contratação de serviços do tipo. “A nossa visão é que teremos uma atividade importante de descomissionamento pelos próximos cinco anos. Estamos de olho nesse mercado”, projetou. Mitidieri falou ainda da atuação da Ocyan em manutenção e comentou também sobre os desafios e oportunidades no mercado de trabalho do setor de petróleo e gás.

A Ocyan conquistou importantes contratos recentemente e um deles, em especial, envolve atividades de descomissionamento. Como surgiu o interesse da empresa por esse nicho de atuação?

FPSO PIONEIRO DE LIBRAHá quatro anos, a Ocyan enxergou que o mercado de descomissionamento iria crescer bastante. Por isso, começamos a estudar esse setor e avaliar as alternativas. A partir de nossa base de construção submarina, montamos uma estrutura para fazer projetos de descomissionamento submarino. Entendíamos que esse era um mercado que apresentaria muita demanda, mas que teria pouca oferta de fornecedores. 

Desde o ano retrasado, estamos trabalhando e correndo atrás de projetos. Até aqui, a Ocyan saiu vencedora em uma licitação. Essa concorrência abrange serviços de descomissionamento, retirada, limpeza e venda do material coletado em três locações de três FPSOs diferentes da Petrobrás (FPSO Cidade do Rio de Janeiro, FPSO Cidade de Rio das Ostras e FPSO Piranema), nas bacias de Campos e Sergipe-Alagoas.

Enquanto isso, ainda estamos participando atualmente de uma segunda licitação, que envolve o descomissionamento submarino do primeiro poço do Sistema de Produção Antecipada de Libra. 

Vamos falar então das atividades de descomissionamento submarino em Sergipe-Alagoas e Campos. Como está a execução desse projeto?

A engenharia já está em curso. As etapas de contratação de um navio para retirada de material submarino, contratação da base e contratação dos equipamentos já foram vencidas. Neste momento, a embarcação Normand Cutter já está na Europa, onde passa por um processo de recondicionamento e instalação do sistema de recolhimento de material do fundo do mar.

No último trimestre do ano, começaremos a fazer a pesquisa do fundo do mar usando o sistema de ROV [veículo operado remotamente] que estamos contratando. O objetivo é entender e examinar bem como realizar a retirada do material a partir de janeiro ou fevereiro do ano que vem, quando o navio Normand Cutter chegar ao Brasil. 

E quais são as perspectivas futuras em relação a novos negócios dentro desse nicho de descomissionamento?

FluminenseA Shell tem o projeto de descomissionamento do FPSO Fluminense e de todo o sistema submarino da unidade. É um projeto que acontecerá ao longo do ano que vem. A Shell está começando a colocar esse processo em licitação. A Trident Energy também tem um projeto gigante, talvez um dos maiores projetos de descomissionamento submarino no mercado, com cerca de 700 km de instalações submarinas que precisarão ser removidas.

Além disso, a Petrobrás tem um descomissionamento enorme pela frente no campo de Marlim. Como é de conhecimento do mercado, a Petrobrás vai desativar nove plataformas e colocar dois FPSOs novos em operação no campo. Nós acreditamos que essa licitação começará no ano que vem.

Diante desse cenário, a nossa visão é que teremos uma atividade importante de descomissionamento pelos próximos cinco anos. Estamos de olho nesse mercado. 

Gostaria de falar um pouco agora sobre a área de manutenção. Como estão os planos da empresa para esse setor?

ocyanDentro do mercado de manutenção, a Ocyan conquistou três contratos com a Petrobrás. O primeiro deles é na Bacia de Santos, no qual fazemos a manutenção de Merluza e Mexilhão. Nesse contrato, a Petrobrás também incluiu a plataforma P-71, que atualmente está no estaleiro Jurong Aracruz (ES).

O segundo contrato também envolve ativos na Bacia de Santos, englobando a manutenção em oito navios de produção. E, por fim, nós ganhamos um terceiro contrato para fazer manutenção em algumas plataformas da Bacia de Campos. Em paralelo, a Ocyan continua fazendo a manutenção dos navios da Altera&Ocyan (Pioneiro de Libra e Cidade de Itajaí) e da nossa frota de sondas de perfuração.

No ano passado, nós conquistamos um contrato de operação e manutenção de plataformas da 3R. É um projeto de cinco anos com opção de extensão por mais cinco anos. A operação dos ativos nesse caso é feita a partir da estrutura da joint venture Altera&Ocyan, enquanto as atividades de manutenção são realizadas a partir da Ocyan. 

A empresa tem a expectativa de realizar a contratação de novos profissionais para dar suporte a esses contratos?

Esse talvez seja o grande desafio daqui em diante. O contrato com a 3R demandou a contratação de 250 pessoas, por exemplo. No caso dos contratos da Bacia de Santos, contratamos mais 800 pessoas. E para os serviços na Bacia de Campos contratamos mais 700 pessoas.

O desafio é cada vez maior, porque estamos falando de um mercado limitado. Hoje, não existem pessoas disponíveis. O que está acontecendo neste momento é que as empresas contratam profissionais de outras companhias. Só que isso é conjunto finito. Por isso, desde o ano passado retomamos o nosso programa de trainee, fazendo com que cada um desses projetos também tenha a participação de jovens profissionais. 

Em paralelo, fizemos um projeto muito interessante em Macaé, com o objetivo de treinar mulheres na área de soldagem. Inclusive, essa iniciativa tem muito a ver com a visão de diversidade da Ocyan. Esse é um projeto que vamos renovar, porque deu muito certo.

Por fim, quais são as perspectivas gerais da Ocyan para a área de serviço dentro de óleo e gás.

Ocyan-1A empresa está muito animada. Depois de superados os problemas do passado, a Ocyan entrou em uma nova fase a partir de 2018. Se a pandemia de covid-19 não tivesse surgido, posso dizer que teríamos 6 mil pessoas atualmente. A pandemia retardou um pouco esse processo de retomada. Hoje, temos uma estrutura muito sólida e robusta, com uma equipe muito treinada. Já estamos há 23 anos atuando na área de manutenção e serviços, com um histórico de 50 projetos do tipo para diferentes clientes. Estamos muito animados com o futuro do mercado. 

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