ODEBRECHT E UTC REPASSARAM R$ 1,5 MILHÃO A EMPRESA ENVOLVIDA NA LAVA-JATO

Sergio MoroO envolvimento da Odebrecht em esquemas investigados pela Operação Lava-Jato continua a se desdobrar em mais acusações. Conforme novas apurações, a empreiteira, em consórcio com a UTC, repassou cerca de R$ 1,5 milhão à Jamp Engenheiros Associados, empresa que pagou R$ 1,4 milhão à consultoria do ex-ministro José Dirceu. Os pagamentos suspeitos seriam direcionados a dirigentes da Petrobrás, de acordo com o juiz Sérgio Moro (foto). A companhia enfrenta ainda acusações por acordos milionários em esquemas de propinas no exterior.

O valor de R$ 1.533.375 foi repassado à Jamp em 2004, pelo consórcio PRA 1-Módulos. O grupo teria transferido esse mesmo montante para a Rio Marine, de Mário Goes, acusado pelo Ministério Público Federal de operar propinas pagas com dinheiro proveniente de obras da Petrobrás. Ele teria também atuado para a empreiteira Andrade Gutierrez, cujo presidente foi preso na última semana. No mandado de prisão que incluiu Marcelo Odebrecht, Moro afirma que “há fundada suspeita de que esses repasses, efetuados por pagamentos de consultoria, visavam apenas dar aparência lícita do pagamento de propinas a operadores, depois direcionados aos dirigentes da Petrobrás”.

De acordo com o MPF, Goes e Milton Pascowitch, dono da Jamp, eram os responsáveis por “intermediar pagamentos de propinas e lavar o dinheiro oriundo dos crimes de fraude à licitação e cartel. A partir dos recebimentos de valores das empreiteiras em suas contas, fundamentados em contratos falsos de consultoria que buscavam conferir aparência lícita aos pagamentos, eles repassavam os valores” a políticos e servidores.

A Odebrecht, que já acumula um endividamento líquido de R$ 66,42 bilhões, deve enfrentar um cenário de menor captação financeira a longo prazo. Os investimentos no grupo foram afetados devido a seu envolvimento nas investigações da Lava-Jato, e devem continuar reduzidos. Em comunicado, a empresa afirmou que “nunca manteve contrato com a Jamp nem com a Rio Marine”.

Em acareação nesta segunda-feira (22), o doleiro Alberto Youssef apontou para depósitos de US$ 4 milhões que teriam sido feitos pela Odebrecht para uma empresa de fachada integrante do esquema ilícito. Ele afirmou que o montante fazia parte de um acordo para o pagamento de R$ 7,5 milhões em propinas no exterior. Os depósitos identificados pelo doleiro – e negados pela empresa – são referentes a uma conta da RFY Import & Export, companhia controlada por Leonardo Meirelles. Meirelles admitiu ter realizado operações superiores a US$ 100 milhões para Youssef, mas afirmou que precisava ir ao exterior para tentar encontrar a origem dos pagamentos nos extratos.

De acordo com o doleiro, o diretor financeiro da holding da Odebrecht, Cesar Rocha, era o responsável por efetuar esses depósitos. Segundo ele, o acordo era referente a propinas devidas pela empresa por contratos firmados para obras na refinaria Abreu e Lima (PE) e no Complexo Petroquímico do Rio (Comperj).

A empreiteira negou as afirmações de Youssef. “A CNO reafirma que não fez nenhum tipo de pagamento ou depósito para ex-diretores da Petrobrás e seus supostos intermediários. As acusações de réu confesso em dezenas de processos que tramitam na Justiça Federal do Paraná são mentirosas. Todos os contratos obtidos, há décadas, pela CNO junto à Petrobrás seguiram estritamente o que estabelece a legislação vigente”, enfatizou a companhia.

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