PETROBRÁS ANUNCIA CONTRATAÇÃO DA PLATAFORMA P-83 PARA O CAMPO DE BÚZIOS, COM 25% DE CONTEÚDO LOCAL
Pelo jeito, nem o novo presidente da Petrobrás Caio Paes de Andrade pode com a turma da licitação da companhia que dirige. A petroleira divulgou um comunicado esta manhã (28), informando que assinou hoje o contrato com a Keppel para a construção da plataforma P-83, que a empresa considera ser uma representante da chamada “Nova Geração” de sua frota de plataformas. A P-83 poderá produzir até 225 mil bpd de óleo e 12 milhões de m³ de gás por dia, além de dispor de capacidade de estocagem maior do que 1,6 milhão de barris. A plataforma, uma das maiores a operar no Brasil e na indústria de petróleo mundial, será a décima primeira unidade a ser instalada em Búzios. A Petrobrás é a operadora desse campo com 92,6% de participação, tendo como parceiras a CNOOC e a CNODC, com 3,7% cada. Para lembrar, no dia 19 de agosto, o Petronotícias publicou uma entrevista com o consultor do mercado de óleo e gás Filipe Rizzo, que apontou uma série de problemas e incoerências no processo de contratação dos navios-plataformas (FPSOs) P-82 e P-83, da Petrobrás.
Convidamos os nossos leitores para um rápido retrospecto sobre o caso, que ajudará no entendimento do tema. No dia 15 de agosto, a Petrobrás anunciou a assinatura do contrato com a Keppel Shipyard para construção da P-80, que será instalada no campo de Búzios. Ao mesmo tempo, a petroleira brasileira estava em negociações para a contratação de mais duas unidades para Búzios: a P-82 e a P-83. O grande X da questão está no fato de que apenas duas empresas fizeram lances na licitação das plataformas: a Keppel Shipyard e a Sembcorp Marine, duas companhias que atualmente estão em processo de fusão no exterior. A Keppel ofereceu duas propostas, de US$ 2,9 bilhões cada, para construir a P-80 e a P-82, enquanto que a Sembcorp propôs cerca de US$ 3,7 bilhões para cada unidade. Como já explicamos, a Keppel já conquistou o contrato da P-80. Pelas regras do edital, a vencedora da primeira unidade ficaria de fora da disputa da segunda. Por isso, a Petrobrás negociou com a Sembcorp o segundo contrato, o da P-82. O edital previa ainda a contratação de uma terceira unidade, a P-83, que foi confirmada hoje. O fato de Keppel e Sembcorp estarem em fusão e terem sido as únicas a apresentarem propostas chamou atenção de parte do mercado.
Na época, o Petronotícias mostrou que a Federação Única dos Petroleiros (FUP) pediu investigações sobre as encomendas das plataformas. A Petrobrás, por sua vez, negou qualquer irregularidade – leia o posicionamento da empresa neste link. Mesmo assim, outros membros do mercado estão preocupados com a situação. O consultor Filipe Rizzo afirmou que a postura correta seria contratar a P-80, mas relicitar as unidades P-82 e P-83. “O principio da administração pública é o critério da precaução, que nesse caso está sendo fortemente desrespeitado”, declarou. Ele chama atenção ainda para os preços das unidades, que classifica como os maiores da história da empresa. “Estamos falando de US$ 6 bilhões, mais de R$ 30 bilhões, em um processo de contratação com apenas um grupo econômico e sob risco de acrescentar mais uma unidade de outros US$ 3 bilhões.” Apesar de todos estes fatos, o pessoal da licitação levou mais uma. Deu de ombros, virou as costas para evidência e confirmou o poder que tem dentro da companhia. Bateu o martelo e assinou o contrato.
No comunicado oficial, a Petrobrás informa que a plataforma será um avanço do projeto de desenvolvimento de Búzios. Esse campo localiza-se no pré-sal da Bacia de Santos e será o maior produtor de óleo do Brasil até 2030, com a produção de até 2 milhões de barris de petróleo por dia (bpd). A Petrobrás confirma que contratou a Keppel Shipyard Limited para a sua construção, que será realizada em estaleiros de Singapura, China e Brasil, e atingirá o percentual de conteúdo local de 25%. A P-83 iniciará a sua produção em 2027 e contribuirá para ampliar a capacidade instalada do campo, dos atuais 600 mil bpd para 2 milhões bpd. Outra característica da chamada “Nova Geração” das plataformas é a incorporação de tecnologias para redução de emissão de carbono. A P-83 utilizará, por exemplo, a chamada tecnologia de flare fechado, que aumenta o aproveitamento do gás e impede que ele seja queimado para a atmosfera, de forma segura e sustentável. Outra inovação será o sistema de detecção de gás metano, capaz de atuar na prevenção ou mitigação de riscos de vazamentos desse composto.
“A plataforma será equipada ainda com a tecnologia de Captura, Uso e Armazenamento geológico de CO2 – o chamado CCUS. A Petrobrás é pioneira na utilização dessa tecnologia, que permite aliar aumento da produtividade com redução de emissões de carbono. A P-83 também será dotada da tecnologia de “digital twins” – ou gêmeos digitais – que consistem na reprodução virtual da plataforma, permitindo diversas simulações remotas e testes operacionais, garantindo segurança e confiabilidade,” diz o comunicado da Petrobrás.
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