PÖYRY CONTRATA NOVO GERENTE E BUSCA AMPLIAR ATUAÇÃO NO SETOR ENERGÉTICO BRASILEIRO

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

Marcelo BrazA finlandesa Pöyry, voltada para consultoria e serviços de engenharia, está empenhada em ampliar sua participação no mercado brasileiro de energia e reforçou seu quadro recentemente para isso. O executivo Marcelo Braz, formado em engenharia elétrica pela UFMG, com pós-graduações na Unisinos, USP e Universidade da Carolina do Norte (EUA), foi contratado para ocupar a gerência de vendas da área de Energia no Brasil, e já traça planos para a companhia no segmento, onde atuam em projetos de geração, distribuição e transmissão. Braz aposta em soluções híbridas no mercado nacional, misturando termelétricas a fontes renováveis, além de destacar a busca pela eficiência energética como um dos principais caminhos de crescimento no futuro próximo, lembrando que há muitos estudos em andamento com este foco. A falta de fornecimento de combustível por parte da Petrobrás para novas usinas térmicas é um ponto negativo indicado pelo executivo, que enfatiza a busca por caminhos autônomos para o desenvolvimento de projetos do tipo, a partir da construção de terminais próprios de regaseificação de gás natural liquefeito.

Atuando no Brasil desde 1974, a Pöyry conta hoje com cerca de 600 funcionários no país, de um total de 6 mil ao redor do mundo, somando um faturamento de € 571 milhões (em 2014) globalmente. Por aqui, a lista de clientes inclui cerca de 50 companhias, que muitas vezes são auxiliadas pelo grupo finlandês também na hora de escolher os fornecedores de bens e serviços. “Neste momento, há grande estímulo para produtos nacionais devido à atual taxa de câmbio de moedas como o euro e o dólar americano, de forma que os fabricantes locais devem ter seus cadastros mantidos atualizados junto aos principais clientes e empresas de projeto”, diz.

Quais os planos à frente do novo cargo e quais as perspectivas para 2016?

Nossa meta tem sido participar ativamente do mercado de energia, dentro do core business de serviços da Pöyry, em que temos grande experiência em todas as etapas dos projetos de geração, distribuição e transmissão de energia (hidroelétrica, térmica convencional, eólica, solar, marinha, nuclear e bioenergias – limpas e renováveis), estando prontos para participar desde a fase de idealização do negócio até a conclusão da implantação e suporte à operação.

Quais os principais projetos da empresa em andamento no Brasil?

No momento, projetos de cogeração na área de Papel e Celulose.

Como vê o momento do setor energético no país?

O país experimenta uma fase de crescimento e diversificação da matriz energética com fontes renováveis, tendendo para soluções híbridas, mantendo-se  a base da geração de energia  em hidroelétricas.  Segue o modelo implementado e regulado pela ANEEL de forma mais madura e com  ampla participação da iniciativa privada nos leilões de energia. As mudanças na base tarifária operacionalizadas pelo sistema de bandeiras estimulou a busca por maior racionalidade e maior eficiência energética e revisão dos impactos nos custos operacionais das empresas. Vários estudos estão sendo conduzidos no sentido de adequar-se à nova realidade do setor.

Estamos no melhor momento de projetos de energia, desde a geração em toda a matriz, grandes projetos em transmissão, porém com maiores dificuldades na disponibilidade e oferta de combustível pela Petrobrás e principalmente em captar investidores ou soluções de financiamento. Veja, por exemplo, as expectativas de contratação e o número de projetos para o leilão A-5 que será realizado em março, acima de 11 mil MW em hidroelétricas, mais de 14 mil MW em renováveis e biomassa e aproximadamente 4 mil MW em termoelétricas – muitos projetos com sua própria solução para o combustível com terminais de regaseificação. Ainda temos um volume acima de 30 mil km de linhas de transmissão e subestações.  Há a dúvida se a oferta da energia de Belo Monte de 900 MW dentro deste leilão poderá postergar a oferta de projetos termoelétricos, que se tornariam menos competitivos neste certame.

E ao redor do mundo?

No mundo, segue a tendência de menor dependência de combustíveis fósseis, ainda que o preço do petróleo esteja em seu menor patamar após 1973. Isto devido a nichos de exploração de petróleo de xisto, shale gas nos Estados Unidos e Canadá, que fizeram com que a oferta de petróleo aumentasse, baixando seu preço.

A necessidade de melhores soluções ambientais tem exigido dos fabricantes produtos melhores e mais eficientes, com menor emissão de carbono e poluentes.  Em paralelo ao desenvolvimento de novas plantas mais limpas, soluções com uso de hidrogênio, células de combustível e melhorias nos sistemas de distribuição, como o smart grid, propiciam melhor gestão da demanda frente à capacidade e os custos de produção.

Quais os maiores desafios para as empresas de projetos no Brasil?

No momento, os principais desafios são oferecer as melhores soluções de modo a viabilizar os projetos que se tornaram inviáveis e estão em espera, devido à realidade brasileira atual e taxa de câmbio elevada.  Assim, esses projetos devem ser revistos e intensamente reestudados para, ao mesmo tempo, atender à capacidade de investimento do cliente incluindo custos operacionais adequados e viabilizando o retorno do capital, mas fundamentalmente mantendo-os competitivos, dentro dessa realidade econômica. 

Como eles podem ser superados?

Estes desafios podem ser superados somente aplicando o conhecimento e o know-how adquiridos em projetos e estudos realizados no mundo todo e com vários níveis de complexidade, em várias áreas da indústria, incluindo toda a cadeia de fornecimento de bens e serviços, custos de operação e manutenção, bem como a otimização dos prazos de implantação para buscar alternativas viáveis que levem em consideração um olhar holístico em um ambiente instável.

Há muitas críticas no Brasil à falta de projetos desenvolvidos no país, o que acabaria refletindo nas aquisições e fornecimentos da cadeia de bens ao longo da execução deles, dificultando o avanço da industrialização nacional. Como vê a questão?

No Brasil, há um grande parque industrial e temos produtos globais para a área de energia. Equipamentos para as áreas termoelétrica e solar fotovoltaica, os componentes principais, como turbinas a gás de qualquer potência, turbinas a vapor de maior porte, e painéis solares, respectivamente, ainda precisam ser importados.  Na área de equipamentos para  energia eólica, a produção já foi em grande parte nacionalizada pelos fabricantes globais aqui instalados.

Os custos de um projeto feito aqui são menores e o próprio projeto oferece grande qualidade comparado aos projetos internacionais, sem o impacto dos custos associados a viagens internacionais de especialistas, além das barreiras culturais em entender nossas vicissitudes.

Temos aqui a inteligência e a habilidade em executar os projetos e estudos, em quase todas as áreas de energia e industriais, com profissionais brasileiros e formados nas melhores universidades.

A Pöyry tem a preocupação de conhecer bem a indústria de bens e serviços nacional, para especificar fornecedores locais nos projetos?

A Pöyry definitivamente conhece bem o mercado de bens e serviços brasileiro, uma vez que está presente no Brasil há mais de 40 anos atuando principalmente na área de Papel e Celulose, mas muito fortemente também nas áreas de Energia, Químicos e Biorrefinaria e Mineração e Metalurgia, além de Infraestrutura. Como nossa atuação engloba toda a cadeia de valor de um empreendimento, temos a experiência de dar suporte aos nossos clientes desde a fase de seleção de fornecedores de bens e serviços até a entrega desses fornecedores e ainda o acompanhamento da fase de operação. Isso com certeza nos dá uma ótima dimensão da qualidade do fornecimento local e internacional.

Existe algum cadastro de fornecedores neste sentido?

Normalmente damos suporte aos nossos clientes na elaboração de seus vendor lists com relação à qualificação principalmente técnica. Contudo, invariavelmente, são os próprios clientes que definem seus fornecedores. De forma ampla, as especificações estão baseadas em performance, e assim a indústria nacional oferece cada vez mais produtos locais de qualidade. Neste momento, há grande estímulo para produtos nacionais devido à atual taxa de câmbio de moedas como o Euro e o dólar americano, de forma que os fabricantes locais devem ter seus cadastros mantidos atualizados junto aos principais clientes e empresas de projeto.

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