SEM CONSEGUIR FINANCIAMENTO, TRIUNFO DESISTE DE CONTRATO E É SUSPENSA DO CADASTRO DA PETROBRÁS

Por Luigi Mazza (luigi@petronoticias.com.br) –

???????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????A lista de empresas bloqueadas pela Petrobrás ganhou um novo nome, e dessa vez não foi pelas mãos da Operação Lava-Jato. Em meio às dificuldades que se agravam na indústria brasileira, o último mês trouxe mais uma companhia para o grupo impedido de participar em novas licitações da estatal: a Triunfo Logística, cuja nova sanção se estende até fevereiro de 2016. A punição ocorreu devido à não assinatura de contrato para a construção de uma nova base de operações no Porto do Açu, obra conquistada pela Triunfo em licitação ocorrida no último ano. De acordo com o diretor-geral da companhia, Rogério Caffaro, a negociação não pôde ser concluída devido à dificuldade na obtenção de financiamentos em meio à crise que toma o mercado brasileiro. Embora compreenda a decisão pelo bloqueio, Caffaro aponta que o atual momento deve ser encarado como uma exceção pela estatal, que também sofre com os desdobramentos da recessão econômica e de problemas internos. O cenário é hostil para a captação de subsídios, que no caso da Triunfo chegariam a totalizar R$ 320 milhões. Sob a perspectiva de que a situação do mercado deve hoje pesar sobre quaisquer decisões no setor de óleo e gás, a companhia está entrando atualmente com recurso para buscar reverter sua situação cadastral. “Vamos recorrer porque uma coisa é o manual com procedimentos da empresa, outra coisa é o momento da indústria. Ninguém pode analisar as coisas de forma administrativa como se vivêssemos em um céu de brigadeiro”, enfatiza o executivo.

Quando foi feito o bloqueio pela Petrobrás?

Esse bloqueio aconteceu há cerca de 20 dias.

Como isso se deu?

No segundo semestre, participamos de uma concorrência que a Petrobrás abriu para a construção de uma base de dutos flexíveis no Porto de Açu. Nós vencemos a licitação e mostramos um projeto inovador de engenharia, que trazia mudanças na movimentação de cargas. Investimos uma fortuna para que empresas de engenharia pudessem traduzir o projeto na prática, criando um novo sistema para movimentar as bobinas dos navios. O planejamento total era de R$ 400 milhões, e já tínhamos uma área reservada no porto.

O que aconteceu é que começamos a ter, no final de 2014, toda essa crise de petróleo no mundo. Com a situação do mercado agravada ainda pelo cenário da Petrobrás, entre outubro e dezembro nós já tínhamos as portas do mercado financeiro fechadas para nós. Isso piorou também quando o BNDES divulgou seus custos mais caros. Os bancos já previam não financiar qualquer tipo de projeto, então o que aconteceu foi que não conseguimos assinar esse contrato. Estávamos em um momento anormal, e a Petrobrás resolveu aplicar essa sanção, que nos suspende de futuras licitações por um prazo de seis meses.

Qual é a situação dos projetos agora?

A sanção não afeta os contratos em andamento. Essa penalidade foi aplicada por uma norma na área de contratos da Petrobrás, não tem nada de político ou externo na decisão. Não cabe a essa área avaliar a conjuntura do mercado, então não havia como ser diferente. A lista de bloqueados tem cerca de 90 empresas, mas se trata da Petrobrás que conhecemos. Ela penaliza, cobra, e isso a torna uma empresa saudável.

O que a empresa pretende fazer?

Infelizmente vamos recorrer porque é uma situação fora do nosso controle. Nós entramos com recurso conforme rege o regulamento da Petrobrás. Vamos recorrer porque uma coisa é o manual com procedimentos da empresa, outra coisa é o momento da indústria. Ninguém pode analisar as coisas de forma administrativa como se vivêssemos em um céu de brigadeiro.

A Triunfo investiria quanto no projeto?

Dos R$ 400 milhões no valor total, R$ 80 milhões seriam diretamente da empresa e R$ 320 milhões seriam do mercado financeiro, caso fosse aprovado. E hoje não existe banco privado disposto a pegar esse dinheiro e aplicar. Primeiro porque o custo do BNDES cresceu e vai crescer mais ainda, e segundo porque o risco Petrobrás também aumentou.

Houve diálogo antes da decisão pelo bloqueio?

Sim, a Petrobrás nos chamou e deu prazo, mas não conseguimos resolver a questão financeira. Ela tem que penalizar e nós entendemos a atitude. O que estamos buscando é demonstrar que isso se deu em uma situação excepcional. Hoje ninguém consegue crédito com facilidade. O momento é sério.

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