SEMBCORP MUDA DE PLANOS E AGORA QUER COMPRAR A KEPPEL POR US$ 3,2 BILHÕES
Mudança de rumo. A Sembcorp Marine decidiu cancelar o acordo que havia assinado anteriormente para fundir-se com a unidade offshore e marítima da Keppel Corp. Ainda assim, o destino das duas empresas ainda está entrelaçado. Isso porque a Sembcorp Marine agora pretende adquirir diretamente a Keppel pelo valor de quase US$ 3,2 bilhões. O novo acordo prevê uma estrutura mais simples e uma conclusão mais rápida para que as empresas possam responder ao mercado offshore em rápida evolução. A operação é particularmente especial para o mercado brasileiro, uma vez que as duas companhias foram contratadas recentemente pela Petrobrás para a construção de três novas plataformas para o campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos.
O negócio de plataformas offshore foi duramente atingido por uma desaceleração prolongada que foi agravada pela pandemia de covid-19. Em resposta às condições do mercado, a Keppel O&M anunciou, em janeiro de 2021, planos de sair de seu negócio principal de construção e reparo de plataformas offshore e reorientar suas operações em energias renováveis. Cinco meses depois, a Keppel e a Sembcorp Marine anunciaram que estavam explorando uma fusão para criar uma empresa combinada mais adequada para lidar com o mercado em mudança.
Ao anunciarem o acordo para reestruturar a fusão em uma aquisição direta da Keppel O&M pela Sembcorp Marine, as empresas disseram que perceberam uma melhora das condições no setor offshore nos últimos seis meses, impulsionada pela recuperação do setor de petróleo e gás e a recuperação dos preços da energia. Ambas as empresas ganharam novos contratos nos últimos meses, mas, ao mesmo tempo, o aumento das taxas de juros e outras volatilidades econômicas criaram mais pressões que, segundo as empresas, podem ser melhor abordadas acelerando a conclusão da combinação. Eles acreditam que a Sembcorp Marine ampliada estará em melhor posição para lidar com os desafios econômicos e de mercado e competir globalmente.
“A estrutura de transação simplificada reduz substancialmente a complexidade da transação e minimiza certos requisitos de consentimento de terceiros, inclusive de credores. Isso pode reduzir o tempo de conclusão em até dois meses”, disseram as empresas ao anunciar os novos termos. As companhias observaram ainda que os termos anteriores exigiam o consentimento de certos terceiros e a aprovação dos acionistas votantes que representam a maioria no número de funcionários com pelo menos 75% em valor, os quais não se aplicam mais. Eles acreditam que a transação agora pode ser concluída até o final de 2022.
“Com a combinação proposta, esperamos preservar o ecossistema de engenharia naval e offshore de Cingapura e as principais capacidades do setor desenvolvidas ao longo de décadas por duas empresas locais que se tornaram players globais estabelecidos”, disse Tan Sri Mohd Hassan Marican (foto), presidente da Sembcorp Marine. “Uma Sembcorp Marine ampliada está melhor posicionada para promover os interesses marítimos e de O&M de Cingapura e aumentar o potencial do setor como um motor de crescimento para a economia, proporcionando empregos e oportunidades de negócios, além de liderar a expansão do país para os mercados adjacentes de energias renováveis offshore e novas energias, em conjunto com a transição global para uma economia de baixo carbono”, acrescentou.
A operação entre Keppel e Sembcorp trouxe reflexos para os bastidores da indústria de óleo e gás do Brasil. O Petronotícias publicou uma entrevista com o consultor do mercado de óleo e gás Filipe Rizzo, que apontou uma série de problemas e incoerências no processo de contratação dos navios-plataformas (FPSOs) P-80, P-82 e P-83, da Petrobrás. Para entender o caso, é preciso voltar rapidamente no tempo. No dia 15 de agosto, a Petrobrás anunciou a assinatura do contrato com a Keppel Shipyard para construção da P-80, que será instalada no campo de Búzios. Nessa mesma licitação, a Petrobrás estava em negociações para a contratação de mais duas unidades para Búzios: a P-82 e a P-83.
O grande dilema é que apenas duas empresas fizeram propostas na concorrência: justamente a Keppel Shipyard e a Sembcorp Marine. Por isso, parte do mercado contestou a decisão da Petrobrás de conceder os contratos para as companhias, pelo fato de estarem em processo de fusão no exterior. A Associação Nacional de Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro), com apoio da Federação Única dos Petroleiros (FUP), chegou a protocolar uma representação junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) contra a Petrobrás. Ainda assim, a estatal negociou com a Sembcorp o segundo contrato, o da P-82. O edital previa ainda a contratação de uma terceira unidade, a P-83, que foi confirmada para a Keppel. A Petrobrás, por sua vez, negou qualquer irregularidade – leia o posicionamento da empresa neste link.
Deixe seu comentário