TENACE TEM FALÊNCIA DECRETADA PELA JUSTIÇA DA BAHIA

Não teve jeito. A notícia é desanimadora para empresários e trabalhadores, mas já era esperada pelo mercado: a Tenace teve a falência decretada. A decisão foi tomada pela 4ª Vara de Salvador (BA), indicando Marcos Mendonça como administrador judicial. Já faz quase um ano desde que a empresa de engenharia entrou com o pedido de falência, quando alegou que as razões vinham da dificuldade de relacionamento com a Petrobrás.

Na época, ela passava por um longo processo de discussão de aditivos em um grande contrato com a estatal, que a contratara para fazer a construção da Unidade de Gasolina e das Instalações de Recebimento e Expedição de Diesel do Pólo de Guamaré, no estado do Rio Grande do Norte. O valor global do contrato era de R$ 163 milhões, mas a Tenace afirmava ter tido muitos custos adicionais com as obras, não previstos no acordo e que a Petrobrás não reconhecia.

“A causa do prejuízo está relacionada com alterações significativas no escopo original do contrato, mudanças no projeto e nas sondagens do terreno, revelando presença de água e resistência do solo inferior aos dados fornecidos pela Petrobrás na licitação, obrigando modificações impactantes nas fundações dos tanques”, afirmou a empresa em novembro de 2012, em documento enviado ao mercado quando foi decidido pela diretoria que seria requerida a falência.

Em 2010, a empreiteira começou a ter dificuldades financeiras em função do contrato e tentou renegociar os valores com a Petrobrás, pedindo uma repactuação de preço no valor de R$ 72 milhões. A resposta da estatal foi o encerramento do contrato com zero de aditivo, transformando a discussão em “Transação Extra Judicial”, o que arrastou a negociação por quase dois anos. Ao final deste período, em junho de 2012, a estatal se dispôs a pagar R$ 22 milhões, mas a Tenace afirma que o valor estava muito aquém do que precisava. Mesmo assim, concordaram, mas dizem que só o fizeram por não encontrarem alternativas e pelo alto grau de endividamento com bancos.

Depois, tentaram vender a empresa, mas não havia compradores. Essa nova derrota a Tenace também coloca na conta da Petrobrás, afirmando que a suspensão de seu CRCC a impossibilitou de fechar novos contrato, afastando o interesse de investidores.

A companhia contava na época do pedido de falência com 25 contratos, somando R$ 800 milhões em carteira, dos quais mais de 90% eram com a Petrobrás. Fundada em 1986, a empreiteira, que chegou a receber o Prêmio Nacional QSMS Petrobrás Engenharia em 2011 (foto), empregava 3 mil funcionários. Muitos deles lamentam a situação e criticam a postura da Petrobrás, enquanto outros tantos afirmam que a diretoria da Tenace não teve capacidade de gestão para lidar com as dificuldades.

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