NOVA REPRESENTANTE DOS FUNCIONÁRIOS NO CONSELHO DA PETROBRÁS DEFENDE MUDANÇAS E CRITICA VENDA DE ATIVOS

Por Luigi Mazza (luigi@petronoticias.com.br) –

Betania CoutinhoO furacão que vem atingindo a Petrobrás há quase dois anos, com os impactos da Operação Lava-Jato e o desdobramento em prejuízos históricos, deixa hoje um rastro de mudanças na empresa. Além da adaptação de sua carteira de projetos, em meio a uma dura paralisação de muitas obras e atividades, a estatal atravessa um período de transformação em sua estrutura interna e o cenário aponta para mudanças concretas na gestão para os próximos anos. Um dos principais símbolos do atual momento de transição é a engenheira de petróleo Betânia Coutinho, que toma posse nesta semana como representante dos funcionários no Conselho de Administração (CA) da estatal, após ter sido eleita, em março, com uma maioria de cerca de 13 mil votos. Sem contar com apoio de entidades sindicais para sua candidatura, com um orçamento de apenas R$ 400, a chapa da nova conselheira deve traçar caminhos sem alinhamento direto às pautas de organizações como a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sinaliza mudanças na composição do Conselho. Junto a seu suplente Daniel Bonolo, Coutinho afirma que o principal objetivo de seu mandato será auxiliar a recuperação financeira da Petrobrás, mas também vem fazendo coro aos trabalhadores da companhia e já se posiciona de forma crítica ao programa de desinvestimentos tocado pela gestão de Aldemir Bendine. “Nenhum empregado é a favor de ações que levem a desmontar a empresa”, defende. “Por trás de cada ativo que está sendo proposto para desinvestimento, há milhares de funcionários que poderão ser impactados.”

Quais são as principais mudanças defendidas pela sua chapa?

Primeiramente, queremos utilizar nossa experiência de empregados de carreira para avaliar tecnicamente as pautas do Conselho de Administração, de forma a contribuir eficientemente para as decisões estratégicas da companhia. Nosso maior desejo é que a Petrobras possa restabelecer sua saúde financeira, podendo assim garantir sua sustentabilidade e contribuir para a manutenção de nossos empregos e do seu papel de grande propulsora da economia nacional. Além disso, pretendemos melhorar a comunicação entre o representante dos empregados no CA e os demais empregados, por vias corporativas.

O que acha que representa essa mudança no voto dos funcionários?

As pessoas estão se interessando mais, buscando participar mais ativamente das decisões da companhia que as impactam diretamente. Motivar essa maior participação foi nosso primeiro objetivo e estamos muito felizes com o resultado.

Como avalia o plano de desinvestimentos que vem sendo adotado pela empresa? A sua chapa defende uma tendência à privatização, como vem sendo feito?

Obviamente, a empresa tem que buscar diversas outras soluções antes de pensar em desinvestir. Nenhum empregado é a favor de ações que levem a desmontar a empresa. Além disso, toda política de gestão de portfólio tem que levar em consideração que, por trás de cada ativo que está sendo proposto para desinvestimento, há milhares de empregados que poderão ser impactados.

Como avalia os caminhos tomados hoje pela empresa, na gestão de Bendine?

A empresa passa por um momento delicado e entendemos que isso não deva ser vinculado a apenas uma gestão ou outra. O momento é de nos unirmos, olhando para o futuro e buscando o melhor para a nossa empresa.

Sem apoio dos sindicatos, como foi estruturada a sua campanha? O que bancou a eleição?

Contamos com a ajuda de colegas e amigos para divulgação da nossa chapa, no bom e velho processo “boca a boca”. Eu e Bonolo arcamos com os custos da nossa campanha, cujo total foi inferior a R$ 400,00.

Como pretende estabelecer diálogo com as demandas dos sindicalistas?

Estamos abertos ao diálogo com todos os empregados da Petrobras que estiverem dispostos a contribuir com ideias e propostas.

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