TENARIS INVESTE US$ 39 MILHÕES EM CENTRO DE PESQUISAS NO BRASIL

Por Rafael Godinho (rafael@petronoticias.com.br) – 

O quinto Centro de Pesquisas da Tenaris no mundo já está em construção no Parque Tecnológico do Fundão, no Rio de Janeiro, e deve ser inaugurado no primeiro semestre do ano que vem. Segundo Márcio Marques, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Tenaris no Brasil, esta é uma das iniciativas da companhia do grupo Techint frente às oportunidades do pré-sal. De acordo com executivo, o Centro de Pesquisas, já instalado no Japão, na Itália, na Argentina e no México, será responsável pelo desenvolvimento de conexões mais resistentes à alta pressão e vai realizar pesquisas nas áreas de solda e revestimento de tubulações. Aumentar a eficiência e a qualidade desses materiais permitirá à Petrobrás, de acordo com o executivo, realizar projetos mais ousados. O investimento tem o tamanho das oportunidades: ao final, o empreendimento terá demandado US$ 39 milhões.

De que forma o pré-sal influenciou os investimentos da Tenaris?

Uma das evidências de como o pré-sal impactou a Tenaris foi a decisão de criar o quinto Centro de Pesquisas global, que já está em construção aqui no Rio. Dentro dele, a gente vai desenvolver uma série de iniciativas relacionadas ao pré-sal. Um exemplo será a qualificação de conexões premium, para revestimento de poços. É a nossa linha de produtos de OCTG [Oil Country Tubular Goods]. Vamos qualificar conexões que estão sendo desenvolvidas para atuar em ambientes que demandem mais dessas conexões, ou seja, que resistam mais à pressão, à tração e à compressão. São elementos que empresas como a Petrobrás levam em conta quando vão fazer o projeto de um poço. O plano depende de quanto a conexão aguenta de tração ou de compressão.

Quando deve ficar pronto o novo Centro?

A obra civil deve terminar por volta de janeiro de 2014. Provavelmente entre o fim do primeiro trimestre e o término do segundo ocorrerá a inauguração. O início da construção foi em março de 2013.

Os esforços da Tenaris em relação ao pré-sal se concentram no Centro de Pesquisas?

Não, dentro da nossa planta em Pindamonhanga (SP) temos uma área de desenvolvimento de produtos. É algo mais de curto prazo, ao passo que o Centro de Pesquisas trabalha com negócios mais de longo prazo. Por exemplo, a gente trabalha com a Usiminas, que é um dos nossos fornecedores de aço para a parte de linepipe em ambientes agressivos, que são sour (amargos). Até pouco tempo não tínhamos um fornecedor brasileiro de aço para essa aplicação. Então a gente trabalhou junto à Usiminas para desenvolver um grau X65, que é o grau de aço hoje mais aplicado para projetos de linepipe em ambientes sour. A gente qualificou esse aço e, com ele, a gente produz os tubos na planta de Pindamonhangaba para transportar o petróleo e o gás produzidos no campo do pré-sal.

Precisamente o que seriam ambientes amargos?

Principalmente no ambiente do pré-sal, os reservatórios têm elevado teor de H2S, que produz um tipo agressivo de corrosão. Esse ambiente é denominado amargo, ou sour. Os produtos sour service são aqueles aprovados para transportar um óleo com gás que contenha H2S e que não sejam corroídos por essa substância.

Quanto está sendo investido no novo centro de pesquisas?

Incluindo a compra dos equipamentos, cerca de US$ 39 milhões. Além dessa unidade, temos centros de pesquisas na Argentina, no México, na Itália e no Japão. 

Além de toda a preparação do Centro para o pré-sal, a unidade terá também outros focos?

Esse centro vai desenvolver e pesquisar processos de solda também. A intenção é trabalhar junto às empresas que fazem, por exemplo, a instalação de dutos. Essas companhias compram os dutos da Petrobrás e fazem a solda para depois instalá-los no mar. A gente terá equipamentos para desenvolver e melhorar esses processos, além de conhecer, de forma mais profunda, o impacto que eles têm no nosso produto. A gente trabalha em parceria com essas empresas.

Outra linha é voltada ao estudo dos processos de solda de forma a dar apoio à nossa própria fábrica, a fim de ter melhorias, mais eficiência, aumentando a qualidade e reduzindo tempo. Enquanto a terceira parte do Centro tem a ver com pesquisas em revestimentos, já que nossos tubos são revestidos tanto internamente quanto externamente, seja para proteção contra corrosão, seja para ajudar no fluxo do petróleo.

Quais são os maiores clientes no país atualmente?

O nosso principal cliente aqui no Brasil é a Petrobrás, mas a gente trabalha também com outros. A BG, por exemplo, tem sido um parceiro com o qual a gente tem conversado bastante. Acho que todos os operadores que trabalham no Brasil são operadores com os quais a gente trabalha.

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