DIRETOR DA ABEGÁS RESSALTA IMPORTÂNCIA INTEGRAÇÃO DO GÁS COM BIOMETANO PARA REDUZIR EMISSÕES DO SETOR DE TRANSPORTE

img20240423103532582-768x473O diretor técnico-comercial da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), Marcelo Mendonça (foto), participou nesta semana de uma audiência pública na Câmara dos Deputados, realizada pela Comissão de Minas e Energia, para debater a importância do biometano no transporte. Durante o encontro, ele defendeu o Projeto de Lei 4861 de 2023, do deputado federal Hugo Leal (PSD-RJ). A proposta estabelece incentivos fiscais e tributários para os veículos pesados movidos a gás natural e biometano – gás renovável produzido a partir da purificação do biogás obtido da decomposição de resíduos orgânicos (lixo, esgoto) e agropecuários (principalmente bagaço de cana).

O projeto de lei também cria medidas para estimular a demanda de gás natural e de biometano em frotas veiculares. Estabelece ainda as diretrizes iniciais para implementação de corredores logísticos para veículos pesados movidos a gás natural e biometano. “Quanto mais nós utilizamos o gás natural para os veículos pesados, menos dependência nós vamos ter do diesel importado”, disse Leal. O parlamentar também aposta no uso do biocombustível no setor de transportes pesados. Atualmente, o Brasil conta com 20 unidades de produção de biogás, podendo chegar a 90 em 2029, na avaliação da Associação Brasileira do Biogás (Abiogás).

A integração entre o gás natural e biometano, de acordo com a Abegás, é o caminho para viabilizar a gradual redução de emissões. Ele explicou que o gás natural pode contribuir significativamente para a descarbonização da matriz de transportes, setor responsável por um terço do consumo de energia nacional.

gnvQuase metade dessa matriz de transportes (44%) tem o diesel como combustível. De acordo com a Abegás, caso o volume de diesel importado pelo País (23%) seja substituído por gás, o volume de consumo chegaria a 30 milhões de metros cúbicos por dia, o que corresponde a aproximadamente a quantidade de demanda atual da todo o segmento industrial brasileiro. Com essa substituição, segundo Mendonça, a redução da pegada de carbono em veículos pesados poderia totalizar 11,5 milhões de toneladas ao ano e o Brasil passaria a ser autossuficiente em diesel, gerando independência das importações, o que também contribuiria para o alívio nas contas da balança comercial brasileira.

Segundo dados da Abegás, o Brasil conta com GNV em 1700 postos de combustíveis, dos quais 45 nas principais rodovias, o que é um sinal para a integração e a construção dos chamados corredores sustentáveis – vias rodoviárias que contem com postos bem distribuídos entre as cidades e com infraestrutura apta a abastecer rapidamente veículos pesados. A expectativa da Abegás é que o Brasil conte, ainda este ano, com 92 postos, formando um corredor da região Nordeste ao Sul do país.

Para acelerar essa agenda, a Abegás defendeu na audiência uma série de políticas governamentais em nível federal e estadual, incluindo a isenção e a redução de impostos para veículos pesados e equipamentos, além de linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Esse desenvolvimento do mercado vem acontecendo, disse Mendonça. “Porém, se a gente quiser dar uma velocidade maior nessa implementação, a gente precisa acelerar através de linha de financiamentos específica”, concluiu.

No Brasil, a adoção do gás natural veicular (GNV) começou com veículos leves. São cerca de 2,6 milhões de veículos em circulação, segundo dados apresentados por Celso Mattos (presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios, o Sindirepa). O GNV é um combustível popular devido ao custo reduzido na comparação com outros combustíveis líquidos – um dos motivos que consolidou o GNV há pelo menos 20 anos no Estado do Rio de Janeiro, com 1,7 milhão de veículos convertidos, de acordo com informação do deputado federal Hugo Leal durante a audiência.

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