INDÚSTRIA DE ENERGIAS RENOVÁVEIS BUSCA CAMINHOS PARA SUPERAR DIFICULDADES DE TRANSMISSÃO E FINANCIAMENTO

Por Luigi Mazza (luigi@petronoticias.com.br) –

evento fgvO mercado brasileiro de energia renováveis é um dos mais atrativos do mundo para novos investimentos, mas ainda enfrenta desafios para crescer de forma ampla dentro de um modelo economicamente viável. As atuais dificuldades com projetos de transmissão e a redução no ritmo dos financiamentos constituem hoje as principais barreiras à expansão do setor, que busca novos modelos para se desenvolver plenamente. É esta a visão convergente de representantes da indústria que debateram, nesta segunda-feira (7), as perspectivas do mercado energético nacional em evento de lançamento do Caderno de Energias Renováveis da FGV Energia.

A atratividade dos projetos de transmissão energética influi diretamente o crescimento das fontes renováveis no país. A construção de novas linhas por meio de licitações do governo, no entanto, não vem captando interesse de investidores. No último mês, o leilão de projetos de transmissão da Aneel terminou com apenas quatro lotes arrematados em um total de 12.

“Estamos pagando caro”, afirmou em sua apresentação a presidente da ABEEólica, Élbia Gannoum. Segunda a empresária, a indústria precisa formular novos modelos para fomentar o investimento e superar os impactos estruturais causadas pelo número reduzido de projetos. “Temos que repensar a transmissão no Brasil”, concluiu a executiva.

Além disso, o mercado de energias renováveis lida hoje uma maior dificuldade na obtenção de financiamentos, sintoma sentido em diversas cadeias da economia brasileira. A questão foi uma das pautas centrais para o debate, que contou também com a presença do Secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura; do diretor da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Amilcar Guerreiro; da presidente da consultora Engenho, Leontina Pinto; do vice-presidente de Infraestrutura de energia do Santander, Edson Ogawa; e do diretor da Queiroz Galvão Energia, Luciano Freire.

Para Freire, o momento exige a criação de mecanismos alternativos para o subsídio de projetos energéticos. “Nosso modelo de financiamento está esgotado”, afirmou o executivo, ressaltando a necessidade de mudar o atual sistema calcado no BNDES, que reduziu em larga escala a liberação de novos fundos.

De acordo com Ogawa, no entanto, o setor continua prioritário em projetos de financiamento e ainda atrai o investimento de instituições. A redução no ritmo do BNDES não se deve à falta de recursos, mas à demora na concretização dos projetos. À frente de empreendimentos energéticos do Santander, o executivo afirma que este ano trouxe recorde de operações fechadas junto ao BNDES.

O banco privado vem colocando em prática, ao longo deste ano, investimentos firmados durante o biênio 2014-2015, o que causa atrasos no acolhimento de novos projetos. “É preciso dar vazão”, explicou Ogawa. No total, a empresa já financiou projetos somados em 11,5 GW no mundo todo, sendo 4,5 GW apenas no Brasil.

A atuação do BNDES, por sua vez, apesar dos bons números, não constitui um modelo sustentável a longo prazo, na visão do executivo. A necessidade de recorrer diversas vezes ao Tesouro Nacional revela dificuldades na manutenção do sistema de financiamentos.

O crescimento das energias renováveis na matriz brasileira deve se manter firme a longo prazo, e novos planejamentos se fazem necessários. Segundo o secretário Altino Ventura, a tendência para os próximos dez anos é de uma expansão energética baseada nas fontes complementares, com a consolidação da geração fotovoltaica. Ao mesmo tempo, o governo prevê estabilidade na expansão hidrelétrica e uma queda acentuada na participação do gás natural no mercado nacional.

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