NOVOS MODELOS DE FINANCIAMENTO SÃO CRIADOS PARA ACOMPANHAR EXPANSÃO MUNDIAL DE GERAÇÃO NUCLEAR

nuclear japA energia nuclear vem se colocando como uma opção cada vez mais comum para países de todo o mundo. Entre as razões principais para o aumento da fonte estão as mudanças climáticas, que forçam o setor energético a buscar saídas com baixa ou nenhuma emissão de carbono no meio ambiente. Ao longo dos anos, a tecnologia nuclear se desenvolveu e as maneiras para que um país instale uma usina também passaram por um processo de evolução.

Historicamente, as usinas nucleares eram bancadas por governos locais, até mesmo por uma questão de segurança nacional quanto ao manuseio de material radioativo. Os primeiros países a se destacarem na opção pelas nucleares foram França, Estados Unidos, Rússia e Reino Unido, com o sistema de investimento nacional em um ativo para o país. Os modelos foram sendo revistos e o Reino Unido passou a privatizar suas plantas, enquanto Eslovênia e Croácia, por exemplo, optaram por concessões, mantendo os empreendimentos como ativos nacionais.

Uma mudança ainda maior se colocou nos últimos anos, com governos estrangeiros assumindo financiamentos em um ambiente de cooperação  internacional. O movimento é capitaneado principalmente pela Rússia e China, oferecendo soluções completas para o desenvolvimento de projetos nucleares em outros países.

Nestes regimes, o país oferecendo a solução tecnológica completa e reúne um consórcio para entregar o projeto juntamente com o financiamento de seu governo, através de agências de exportação e bancos de desenvolvimento locais. A estratégia é usada para fortalecer a indústria nuclear desses países e expandir sua participação no mercado internacional.

Na briga por esses projetos, seis modelos para implantação de novas usinas vêm se desenhando, além do tradicional financiamento estatal do país. A primeira delas é a de investimento privado  da desenvolvedora de tecnologia, no entanto, os custos para uma usina nuclear com dois ou três reatores giram em torno de, pelo menos, US$ 20bilhões, o que acaba pesando muito na receita e faz com que somente os maiores players do mercado possam conduzir operações desse tipo.  Uma opção próxima é de financiamento parcial por parte dessas empresas, com a garantia de que sua tecnologia será utilizada na usina a ser construída. O objetivo é entrar no negócio e sair o mais rápido possível, por isso essa opção só é feita com projetos vistos com grande possibilidade de sucesso.

O papel de governos também vem crescendo nesse novo cenário, com duas opções distintas. Numa delas há uma política em curso, com busca de valorização da cadeia nuclear através de financiamentos através de bancos agências de exportação de crédito e alguns projetos têm conseguido um sonhado financiamento total de novas usinas. Outra maneira de influência do governo é através de mecanismos de suporte estatal, em vários níveis, como suporte de dívida do projeto ou de contratos de compra de longo prazo estabelecidos, ou uma combinação de ambos. A definição do modelo se dá através de uma série de fatores, como rating de crédito, reservas financeiras, mercado da eletricidade, regime de transmissão e direitos e obrigações dos geradores.

Há ainda o modelo finlandês de Mankala, que vem sendo amplamente utilizado no país, onde se cria uma espécie de financiamento coletivo, com participações definidas na usina a ser construída. Os proprietários são responsáveis pela compra da energia gerada em uma proporção igual ao investimento feito, a preço de custo. O destino da eletricidade pode ser para uso próprio ou venda no mercado. O principal entrave para um maior aproveitamento desse tipo de construção são as leis internas de cada país sobre o setor nuclear, mas um movimento regulatório nesse sentido vem sendo visto em todo o mundo.  O modelo francês de Exceltium se assemelha em alguns pontos com o finlandês, mas é formado por dois tipos de financiadores: bancos e grupos de empresários, com prazos para retorno do investimento distintos. As empresas participantes de comprometem a adquirir a energia em um mix de de preços fixos e variáveis, podendo usar ou vender a energia gerada na planta.

O Brasil também se vê em busca de soluções de financiamento, mas para uma usina já iniciada muitos anos atrás. Angra 3 ainda segue sem uma definição, mas parece que a solução para os problemas virão do exterior. As opções são investimento solitário da estatal chinesa CNNC, ou de um consórcio dos chineses com a francesa EDF, ou ainda com a participação dos russos da Rosatom. Essas empresas vêm brigando por uma fatia do mercado nuclear brasileiro, que aponta para a criação de mais quatro usinas até 2030 e outras oito até 2050.

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