PETROBRÁS E ELETRONUCLEAR AVALIAM QUE PRESENÇA FEMININA AUMENTA A DIVERSIDADE E TRAZ GANHOS OPERACIONAIS E FINANCEIROS PARA AS EMPRESAS

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) – 

Lilian Sonchin (à esquerda), da Petrobrás, e Heloísa Serra da Silva, da Eletronuclear, falam sobre a participação feminina na indústria de energia

Lilian Sonchin (à esquerda), da Petrobrás, e Heloísa Serra da Silva, da Eletronuclear, falam sobre a participação feminina na indústria de energia

O noticiário da manhã de hoje (8) do Petronotícias não poderia começar de outra forma. Neste Dia Internacional da Mulher, vamos começar jogando holofotes sobre a participação feminina na indústria de energia do Brasil. De fato, houve avanços significativos nos últimos anos e as mulheres estão ganhando cada vez mais espaço no setor. Contudo, ainda existe um caminho a ser percorrido para alcançar uma igualdade em relação aos homens, tanto em termos salariais quanto na ocupação de cargos de lideranças. Para discutir essas e outras questões inerentes ao tema, o Petronotícias convidou lideranças femininas de quatro importantes empresas para compartilharem conosco as suas percepções sobre a participação da mulher nos setores de óleo, gás e energia. Nesta primeira reportagem, vamos ouvir a gerente executiva de Recursos Humanos da Petrobrás, Lilian Soncin, e a assistente da presidência da Eletronuclear, Heloísa Serra da Silva. As duas executivas enxergam que já houve evolução nos últimos anos, mas acreditam que é preciso que novas medidas devem ser adotadas para que as jovens mulheres, ainda na fase escolar, tenham acesso às informações sobre as carreiras ligadas à Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Lilian e Heloísa lembram também que companhias que prezam pela diversidade e contratam mais mulheres para as equipes executivas alcançam melhores resultados em termos operacionais e financeiros. Ainda na manhã de hoje, o Petronotícias publicará uma segunda reportagem especial sobre o Dia Internacional da Mulher, com entrevistas com Danielle Santos Hirama, da Siemens Energy, e Helena Ramos, da Ocyan.

Vamos começar agora com as opiniões da gerente executiva de Recursos Humanos da Petrobrás, Lilian Soncin:

Como você enxerga a evolução da presença das mulheres nos setores de óleo, gás e energia?

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Petrobrás afirma que tem realizado iniciativas para alavancar a diversidade em seu quadro funcional – foto: Agência Petrobras

As carreiras ligadas à Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (conhecidas como carreiras STEM, da sigla em inglês), são tradicionalmente mais ocupadas por homens, como resultado de um processo histórico e cultural. Esse é o contexto da indústria de energia. A presença de mulheres tem crescido nos últimos anos, mas é preciso acelerar esse movimento, mostrando que as mulheres podem ocupar o lugar que elas desejarem.

Inovação é um dos cinco valores da Petrobras e sabemos que empresas mais diversas são também mais saudáveis, criativas e inovadoras na solução de problemas complexos. Nesse sentido, a Petrobras tem desenvolvido várias iniciativas para alavancar a diversidade, incluindo um trabalho de aproximação com instituições de ensino, com o objetivo de atrair talentos diversos para nossos processos seletivos. Temos feito um esforço específico de comunicação, como também ações de relacionamento para mostrar aos grupos historicamente subrepresentados – em especial as mulheres – que a Petrobras é um ótimo lugar para se trabalhar.

O que ainda precisa ser feito para que mais mulheres participem desse mercado?

Precisamos de uma mudança principalmente cultural. As próprias mulheres precisam ver que esses espaços também podem ser ocupados por elas. Da nossa parte, precisamos dar cada vez mais visibilidade ao que a Petrobras tem para oferecer às mulheres, passando por licença maternidade ampliada; redução da jornada para mulheres lactantes; modelo de trabalho híbrido para quem atua em regime administrativo; possibilidade de jornada reduzida; salas de amamentação; mentorias femininas e outros programas para acelerar o desenvolvimento na carreira; definição de metas para aumentar o percentual de mulheres em liderança; entre outras iniciativas. Também trabalhamos intensamente para fortalecer a cultura inclusiva. Todos os nossos programas de desenvolvimento de liderança (desde novas lideranças até nível executivo) têm um módulo para tratar de diversidade, equidade e inclusão. Da mesma forma, a força de trabalho conta com uma série de eventos, palestras, treinamentos, rodas de conversa e conteúdos para fomentar a discussão.

Como a empresa tem atuado para aumentar a participação das mulheres no setor?

Temos iniciativas em parceria com o IBP, com destaque para ações de comunicação e um programa de mentoria. Também desenvolvemos uma frente interna de Marca Empregadora, que tem como um dos focos atrair mulheres para que façam nossos processos seletivos públicos. Com isso, buscamos dar visibilidade externa aos compromissos e ações da Petrobras, de forma que as mulheres se interessem cada vez mais pela empresa.

Agora, vamos à entrevista com a assistente da Presidência da Eletronuclear, Heloísa Serra da Silva: 

Como você enxerga a evolução da presença das mulheres nos setores de óleo, gás e energia?

Entrevistas afirmam que incentivo às meninas em fase escolar pode aumentar participação feminina na indústria da energia

Entrevistadas afirmam que incentivo às meninas em fase escolar pode aumentar participação feminina na indústria da energia – foto: Freepik

A representatividade é condição sine qua non para que as próximas gerações de profissionais vivenciem um ambiente de trabalho com igualdade de gênero.

Ao longo da minha história no mundo corporativo, posso perceber que o cenário está melhor que há 5, 10 anos atrás, mas ainda a participação das mulheres nesses setores é tímida, refletindo a realidade da presença feminina nas faculdades de ciências exatas e tecnologia.

Empresas com diversidade nas equipes executivas têm probabilidade 27% maior de criar valor a longo prazo e quase sempre estão positivamente correlacionadas com maior lucratividade em todas as regiões.

As empresas estão começando a despertar para essas evidências, promovendo um esforço em trazer a presença feminina nos níveis executivos e de conselho, uma vez que afetam positivamente os resultados financeiros das companhias.

O que ainda precisa ser feito para que mais mulheres participem desse mercado?

Inicialmente, acredito, que devemos ter o compromisso de viabilizar o acesso à informação das meninas, ainda em idade escolar, ao conhecimento ciêntifico. Criar um ambiente de possibilidades que extrapole o campo das ciências humanas, tornando todas as disciplinas possíveis e acessíveis. Referente ao processo para que as profissionais alcancem os altos cargos do setor, é necessária a promoção de políticas afirmativas já no processo de admissão nas empresas, e o compromisso no desenvolvimento profissional contínuo, sem contudo negligenciar a interseccionalidade de mulheres por raça e etnia também.

Como a empresa tem atuado para aumentar a participação das mulheres no setor?

Através do Comitê de Gênero, Raça e Diversidade, tendo como objetivo precípuo o compromisso na promoção da diversidade na Eletronuclear, podemos destacar algumas ações no que diz respeito a equidade de gênero no setor, como: a implementação da política de combate ao assédio, campanhas contra o preconceito em todas as suas formas de discriminação, incentivo à participação de mulheres em programas específicos para o desenvolvimento profissional, além de promovermos a desconstrução da identidade de gênero para as carreiras do setor nuclear com palestras em escolas no entorno da CNAAA [Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto].

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