POLÍCIA FEDERAL CALCULA PREJUÍZO DE R$ 1,9 BILHÃO PARA PETROBRÁS EM CONTRATOS COM ANDRADE GUTIERREZ

Otávio AzevedoO poço de prejuízos da Petrobrás parece não ter fundo, e as investigações da Operação Lava-Jato seguem revelando novas perdas. Um laudo da Polícia Federal indica que a estatal pode ter sofrido com prejuízo de R$ 1,9 bilhão em quatro contratos vencidos Andrade Gutierrez, que integrava o clube de empreiteiras atuante no esquema de cartel e corrupção na empresa. Segundo os investigadores, há indícios de que houve superfaturamento nas licitações, que levaram ao fechamento de acordos, entre 2006 e 2009, referentes à construção das refinarias Replan, Regap, Rlam e Comperj.

O laudo, anexado nesta semana ao inquérito que investiga a empreiteira na Lava-Jato, aponta que houve ação do cartel em contratos fechados tanto por meio de consórcios quanto individualmente. A análise dos crimes foi feita com base em testes estatísticos, que compararam licitações teoricamente normais com aquelas suspeitas de fraude. Segundo o documento, os resultados apontam que as empresas se comportavam de formas distintas em licitações controladas, mantendo uma média de custos 36% mais alta do que a apresentada pela estatal. Em geral, o valor não superava os 8%.

Os contratos identificados com fraudes somam um total de R$ 4,76 bilhões, e são referentes às obras do On-Site da Carteira de Gasolina da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais; do On-Site da Carteira de Diesel da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia; do Off-Site da Carteira de Gasolina da Refinaria de Paulínia (Replan); e do fornecimento de bens e prestação de serviços no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

De acordo com os peritos, o cálculo envolve apenas o prejuízo direto, que decorre da apresentação de propostas com preços aumentados de forma artificial. As perdas indiretas ou residuas são difíceis de aferir, segundo a PF, que também não incluiu aditivos de contratos na conta.

No âmbito da Lava-Jato, a revelação agrava ainda mais o cenário da Andrade Gutierrez, que no início do mês recebeu a homologação da delação premiada de seu ex-presidente, Otávio Azevedo (foto), e do ex-executivo da companhia, Flávio Barra. Sob regime de prisão domiciliar, os dois confirmaram em seus depoimentos o pagamento de propina em contratos com o governo. Segundo Azevedo, a empresa pagava propinas em uma média de 1% no valor das licitações.

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