SBGF PEDE RECONHECIMENTO DA GEOFÍSICA NO BRASIL E DEFENDE PROCESSOS DE LICENCIAMENTO MAIS SIMPLES

Por Luigi Mazza (luigi@petronoticias.com.br) –

Francisco AquinoFundada há mais de 35 anos, a Sociedade Brasileira de Geofísica continua a exercer papel de integração entre a indústria de petróleo e os centros acadêmicos brasileiros, responsáveis pelos estudos que permitem a realização de projetos de exploração de reservas no país. A instituição hoje agrega cerca de 4 mil membros, e mantém como foco a ampliação da formação de profissionais para o setor. Embora o segmento continue a crescer, segundo o presidente da SBGF, Francisco Aquino, ainda existem dificuldades, como o não reconhecimento legal da profissão de geofísico e a atual crise da Petrobrás. O investimento em pesquisa tem sido afetado, gerando excedente de profissionais no mercado. Ele diz que sua gestão, que terá fim em agosto deste ano, buscou dar uma maior visibilidade ao setor, e aponta ainda para melhorias estruturais que podem ser feitas pelo governo no que diz respeito ao licenciamento para explorações. As atividades de petróleo e de geofísica envolvem risco, então quanto mais demorados e complexos forem os processos de licenciamento, mais difícil será a atração de investidores”, afirma.

Qual é o atual cenário para os engenheiros de petróleo no Brasil?

O cenário hoje no Brasil, assim como no mundo, não é favorável. Com a queda no preço do barril de petróleo, todas as empresas estão repensando seus investimentos; consequentemente, na área de pesquisa você tem uma diminuição no ritmo.

Como esses investimentos em pesquisa têm sido afetados pela crise do setor?

A geofísica é uma das primeiras atividades a ser realizada para a exploração de petróleo, e é uma ferramenta importante na indústria, tanto para explorar quanto para desenvolver acumulações e otimizar a extração. Hoje os levantamentos são menores que há alguns anos, já que, agravando o cenário internacional, temos hoje no país a questão financeira da Petrobrás. Isso aponta para uma redução de investimentos ainda maior no Brasil.

O país ainda carece da formação de geofísicos?

O Brasil tem sete faculdades formando profissionais em Geofísica. Nós temos uma mão de obra bastante grande, com um nível muito bom de formação. A demanda neste momento está contingenciada, então temos profissionais excedentes no setor. Isso pode, é claro, mudar com a melhoria do cenário. Mas ainda temos problemas conjunturais. Não existe, em termos legais, a profissão geofísica, o que traz empecilhos ao setor. Isso impede a participação desses trabalhadores em determinados concursos e estudos, e resulta em vários outros problemas. Há um projeto da Jandira Feghali, criado em 2005, que busca reconhecer a profissão e está atualmente sendo encaminhado no Senado.

Como a SBGF tem estimulado a especialização nessa área?

A SBGF tem vários programas de apoio às universidades. Lançamos recentemente o programa de Educação Continuada, que é um curso de curta duração para profissionais graduados, permitindo especializações. E nós apoiamos a divulgação dessa ciência, realizando semanas acadêmicas para aproximar os estudantes dos profissionais da indústria, além de realizarmos exposições com experimentos para alunos do segundo grau. Em agosto teremos o nosso congresso, onde buscamos atrair também o interesse do público geral.

Qual o senhor diria ser o legado de sua gestão? O que mudou nesses anos?

Eu diria que o nosso principal legado foi dar continuidade ao trabalho que vem sendo realizado há quase uma década, por meio de várias diretorias. Nosso foco foi a ampliação do alcance dos projetos da SBGF, criando parcerias com entidades internacionais para a promoção de eventos técnicos e seminários voltados para o setor. Neste ano, conseguimos a realização do programa de Educação Continuada, o que vínhamos tentando há muitos anos. Já foi realizado o primeiro curso, e o segundo deve ocorrer no final de outubro.

Que desafios a indústria do petróleo deverá enfrentar nos próximos anos?

Existe hoje um desafio mundial no mercado do setor, uma coisa que acontece ciclicamente. Mas temos desafios internos no Brasil. Entre eles, a falta de uma periodicidade para nossos leilões de áreas para exploração, o que prejudica o planejamento. Esses períodos de atraso, sem leilões a serem realizados, afetam a indústria de petróleo no país porque dificultam o investimento de risco. Há também a questão do licenciamento ambiental, que precisa ser aprimorado para poder acompanhar o ritmo do desenvolvimento nacional. Esse é um problema que causa alguns entraves no ritmo de investimentos. As atividades de petróleo e de geofísica envolvem risco, então quanto mais demorados e complexos forem os processos de licenciamento, mais difícil será a atração de investidores.

Existe perspectiva de mudança atualmente?

A SBGF promove em seus congressos o debate acerca das dificuldades do setor, para que os órgãos reguladores possam entender os problemas vividos pelas empresas. Não é que o sistema não funcione; é que pode ser aperfeiçoado, reduzindo os riscos para a indústria. Acredito que podemos evoluir, e acho que a curto prazo poderemos melhorar isso.

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